Aperfeiçoar os programas existentes e levar inovação porteira adentro. As ações compõem o plano de prioridades do novo superintendente do Senar Goiás, Dirceu Borges. O zootecnista assumiu a cadeira deixada por Antônio Carlos de Souza Lima Neto, com uma missão que já vinha na bagagem. “Trabalhamos há anos para fortalecer o Senar, que é um instrumento de formação profissional, assistência técnica e promoção social”, pontua. Segundo ele, o ano de 2018 fechou com a marca histórica de mais de um milhão de pessoas alcançadas direta ou indiretamente com as ações do Senar Goiás, evidenciando a importância da instituição para o agronegócio, principal atividade do país.
Dirceu, que acumulava os cargos de coordenador das regionais e planejamento do Senar e superintendente adjunto, afirma que continuará seguindo a mesma linha. “Todas as ações que promovam a qualificação e o aumento da renda do trabalhador, por meio de cursos de formação profissional e educação formal, assistência técnica e promoção social terão continuidade. Muitos programas serão aperfeiçoados, como o programa AgroJovem e o desafio Desafio Agro Startup”, diz. No AgroJovem, a intenção é atrair mais jovens para o programa que atua em três pilares: estimular o empreendedorismo, incentivar a sucessão familiar e fomentar novas lideranças. “Esses jovens podem contribuir para a renovação e fortalecimento do setor, com ideias e ações. E é isso que queremos estimular”, afirma Dirceu.
Com relação ao Desafio Agro Startup, que em 2018 ganhou sua segunda edição, a proposta é continuar no modelo de HackInnovation, que estimula os participantes de diversas áreas a encontrar soluções para problemas do produtor rural. “Queremos aproximar a tecnologia dos produtores rurais e utilizar ferramentas para facilitar e desenvolver as atividades no campo. As inovações tecnológicas serão fundamentais parta alavancar o setor e nada melhor do que estimular grandes ideias com premiações”, ressalta o superintendente do Senar Goiás.
Dentro da educação formal, Dirceu cita a importância da manutenção da Rede e-Tec Brasil, que tem como foco a oferta de cursos técnicos a distância, além de formação inicial e continuada de trabalhadores egressos do ensino médio ou da educação de jovens e adultos. Em 2019, ele conta queoSenar Goiás abrirá um polo em Cavalcante com o curso de Técnico em Agronegócio. Estão previstas 40 vagas para a capacitação que deve iniciar ainda no primeiro semestre. São 1.230 horas de aulas, sendo 80% a distância e 20% presenciais. Ainda sobre as novidades na área, Dirceu explica que estão sendo criadas duas pós-graduações sobre manejo de grãos e cana-de-açúcar, culturas extremamente representativas para a economia do Estado. As especializações serão totalmente presenciais e a expectativa é de que elas estejam disponíveis ainda no primeiro semestre deste ano.
A escolha de Dirceu para o cargo foi do presidente do SistemaFaegSenar e deputado federal eleito, José Mário Schreiner, que destacou qualidades técnicas do profissional. “O Dirceu é um técnico prata da casa, que foi escolhido para assumir este desafio à frente da superintendência do Senar Goiás, pela sua competência e trabalho que vinha desenvolvendo dentro da instituição, desde sua época de supervisor regional, por onde passou por várias regionais, conhecendo bastante as particularidades de cada região e as demandas de nossos parceiros na ponta”, diz.
Parcerias
Um dos desafios da nova gestão é ampliar a atuação do Senar junto aos Sindicatos Rurais. Para isso, em 2019, todos os parceiros do Senar em 145 municípios terão um espaço dentro da própria estrutura do sindicato. O ambiente chamado de “Aqui tem Senar” será utilizado por instrutores, alunos e servirá como pontos de armazenamento dos materiais do Senar. “Muitos parceiros já possuem esse espaço. Estamos readequando os que existem e implementando onde não havia a estrutura. Essa base será um suporte a mais para nossas ações”, completa.
O Senar Goiás e a Faeg também são parceiros do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás), instituição que desenvolve cursos e treinamentos para o empreendedor rural. Dirceu vislumbra fortalecer essa relação em busca de resultados que melhorem a vida do homem no campo e, consequentemente, a economia do Estado. “Já promovemos diversas ações juntos e queremos ampliar o leque de atividades dentro desse convênio. O Sebrae caminha junto na promoção da inovação tecnológica, dando suporte para isso”, diz.
Correlata
“Quem fala em corte no Sistema S desconhece o trabalho feito pelas organizações”, diz Dirceu sobre o desafio do Senar em 2019
Desde a eleição de Jair Bolsonaro como presidente do Brasil e sua escolha de Paulo Guedes como ministro da Economia, o sistema S, que engloba organizações do setor produtivo, como Sesi, Senai e Sesc, virou um dos assuntos da pauta econômica. As entidades desse sistema não são públicas, mas recebem repasses de verbas do governo federal. E é de olho nesse repasse que o ministro está. Paulo Guedes, por reiterada vezes, afirmou que quer “meter a faca” no sistema S, com cortes de até 50%. Para Dirceu, esse será um dos grandes desafios enfrentados também pelo Senar, que está dentro do sistema que forma mão de obra qualificada e preenche lacunas profundas no acesso à cultura e educação de milhões de pessoas. “São lacunas que deixaram de ser preenchidas pelos órgãos públicos e o Senar consegue fazer a diferença, transformar realidades da porteira pra dentro e dar qualidade de vida para o produtor rural, qualificando sua gestão, aumentando sua receita e contribuindo para o Estado”, reforça o superintendente.
Para ele, quem fala em cortes no Sistema S desconhece o trabalho das organizações. “É muito mais do que capacitação profissional e assistência técnica. É trabalho social, com ações de cidadania e saúde, por meio do programa Campo Saúde e pelo programa de Equoterapia. Às vezes, só se olham os números e se esquecem da vida que há por trás”, ressalta Dirceu.
Somente na assistência técnica, são assistidos atualmente em Goiás quase 4 mil produtores rurais, a maioria de pequeno porte. Em 2018, mais de 100 mil trabalhadores do campo foram qualificados para o mercado de trabalho. Para o presidente do SistemaFaegSenar e deputado federal José Mário Schreiner, o Senar Goiás e todo o sistema S fomentam a empregabilidade. “Quando você melhora a lucratividade de um produtor, você tem como consequência a geração de novos empregos. É um ciclo de extrema eficiência que se fecha perfeitamente”, reforça.
O presidente afirma que esta não é a primeira vez que se discute uma “facada” no Sistema S. “Já foi abordado inúmeras vezes, por diferentes governos, mas geralmente quem levanta essa pauta desconhece claramente os trabalhos e os resultados do Sistema, não enxergam na verdade que o S é o maior aliado do poder público, pois tem corrigido muitas falhas que deveriam ser obrigação de Estado. Os valores recebidos pelo Sistema S são convertidos com muita eficiência em serviços acessíveis para a maioria da população que de fato necessitam desse apoio, e a retirada de qualquer percentual para simplesmente ser jogado na vala comum, tem preocupado toda a sociedade que acredita e necessitam desses serviços”, complementa José Mário.
“O que precisamos é uma reforma política, fiscal e tributária. Nosso trabalho é único no mundo. Mais gente qualificada facilita a ocupação das vagas. Hoje, temos 13 milhões de desempregados, e o sistema S pode diminuir esse índice melhorando a formação dentro do mercado de trabalho e aumentando a produtividade”, arremata Dirceu Borges.
Reportagem: Kamylla Rodrigues, especial para a Revista Campo
Fotos: Fredox Carvalho