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Com início da colheita, produtores goianos ficam atentos às rodovias para escoar produção

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Rodovias em péssimo estado de conservação revelam a falta de manutenção nas principais estradas estaduais e federais de Goiás. Essa é a avaliação de produtores preocupados com os prejuízos causados ao setor, responsável por nada mais que 18% de tudo aquilo que é produzido em solos goianos. A maior parte da safra é escoada pelas estradas que, segundo análise da Confederação Nacional do Transporte (CNT), tem algum tipo de deficiência em 57% da extensão avaliada em pesquisa de 2018. Situação que na análise do assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Pedro Arantes, não tem muita alteração com que ocorreu na safra passada. “No caso dos portos, depois que acabaram as filas, nos últimos anos, melhorou. Mas nas rodovias não tivemos investimentos suficientes e no caso da ferrovia está prevista para este ano o leilão da Norte-Sul, que uma vez privatizada ainda vai levar tempo para funcionar a contento”, destaca.

Outra expectativa é a hidrovia São Simão, que leva especialmente ao Porto de Santos. “Pouco é transportado, duas empresas fazem o uso e ficou parada muito tempo”, analisa. Dessa forma, a atenção é voltada para os milhares de quilômetros que a safra terá que percorrer por rodovias.

Num relatório realizado com base em informações de Sindicatos Rurais (SRs) e de produtores rurais em todos os cantos do estado, a Faeg e o Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag) apontam que trechos de 47 rodovias estaduais goianas e vias de quatro estradas federais estão em estado de conservação ruins ou péssimas. Esses entraves dificultam a chegada de insumos, escoamento de safra, transporte de animais e até insegurança para investir no aumento de produção. “São 23 milhões de toneladas de grãos que devem ser produzidas no estado e levando em consideração as perdas desde a propriedade até os armazéns e os centros de exportação, o prejuízo calculado pode chegar a mais de R$ 453 milhões. Essa cifra avalia tanto as perdas físicas dos produtos como o aumento do frete em consequência da má conservação das rodovias”, enumera o analista técnico do Ifag, Alexandro Alves.

O produtor de grãos, Vitor Geraldo Gaiardo, por exemplo, estima prejuízo em dobro nos custos por conta da logística. “O frete é calculado de acordo com a distância e condição da estradas e filas. Dependendo do caso e quando a situação agrava,o frete chega até dobrar de preço”, lamenta. Com produções em Jataí e Caiapônia, ele explica que a preocupação começa com as estradas vicinais que ligam as propriedades às vias asfaltadas e que com as chuvas se tornam canais intransitáveis. “A situação fica mais crítica ainda”, destaca Vitor, que também é presidente do Sindicato Rural de Jataí.

Na estrada, que dá acesso a fazenda dele, no município goiano de Caiapônia, ele conta que teve que tirar dinheiro do próprio bolso para a construção de uma ponte. “A única alternativa foi construir por conta própria. Não tive apoio nenhum da prefeitura. Se não for isso, não saio com minha produção da fazenda”, enfatiza. Com 350 hectares de soja plantados, a colheita será feita só em março em Caiapônia, já em Jataí foram plantados 1,1 mil hectares da oleaginosa, com expectativa de colheita para a penúltima semana de fevereiro. “Nós, produtores, não deveríamos preocupar com estrada, ponte, buracos. Isso não é problema nosso. Deveríamos ter condições de escoar nossa safra tranquilos”, desabafa.

O produtor de cana-de-açúcar, soja e eucalipto, Antonio Roque, diz que os problemas com as rodovias em seu município, Chapadão do Céu, são recorrentes e que vão além de uma operação tapa buracos. “Estamos aguardando o término da GO-306, a tão sonhada duplicação da BR-364, além da conclusão do asfalto da GO-050”, destaca. “Fazemos o escoamento de safra de fevereiro a dezembro, ou seja, o ano todo. Por isso precisamos urgentemente da conservação e manutenção dessas rodovias. O progresso não gosta de escuro e não anda em estrada ruim”, finaliza o produtor, que também é presidente do Sindicato Rural da cidade.


Sinal vermelho

A situação da GO-306, entre Mineiros e Chapadão do Céu, preocupa por ser importante via para o agronegócio e que, segundo o relatório feito pela Faeg e o Ifag, está sem trafegabilidade em partes dela. Já na GO-178, entre Jataí e Itarumã, toda a rodovia está em estado crítico. Na GO-180, que liga a BR-364 no município de Jataí até a estrada vicinal da GO-306, na região de São José, os problemas são com buracos e falta de cascalho. No trecho que liga Chapadão do Céu a Jataí, GO-050, a solicitação dos produtores rurais e dos Sindicatos é de uma operação tapa buraco em um trecho de 69 quilômetros pavimentados, totalizando 115 quilômetros da rodovia.

