Michelle Rabelo
Município famoso pelo alto nível profissional de seus pecuaristas no que se refere a criação do rebanho da porteira para dentro, Nova Crixás foi o terceiro município a receber, na última quinta-feira (12), o médico veterinário, especialista em mercado do boi gordo e analista de mercado Rodrigo Albuquerque. Ele roda o estado ministrando palestras sobre o cenário econômico e as perspectivas para a pecuária de corte, e na ocasião, destacou a importância das ferramentas que visam auxiliar os produtores a executarem a comercialização da melhor maneira possível. A palestra integra os Encontros Regionais de Pecuária de Corte, que passam ainda por outras cinco cidades goianas. O evento é uma realização da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) em parceria com os respectivos Sindicatos Rurais (SRs).
Com o maior rebanho do estado – são 700 mil cabeças entre leite e corte – Nova Crixás se destaca na atividade e de acordo com o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Faeg, Maurício Velloso, um dos auxílios que a entidade pode oferecer aos produtores é o conhecimento de mecanismos de comercialização “que ofereçam ganho máximo e risco próximo ao zero em relação às oscilações naturais decorrentes do mercado”.
Durante a apresentação, Rodrigo apresentou o ciclo percorrido pela carne, mas na cidade bateu forte na fase que sucede a criação do animal: a comercialização, englobando o atacado, o varejo e a exportação.
O analista falou sobre a relação entre pecuaristas e frigoríficos e apresentou o cenário nacional. “Houve, nos últimos 10 anos, uma enorme concentração dos frigoríficos, consolidando três empresas que se tornaram multinacionais e multiproteínas. Em um ano a carne, com e sem osso, subiu entre 15 e 30%. Ambas, bem acima da inflação, que foi de 6,41%. Dentro desse cenário é preciso avaliar bem a saúde financeira do frigorífico para o qual você vende o animal, principalmente se for à prazo”.
Lucrando da porteira para fora
Nesse contexto, Rodrigo fez questão de citar o Pesebem, programa da Federação que ajuda a aferir o peso de cada animal antes da venda e que se resume na instalação de uma balança exclusivas e independente dentro de alguns frigoríficos para também pesarem as carcaças. O produtor paga R$1,41 pela pesagem de cada animal, mas segundo Maurício Velloso, o preço – que equivale a menos de 200 gramas de carne – não pode ser levado em conta diante do custo-benefício. “Vale lembrar que a criação do Pesebem não aconteceu de cima para baixo. Ele foi desenvolvido pela Faeg por uma exigência dos pecuaristas que vinham enfrentando problemas com as balanças dos frigoríficos. Isso demandou tempo, mobilização da classe, embate com as empresas. Foi uma luta muita grande até que conseguimos desenvolver o programa”, explica Velloso. A opinião é compartilhada pelo vice-presidente do SR de Nova Crixás, Murilo Boss Caiado, que fez questão de elogiar a iniciativa e o programa.
Maurício explica ainda que ainda hoje existem registros de pecuaristas que enfrentam problemas na pesagem e que isso faz urgente a adesão dos produtores ao programa. Para defender o Pesebem, Velloso utiliza dois aspectos: o classista e o econômico. “No âmbito classista é válido lembrar que uma conquista não pode ser perdida sob pena dos pecuaristas se enfraquecerem. O programa precisa permanecer vivo para que nos possamos proporcionar aos companheiros os avanços necessários nesse acompanhamento do abate. Já quanto o aspecto econômico, o pecuarista pode se certificar com a ajuda de uma balança que não é da Faeg, é dele”.
Varejo
Rodrigo Albuquerque também falou sobre o varejo, explicando que para manter o escoamento de venda de carne, ele precisou reduzir suas margens ao longo de 2014. “O acréscimo de preço foi de 11,5%, bem abaixo dos outros elos, mas bem acima da inflação. Quanto mais perto do elo consumidor final da cadeia, menor foi o repasse das valorizações da carne bovina”, pontua.
Exportação
“A carne brasileira ganhou o mundo”, disse o analista ao se referir aos 20% da produção bovina que deixa o país. “Há 10 anos lideramos as exportações mundiais de carne”, disse, acrescentando que o alimento vai para 123 países, mas com venda concentrada em apenas sete – número que deve crescer com a já confirmada abertura da China e a possível abertura dos Estados Unidos.
Além de Nova Crixás, o circuito é composto por outros cinco municípios - Posse, Caiapônia, Mineiros, Itarumã e Ipameri.
Confira datas, horários, locais e a programação dos próximos eventos:
13/03 – Posse: Salão de eventos da AABB – Rua Dr. Vanderlan Antônio de Araújo nº 971 – Setor Prudêncio
17/03 – Caiapônia: Salão de Eventos do Sindicato Rural - Av. Plynio Gayer n° 448, Nova
18/03 – Mineiros: Tatersal do Parque de Exposições – Av. Ino Resende – Trevo da BR-364
19/03 – Itarumã: Parque de Exposições Agropecuárias - Rua Jataí n° 4 - Setor de Clubes
20/03 – Ipameri: Salão do Sindicato Rural - Rua José Balduíno dos Santos n° 770, Centro
Programação:
18h Recepção
19h Abertura
19h30 Palestra: Cenário Econômico e Perspectivas para a Pecuária de Corte
20h30 Painel e Debate
21h10 Encerramento
Para saber mais sobre o Pesebem, clique aqui.