Nayara Pereira
De acordo com técnicos, especialistas e pesquisadores, aumentar a produção de frutas é a possível solução para atender o futuro aumento da demanda global por alimentos. O caminho para essa elevação na produção pode ser o aumento da área plantada ou a ampliação do rendimento das culturas. Essa observação, foi levantada pela pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Hortaliças, Rita Luengo, nesta quarta-feira (7), durante o 1° Encontro Goiano de Fruticultura. O evento, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), acontece no auditório da entidade e vai até a próxima quinta-feira (8). Durante os dois dias, também acontece o 13° Seminário de Citricultura Goiana.
Em sua palestra – “Embalagens e Perdas”- a pesquisadora apresentou um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), apontando que cerca de um bilhão de toneladas de alimentos produzidos no mundo são desperdiçados a cada ano. No caso das frutas e hortaliças, o problema é motivado pela falta de infraestrutura adequado ao longo da cadeia produtiva. Só em Goiás, 30% da fruticultura é desperdiçada durante o processo de manuseio.
Para Rita, viabilizar a chegada do alimento produzido até a população, através da redução de perdas e desperdícios com a adoção de soluções eficientes ao longo da cadeia produtiva, configura uma das formas de garantir segurança alimentar e nutricional a todo o mundo. “Neste sentido, a integração das partes componentes da cadeia produtiva passa a ser ação essencial no gerenciamento das perdas, uma vez que cada parte isolada tem efeito positivo ou negativo sobre a outra”, enfatizou.
No Brasil, a Embrapa dedica parte de suas ações na busca de soluções tecnológicas que diminuam os impactos ambientais causados pelo desperdício. Segundo a pesquisadora, os projetos elaborados visam melhorar e diminuir os efeitos negativos de cada etapa da cadeia produtiva, passando pela produção, manuseio, processamento, mercado, distribuição até chegar à mesa do consumidor.
“Atualmente temos um projeto voltado aos pequenos e grandes produtores de fruticultura, no sentido de melhorar o manuseio durante a colheita e o processo de embalagem dentro da própria propriedade. O objetivo é que o produtor sofra menos, seja protegido de condições adversas e seja menos machucado”, ressaltou. A intenção é que os próprios produtores embalem seus produtos antes de chegarem as as indústrias, cooperativas, Centrais de Abastecimento do Estado de Goiás (Ceasa), supermercados e assim, chegarem nas mãos dos consumidores com a embalagem de origem.
Aperfeiçoamento na produção
De acordo com o técnico adjunto do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), Leonnardo Furquim, a entidade vem trabalhando com cursos voltados para a qualidade dos frutos durante o processo de embalagem, principalmente pós-colheita. “Hoje trabalhamos com cursos para diminuírem os impactos durante o transporte dos produtos e com isso, levar mais qualidade a mesa do consumidor”, destacou. Os cursos oferecidos são: Técnicas de produção da fruticultura e Processamento de Frutas.
O produtor de Palmeiras de Goiás, Almir Bastos, já utiliza essa técnica de embalagem em sua propriedade de cerca de 126 hectares de laranja. “Temos todas as ferramentas de pós- colheita em minha propriedade e assim que finalizamos o processo de lavagem, passamos para as embalagens próprias. Ganhamos muitas vantagens com essa técnica”, explicou Almir, que também preside a Associação Goiana dos Citricultores (Agocitros).