Nayara Pereira
Nesta semana, a Universidade Federal de Goiás (UFG), promove debates sobre os desafios e perspectivas do setor ambiental em Goiás, no 2° Congresso Florestal no Cerrado e 4° Simpósio sobre Eucaliptocultura. O evento, que teve início na última quarta-feira (10) e se estende até o dia 12 de junho, na capital, contou com representantes do setor no estado, estudantes e profissionais envolvidos em novos caminhos para o desenvolvimento da área na região.
Mesmo com os avanços tecnológicos, o consumidor pode não perceber, mas os cuidados na produção industrial ambientalmente correta começam, para alguns setores tradicionais da economia de Goiás, no fornecimento das chamadas commodities - produtos agrícolas e minerais - cotados no mercado internacional. Os fabricantes responsáveis pela transformação desses bens em produtos finais oferecidos no varejo apertaram as exigências sobre os fornecedores para o uso dos recursos naturais, o que tem impacto direto na competição entre eles.
Investimentos que eram avaliados sob o ponto de vista dos ganhos ambientais hoje fazem parte das estratégias para aumentar a eficiência dos processos produtivos de áreas plantadas, o que é apresentado e discutido no congresso entre os participantes e defendido pela consultora do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), Jordana Sara, que na abertura do evento representou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner.
Segundo a consultora, o trabalho de monitoramento e acompanhamento das áreas plantadas é fundamental para manter um diagnóstico preciso do crescimento do setor de forma ordenada. “Não basta apenas incentivar o plantio da floresta sem pensar no uso final, a cadeia produtiva deve ser pensada como um todo”. As pesquisas, de acordo com ela, precisam ser com base em todos os processos que envolvem a cadeia até chegar de forma correta ao produtor rural.
Por esse motivo, o cultivo de florestas comerciais e de recomposição da natureza em áreas do bioma Cerrado é considerado uma ação ostensiva e decisiva, na tentativa de reverter os passivos ambientais e para fornecer produtos florestais madeireiros e não madeireiros de forma sustentável. “O fornecimento de matéria-prima sustentável, a partir de florestas plantadas, é fundamental para evitar que a demanda por esses produtos sejam supridos a partir do extrativismo e da exploração da vegetação nativa”, defende o organizador do congresso, o professor Evandro Novaes.
Florestas plantadas em Goiás
O estado possui 140 mil hectares de áreas plantadas, em sua grande maioria por eucaliptos. “O setor de florestas plantadas é de vital importância para a economia e desenvolvimento do Centro-Oeste”, afirmou a economista e gestora em sustentabilidade da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), Beatriz Miliet, em palestra durante o congresso.
Isso significa a recuperação de áreas degradadas de um Estado que possui mais de 30% de seu território ocupado por pastagens. “A área de florestas plantadas vem se expandindo continuamente”. Para atender às exigências ambientais do país e agradar ao público externo, as empresas adotam práticas diferentes de outras culturas agrícolas.
Novos olhares para o setor
No ano passado, a presidente Dilma Rousseff assinou um decreto que estabeleceu a criação do Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas (PNDF). O documento vale por 10 anos e será atualizado periodicamente na realização de diagnósticos para verificar a situação do setor de florestas plantadas e também estabelecer metas de produção florestal e ações para seu alcance.
O setor de florestas plantadas responde pelo abastecimento de 75% do consumo de produtos florestais, a partir de uma base de plantios de somente sete milhões de hectares, que correspondem a menos de 1% da área do território nacional. “O setor está relacionado a importantes cadeias produtivas da economia, como construção civil, siderurgia a carvão vegetal, celulose e papel, movelaria e energia”, explica Beatriz Miliet.
Serviço
Evento: 2° Congresso Florestal no Cerrado e 4° Simpósio sobre Eucaliptocultura.
Quando: de 10 a 12 de junho
Local: centro de convenções de Goiânia
Entrada gratuita