Nesta segunda-feira (17), o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, viajou para os Estados Unidos. O objetivo foi discutir com o governo norte-americano, Sonny Perdue, em Washington, a retomada de exportações de carne para os EUA, juntamente com o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio, Odilson Silva. A agenda da comitiva inclui, ainda reunião com o embaixador do Brasil em Washington, Sérgio Amaral, e o adido agrícola do Brasil nos Estados Unidos, Luiz Claudio de Caruso e Santana.
Na terça-feira pela manhã, o ministro reunirá com o Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos, antes de embarcar de volta ao Brasil no fim da tarde. A chegada a Brasília está prevista para quarta-feira (19) pela manhã. Visita ocorre após a suspensão, no fim de junho, de todas as importações de carne fresca do Brasil, devido a preocupações recorrentes sobre a segurança dos produtos destinados ao mercado dos Estados Unidos.
Foram 17 anos de negociações para que o Brasil conseguisse exportar carne fresca para os Estados Unidos, o que se concretizou em setembro do ano passado. No total, 15 plantas frigoríficas exportavam carne in natura para os Estados Unidos e acumularam, de janeiro a maio, US$ 49 milhões com esse comércio. Entre elas está a unidade da JBS que fica em Campo Grande, além de outras quatro que ficam em Mato Grosso do Sul.
Vacinação
Para o ministério, os problemas comunicados pelo governo norte-americano são decorrentes da vacinação contra a febre aftosa, o que poderia causar inflamações. A aparência fica comprometida, segundo o ministério, mas o produto não oferece nenhum risco à saúde. Isso porque o Brasil exporta para os Estados Unidos a parte dianteira inteira do boi, local onde o gado recebe a vacina contra a febre aftosa. Mesmo que não esteja aparente, alguma inflamação pode ser detectada quando a peça é cortada.
Para solucionar a questão, o Ministério da Agricultura determinou que os frigoríficos brasileiros passassem a exportar para os Estados Unidos carnes in natura de cortes dianteiros apenas na forma de recortes, cubos, iscas ou tiras, o que permitiria a retirada dessas partes.
Seis entidades do agronegócio propuseram outra solução: pediram ao governo federal, nesta semana, uma mudança na composição da vacina contra febre aftosa aplicada em todo rebanho bovino. A alteração seria necessária para evitar esses abscessos. O ministério já havia anunciado que investigaria os lotes de vacinas contra febre aftosa aplicadas nos animais.
Goiás
No ano passado, os EUA representaram 0,34% das exportações da carne sul-mato-grossense, com 426 toneladas do produto. Apesar do pequeno volume de exportações, setor teme que embargo possa provocar reação de outros países importadores. As vendas externas desse setor são lideradas pela China, com 20,93%, seguido pelo Chile (18,55%), Rússia (11,06%), Irã (7,32%), Egito (7,21%), Holanda (6,09%) e Arábia Saudita (4,69%).
Para a pecuária do estado, o mercado externo representa 22% das vendas, sendo os 78% restantes da produção absorvidos pelo mercado nacional. Segundo a analista técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Christiane Rossi, o preço da carne está estabilizado em patamares mais baixos, se comparado a períodos de escassez de alimentos, em que a tendência é aumentar a oferta de animais. “Não esperávamos que iria ocorrer tantos problemas relacionados à cadeia de pecuária de corte, como o escândalo com a JBS, a restrição de compra por parte dos frigoríficos, a delação, entre tantos outros. Tudo isso fez com que aumentasse mais ainda a oferta de animais, provocando a redução em nossas exportações”, explica a analista.
Segundo Christiane, em relação à visita do ministro, a expectativa é positiva. “Precisamos de uma medida que solucione e normalize a situação que estamos vivenciando, para que o setor retome as exportações. A in iniciativa do ministro é vista com bons olhos, mas ainda esperamos a redução do ICMS, para melhorarmos a comercialização do nosso produto com outros estados, principalmente com São Paulo”, conclui.
Fonte: Correio do Estado, com informações Faeg e Ifag
Foto: Larissa Melo