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Graviola goiana busca espaço no mercado com acompanhamento do Senar Goiás

Lavoura com 1.300 plantas é uma das poucas do estado e deve atingir 30 toneladas neste ano. O crescimento de 20% vem com adoção do manejo orientado pela Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar Goiás

Casca verde, com protuberância semelhante a espinhos, a polpa clara e macia, com sabor doce e levemente ácido. A graviola é nativa das regiões tropicais das Américas e do Caribe. No Brasil, é mais comum nas regiões Norte e Nordeste da região amazônica. A fruta exótica tem muitas propriedades benéficas à saúde, além de baixa caloria (62 calorias a cada 100 gramas), as fibras presentes dão maior sensação de saciedade. É fonte de cálcio, magnésio, manganês e potássio, além de vitaminas B1, B2, B6.

Ainda há relatos de que a fruta ajuda na saúde do coração, diminui a insônia, a pressão arterial, alivia problemas causados por doenças no estômago como úlceras, gastrites, dores causadas por reumatismo, osteoporose e combate o envelhecimento precoce.

Em 1995, um estudo de uma universidade norte-americana apontou que o chá da folha de graviola inibiu a proliferação de células de câncer de cólon, porém, o estudo foi realizado a partir de amostras in vitro, ou seja, fora de um organismo vivo, em laboratório. Mesmo não havendo comprovações científicas, a planta e a fruta passaram a ser muito procuradas por pacientes oncológicos. Os médicos alertam que ela pode ser sim consumida, que as propriedades são benéficas, só não pode ser usada como único tratamento.

Diante do tanto que se fala da graviola e do crescimento da procura por ela, Renato Oscarino Prado passou a vendê-la na L.A.R., distribuidora de frutas que ele tem no Jardim Guanabara, em Goiânia. Inicialmente, ele comprava de um produtor na região de Gameleira, a cerca de 95 quilômetros da capital. Há quase dois anos, o dono da fazenda decidiu se dedicar à produção de leite. Pensando em extinguir o pomar, foi aí que o comerciante resolveu arrendar a propriedade e conduzir o cultivo. O manejo exige paciência.

“A planta de graviola é muito atacada por brocas, são três, que atingem o tronco, o fruto e a semente. Então, nós temos que ter muito cuidado para fazer esse combate para eliminar as brocas, mas não os besourinhos responsáveis pela polinização. Nós fazemos esse trabalho em planta por planta de forma manual. Eu e meus sócios, Damião e Anderson, que realizamos esse trabalho. Mas claro, não aprendemos sozinhos. Nós contamos com a consultoria do Senar Goiás. O Lucas Markezan faz a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) para nós”, conta.

O Senar Goiás está na Fazenda Dom Bosco desde 2021. Os 1.300 pés que compõem a plantação têm de 10 a 15 anos. O cultivo começou por acaso, quando seu João, o dono da propriedade, ganhou seis graviolas e a esposa dele se apaixonou pelo sabor da fruta. Com as sementes delas, eles começaram o cultivo. O casal foi o primeiro a ter o acompanhamento da Assistência Técnica e Gerencial (AteG) na área de Fruticultura com o técnico Lucas Marquezan.

“Quando cheguei, o espaçamento entre as plantas foi uma grande dificuldade. A cultura foi implantada sem orientação técnica, acabou que o plantio foi um pouco adensado e por isso dificultou muitos tratos culturais na época. Não sendo possível entrar maquinários em muitas áreas. A gente começou inicialmente com podas para poder diminuir um pouco a altura das plantas, para poder facilitar o manejo. Posteriormente, a gente teve muitos problemas com a questão fitossanitária, especialmente com brocas. É uma planta que é atacada por três espécies diferentes de insetos, que vão atacar o fruto e a planta também, e esses insetos não têm produtos registrados especificamente para a graviola. Então, acaba que nós temos que utilizar métodos alternativos. Alguns produtos já têm uma certa aceitação pelo Ministério da Agricultura e sempre respeitando a carência para não ter nenhum tipo de contaminação”, explica Lucas.

