Nayara Pereira com informações do MAPA
O volume de crédito rural, observado com cautela pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), esteve em pauta, na última terça-feira (25), durante encontro entre o presidente da entidade, José Mário Schreiner, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Kátia Abreu, representantes do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ministério da Fazenda, associações representativas dos bancos e de vários segmentos da agricultura. Na ocasião, foram discutidas soluções em relação ao acesso do crédito agrícola. A reunião ocorreu na sede do Mapa, em Brasília.
Segundo Schreiner, a grande preocupação das entidades é em relação ao endurecimento das regras para a liberação dos recursos e outras práticas denunciadas às associações e Sindicatos Rurais de todo o Brasil, como venda casada, “mix” de taxas e outras. “Apesar de todo nosso empenho, ainda falta muito o que fazer. Esse foi um grande passo e ao tudo indica o governo está de olho para acabar com esse excesso de burocracia que impera no país e que, muitas vezes, impede os pequenos produtores de acessar o crédito, dando a ele a possibilidade de se planejar e receber a assistência técnica tão necessária e importante para o sucesso de sua atividade”, ressalta.
Segundo o presidente, o volume de crédito agrícola contratado em julho de 2015, chegou à R$ 11,596 bilhões, 30% superior ao mesmo mês do ano passado, quando o total financiado foi de R$ 8,886 bilhões. “Agora o principal objetivo é que esse volume chegue em tempo hábil as mãos dos produtores rurais”. Schreiner, destaca também o apoio da Federação as dificuldades encontradas pelos produtores em adquirirem o crédito. “Estaremos sempre de portas abertas. Digo e repito, produtores, procurem o Sindicato Rural (SR) de sua cidade e nós para melhor orienta-los”.
Crédito
Em julho de 2014, o total financiado a juros controlados foi de R$ 8,886 bilhões (incluindo recursos obrigatórios, poupança rural e fundos constitucionais). Já no mês passado, esse valor saltou para R$ 11,596 bilhões, aumento de 30%. A fonte dos dados é o sistema de monitoramento do Banco Central (Sicor) e leva em conta custeio e comercialização, incluindo grandes, médios e pequenos produtores (Pronamp e Pronaf).
Em relação ao primeiro semestre, que leva em conta parte da safra atual e da anterior, houve queda de 7% de 2014 para 2015, passando de R$ 52,4 bilhões para R$ 48,7 bilhões. “Mas o mês de julho é o mês genuinamente da nova safra de 2015/2016, que foi onde encontramos aumento. Isso traz uma certa tranquilidade porque estamos em ascendência”, afirmou Kátia Abreu. O aumento de 30% no volume financiado neste mês em relação ao ano passado se deve, em parte, à menor disponibilidade do pré-custeio no primeiro semestre.
Convocação
A reunião entre produtores e bancos foi convocada pela ministra após entidades agrícolas alegarem dificuldade na hora de tomar o empréstimo nas agências bancárias. “Quando uma luz amarela acende, temos obrigação de chamar os atores e ouvir todos os envolvidos, porque o mais difícil nós temos, que é o dinheiro e encontrar quem quer correr risco, que são os produtores. Então, este meio de campo tem que ser desembolado”, disse ministra.
Entre as reclamações apresentadas pelos produtores, está o aumento das exigências dos bancos na hora de contratar financiamento, inclusive com garantia real. Além disso, há queixas sobre venda casada e sobre “mix” de taxas, quando há mistura entre recursos controlados e crédito livre.
A ministra marcou para daqui um mês nova reunião a fim de avaliar a evolução das contratações. “Tenho certeza que a realidade em agosto estará melhor”, disse. “Apesar do preço das commodities terem caído, estamos vendendo nossos produtos, abrindo nossos mercados”.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Tarcísio José Massote de Godoy, afirmou que a agropecuária “só tem trazido alegrias” para a economia brasileira e que o governo federal tem considerado o bom desempenho do setor na hora de dotar recursos.
“Prova disso é que, apesar da situação rigorosa das contas públicas, a presidente Dilma Rousseff, juntamente com a ministra Kátia Abreu, disponibilizou recursos bastante relevantes para o Plano Agrícola e Pecuário”, afirmou Godoy. O volume destinado para a safra 2015/2016 foi de R$ 187,7 bilhões, valor 20% superior à safra anterior.
Banco do Brasil
O vice-presidente do Banco do Brasil, Osmar Dias, participou da reunião e informou aos agricultores que a diminuição do pré-custeio em 2015 se deveu à queda do deposito à vista e da poupança. “Não foi porque o banco não queria dar pré-custeio. Mas há necessidade de se ampliar o lastro para não faltarem recurs os”, explicou Dias.
Somente o Banco do Brasil, que opera 65% do crédito agrícola a juros controlados no país, aumentou em 28% o número de contratos firmados em julho de 2015 em relação ao mesmo mês do ano passado, passando de 47.317 para 60.625 contratos. Em volume de recursos, o acréscimo foi de 93%, salto de R$ 3,311 milhões em 2014 para R$ 6,396 milhões em 2015.
Para Osmar Dias, o crescimento do número de contratos mostra que não há concentração dos financiamentos apenas nos clientes considerados “classe a”, que apresentam menor risco ao banco. A instituição se comprometeu a levantar as contratações por produto, a fim de analisar concentração de problemas em determinadas cadeias.