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ABCS tem boa expectativa para a carne suína até 2023

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Presidente da entidade diz que é o momento de o criador investir com responsabilidade; colher os frutos dos recordes nas exportações, mas apostar no mercado interno, já que a China deve recuperar sua produção e reduzir as importações

As exportações de carne suína estão batendo recorde mês a mês em 2020, tanto em volume embarcado como no valor arrecadado. Esse desempenho vai se sustentar? A rentabilidade do produtor vai permanecer com saldo positivo? O programa Direto ao Ponto deste domingo, 15, abordou esses temas com o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes. O dirigente falou sobre o cenário atual e as perspectivas para o setor nos próximos anos.

Na sua avaliação, o principal comprador da carne suína brasileira deve ainda manter um movimento de alta nas importações. “Ano que vem e, acredito que até 2023, a gente deve ter uma boa expectativa com a China”, afirmou Lopes.

A projeção do setor é fechar este ano entre 900 mil e 950 mil toneladas de exportação, mais de metade com destino ao país asiático. De janeiro a outubro, já foram embarcadas, ao todo, 752,67 mil toneladas da proteína, alta de 41% em relação ao mesmo período de 2019. Em valor, o crescimento foi ainda mais expressivo se comparado aos 10 meses do ano passado: 49%, atingindo US$ 1,75 bilhão.

Cenário incomum

Marcelo Lopes contou que o setor vive um cenário incomum, no qual existe rentabilidade tanto do criador de suíno como do produtor de grãos. “O ideal dessa situação é o equilíbrio. Coisa que nunca conseguimos e estamos conseguindo porque ainda existe uma potência mundial que é China e está fazendo esse contrapeso”, ponderou. Segundo ele, o preço do suíno teve alta de 40% a 50%.

Ele, esclareceu, porém, que os chineses já estão investindo na tecnificação da produção de suínos para recuperar o rebanho perdido durante o surto de peste suína africana. Com isso, as importações da carne devem cair, mas as de grãos devem seguir a tendência de alta. Lopes informou que a China entrou 2020 com um déficit de 20 milhões de toneladas de carne suína.

“Não só o Brasil, mas o mundo inteiro está beneficiando da situação”, disse. No entanto, é um cenário que não deve perdurar por vários anos.

Rentabilidade

Para manter a rentabilidade do produtor diante desse cenário, o presidente da ABCS declarou que o setor está atuando em duas frentes. Uma delas é junto ao governo para lançar mão de instrumentos que equilibrem a questão dos custos dos insumos.

“Já liberaram as importações. Você tem a questão do drawback que é a liberação de PIS e Cofins para as empresas que fazem a exportação. Então, a gente está pretendendo abrir isso para outros produtores que possam trabalhar com exportação”, disse. No caso das importações, Lopes se referiu a suspensão da Tarifa Externa Comum (TEC) para soja e milho provenientes de países de fora do Mercosul. A decisão foi tomada mês passado pela Câmara de Comércio Exterior (Camex).

Consumo interno

Outra providência, completou Marcelo Lopes, é a busca pelo aumento do consumo do mercado interno. Hoje, quase 80% da produção de carne suína já é destinada a população brasileira. Contudo, o consumo per capita do brasileiro, de 16 kg/ano, ainda é muito baixo se comparados a outros países também produtores como Estados Unidos, com 30 a 40 kg per capita/ano; Europa, com nações que chegam 60 kg per capita ano; e China, com 25 kg a 30 kg per capita/ano, pontuou Lopes.

“Tem muita coisa para crescer. Se nós conseguirmos aumentar substancialmente o consumo per capita, não há preocupação. A gente consegue, mesmo com a diminuição da exportação, atender o mercado interno”, argumentou.

O dirigente da ABCS revelou que o auxílio-emergencial do governo tem tido um impacto importante na cadeia de suínos. O trabalho da entidade, diz, é divulgar mais o produto para que esse aumento no consumo interno seja mais expressivo. Ele mencionou que o preço do suíno é bastante competitivo, se comparado ao da carne bovina e o país tem uma carne de qualidade para ofertar ao brasileiro.

Para o criador, Lopes deixou o seguinte recado: “É um momento de investir com responsabilidade em tecnologia, sanidade, se preocupar com a biossegurança. O país precisa se proteger dessas doenças que estão acometendo não só a Ásia como a Europa”, finalizou.

Imagem: Divulgação

Fonte: Canal Rural

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