Outro desafio foi durante a coleta das frutas. “Por ser uma fruta que quando está no ponto de colheita não tem uma coloração tão diferente, ela continua esverdeada por fora, acabou que a gente teve muitos problemas com frutos que eram colhidos imaturos demais. Já os frutos que já estavam no ponto, eles ficavam para outra semana ou para outra colheita e ficavam perdidos no pomar. E isso atrapalhava a questão fitossanitária, porque o fruto contribui com o aparecimento de outros insetos e cada vez mais piorava a sanidade. Então, a gente teve que educar o coletor para poder saber exatamente o ponto de coleta”, relembra o técnico de campo.

Período

A safra da graviola em Goiás vai de janeiro a julho. No primeiro ano de acompanhamento do Senar Goiás, como arrendatário da plantação, em 2023, a produção foi de 25 toneladas. Para 2024, a expectativa é aumentar 20%. “Uma das nossas propostas para termos resultados cada vez melhores é encontrar uma forma para que um trator consiga ser usado para fazer os tratos culturais. Em termos de produção, a gente também está se adequando, cada vez mais aumentando a fertilidade do solo e a própria adubação química para poder ter um retorno maior e então aumentar a produtividade com o que a gente já tem. Esse é um pomar que já está em plena produção, então a questão da produtividade vai depender só do manejo mesmo e não das plantas crescerem e chegarem no ponto de ficarem adultas. No caso, a gente só precisa mesmo mantê-las sadias e aumentar o nível de fertilidade das plantas”, detalha o técnico de campo.

Renato está animado com a produção do pomar tendo as orientações do Senar Goiás. “A instituição é muito importante para nos ajudar com a produção, por passar orientações que facilitam o nosso trabalho e reduzir os custos, otimizar nosso tempo também. Como por exemplo quando utilizamos o drone para fazer aplicação de uma adubação foliar. Muita gente acha difícil cultivar frutas, essas mais exóticas ainda exigem mais. Mas com a assistência correta e principalmente amor pelo cultivo, a rentabilidade vem. Você vai limpando, cuidando, vendo as flores, os insetos fazendo a polinização, as frutas se desenvolvendo, são muitas etapas que nos dão satisfação, em especial colher frutos bons, levar coisas de qualidade para que as pessoas tenham mais saúde. Isso é um privilégio”, ressalta Renato.

Para aqueles que desejam investir nesse tipo de cultivo é preciso ter em mente que é um mercado para ser desbravado em Goiás, se comparado às frutas convencionais. “Esse é um mercado que ele é um pouco restrito ainda por conta da falta do produto. A gente tem muitas indústrias de polpa, fábricas que vão pegar para processamento. Muitas pessoas gostam bastante da fruta, mas no estado não tem uma produtividade satisfatória para atender o mercado interno. A gente ainda tem uma procura baixa, porque o pessoal não sabe onde encontrar”, aponta Lucas.

Para ter acesso a Assistência Técnica e Gerencial do Senar Goiás na área de Fruticultura, é preciso procurar um Sindicato Rural. A quem pretende começar a plantação é recomendado que veja possibilidades de variedades genéticas mais comerciais. Isso pode significar melhor possibilidade de vendas. “E outro fator que talvez seja um pouco complicado é por ser uma fruta grande. Às vezes ela chega a seis quilos, sete quilos tranquilamente. Acaba que uma pessoa, uma família menor, não consegue consumir ela inteira. Então, a tendência seria buscar frutos menores futuramente com seleção genética. Variedades que sejam eficazes para esse tipo de consumo, enquanto que os frutos maiores seriam indicados para o processamento. Essa é uma cultura de longo prazo, então são cinco anos para iniciar a produção plena, mais uns 10, 15 anos de produção. Portanto, não é um investimento de retorno rápido e o produtor precisa ter em mente que deverá ter mais de um comprador para escoar a produção de forma mais segura”, orienta o técnico de campo, Lucas Markezan.

Fotos: Fredox Carvalho

Comunicação Sistema Faeg/Senar/ifag

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