Nas rodovias federais, a dor de cabeça é voltada para as BRs 364, entre Mineiros e Jataí; 158, entre Caiapônia e Piranhas / Caiapônia e Jataí; 452, entre Rio Verde e Bom Jesus de Goiás; e 153, entre Anápolis e divisa com Tocantins.“Foram mais de 50 rodovias identificadas com problemas graves, fora inúmeras outras que passam por problemas de manutenção que talvez não sirvam como vias de escoamento da produção ou entrada de insumos, mas são caminhos importantes para o cidadão que depende dela para ir e vir com segurança”, observa o analista técnico do Ifag, Alexandro Alves.

A orientação do presidente do Sistema Faeg Senar e deputado federal, José Mário Schreiner, é para que produtores rurais se mantenham unidos e se envolvam nas tomadas de decisões do governo. “Precisamos ser mais participativos, principalmente no que diz respeito às prioridades do setor, mas para isso é preciso que estejamos unidos, nos reunindo, trocando experiências e articulando, por meio das entidades representativas, com o governo”, diz.

É dessa forma que a entidade vem trabalhando para sensibilizar os governos estadual e federal sobre o impacto que esse cenário gera sobre a economia, já que sem boas estradas não há como escoar a produção, o que tira o estado da rota da competitividade. “Seguimos cumprindo uma agenda intensa e constante junto ao governo, por meio de articulações com o próprio governador que tem se sensibilizado a essa situação e logo nos primeiros dias de governo, solicitou o levantamento da situação das rodovias de modo a propor soluções imediatas”, enfatiza Schreiner.


Custo logístico

O alto custo logístico provocado por falhas de infraestrutura faz o produto perder competitividade no mercado internacional. Três países (Brasil, Argentina e Estados Unidos) concentram 80% de produção de soja no mundo e 90% do mercado de exportação. A competitividade nacional fica na rabeira do trio. “O custo do produtor, da saída da porteira da fazenda até o porto onde o grão vai ser despachado para o exterior, é cerca de quatro vezes maior que nos Estados Unidos ou na Argentina. O mundo não vai pagar 20% ou 30% a mais no valor final”, explica Luiz Antônio Fayet, consultor de Infraestrutura e Logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Atualmente, as rodovias brasileiras representam 61% da matriz do transporte nacional, enquanto ferrovias detêm 21% e hidrovias 14%. Nos Estados Unidos, as hidrovias dominam a matriz de transporte, com 43%, já as rodovias representam 13%, mesmo percentual de ferrovias. Sobre as rodovias brasileiras, ainda há um agravante. “O país conta com 1,72 milhão de quilômetros de rodovias federais, estaduais e municipais, das quais apenas 12,2% são pavimentadas, e elas estão situadas, em sua maioria, nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Esse percentual é 18 vezes menor que nos EUA e 14 vezes menor que na China”, aponta.

Sobre as rodovias estaduais, o superintendente executivo de Agricultura, Antônio Carlos de Souza Lima Neto – que assumirá a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa) -, informou que o governo já está atuando em busca de melhoria das condições de trafegabilidade das rodovias goianas. A prioridade, segundo ele, é dar atenção às principais vias de escoamento da safra, buscando a recuperação das principais regiões produtoras de grãos. “É necessário recuperar os pontos críticos identificados e trabalhar na conservação das estradas goianas. Para isso, foi assinado um termo de cooperação técnica entre governo de Goiás, a Agência Goiana de Transporte e Obras (Agetop) e municípios goianos, visando à implementação de ações emergenciais para recuperação da malha viária estadual”, declara.

Em relação às perspectivas de manutenção dos principais trechos por onde passa a produção agrícola, o secretário destaca que a Agetop, em parceria com prefeituras, já iniciou o trabalho de recuperação dos pontos críticos, principalmente nas regiões Sul e Sudoeste do estado. “A agência está fazendo toda a avaliação técnica, através dos seus engenheiros, dando maior segurança na execução das recuperações. A expectativa é de que se tenha a adesão de um maior número de prefeitos e que o estado possa contribuir da melhor forma possível para a restauração das rodovias”, pontua.

Fotos: Larissa Melo

Reportagem: Nayara Pereira

Comunicação Sistema Faeg/ Senar


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