
Reunião discutiu queda nos preços, competitividade e defesa comercial
“A situação que o leite brasileiro vive hoje é um alerta sério. Estamos diante de um cenário que pode comprometer toda a cadeia produtiva”, afirmou o presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner, durante a reunião com produtores, técnicos, presidentes de cooperativas e lideranças do setor lácteo, na última quarta-feira,05/11. Segundo ele, o avanço das importações tem provocado um desequilíbrio que exige respostas imediatas.
“Há fortes indícios de práticas de dumping, e isso precisa ser apurado. Não podemos permitir que o produtor brasileiro perca competitividade por distorções no comércio internacional”, destacou.
O dumping do leite no Brasil refere-se à prática de países vizinhos, como Argentina e Uruguai, exportarem leite em pó para o mercado brasileiro a preços muitas até abaixo do custo de produção

O presidente da Comissão de Pecuária de Leite da Faeg, Vinícius Correia, reforçou que a pressão das importações chega diretamente ao produtor e defendeu a adoção de medidas emergenciais, entre elas a suspensão temporária das importações para permitir a estabilização do mercado interno. “O leite importado tem derrubado o preço pago aqui dentro. Há propriedades já reduzindo produção e adiando investimentos porque não conseguem competir com produtos que chegam ao país a valores muito abaixo do custo real”, afirmou.
O gerente técnico do Grupo de Estudos Técnicos da Faeg (Getec), Edson Novae, ressaltou que a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) encaminhou provas ao governo sobre indícios de dumping por parte de indústrias da Argentina e do Uruguai, que estariam comercializando leite em pó no mercado brasileiro a preços inferiores aos custos de produção em seus próprios países. “Os produtores brasileiros pediram a aplicação de sobretaxas sobre esses produtos, mas o pedido não foi atendido. Seguimos empenhados para que o governo reavalie essa decisão”, afirmou.

Levantamento dos impactos apresentados pela Faeg
-O volume de lácteos importados aumentou 20% em setembro de 2025, subindo de 160 milhões para 192 milhões de litros equivalentes de leite.
-Se o ritmo continuar, o Brasil poderá encerrar o ano com 2,3 bilhões de litros importados, valor próximo à produção anual de Goiás, estimada em 2,9 bilhões de litros.
-Os preços pagos ao produtor goiano caíram, em média, 17% em um ano: de R$ 2,81/litro (set/2024) para R$ 2,34/litro (set/2025).
-Há produtores recebendo R$ 1,80/litro, mesmo com um custo médio de R$ 2,30/litro, tornando a atividade economicamente insustentável. No mesmo período, os custos de produção subiram 4,4%.
Definições
-Reavaliação da investigação sobre existência de dumping: Solicitar ao Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a retomada da investigação e a aplicação de medidas antidumping contra o leite em pó importado da Argentina e do Uruguai;
-Projetos de lei estaduais: Apresentar propostas na ALEGO para desestimular as importações de lácteos e incentivar a compra de produtos processados por indústrias goianas;
-Ampliação das compras governamentais: Promover ações para aumentar a aquisição de leite e derivados pelo governo estadual, especialmente por meio dos programas como PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar).
-Mobilização nacional do setor: Articular, junto a cooperativas e entidades representativas, uma mobilização de produtores em Brasília em defesa da continuidade da investigação sobre dupping, da suspensão das importações e da criação de uma política nacional de apoio ao produtor de leite.
Comunicação Sistema Faeg/Senar
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