Nayara Pereira
Ao longo dos últimos meses, diferentes setores foram impactados pelos efeitos da recessão econômica que o país atravessa. No entanto, para a agropecuária o cenário é um pouco diferente. Nesta quinta-feira (3), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou os resultados das Contas Nacionais Trimestrais e apontou que entre os setores da economia analisados para o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), apenas a agropecuária cresceu em 2015. A alta foi de 1,8% em relação ao ano anterior, sob influência da soja e milho.
Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, os resultados reforçam ainda mais a força da agricultura e da pecuária no Brasil e há necessidade de, cada vez mais, investimentos. Ainda segundo Jose Mário, entre os problemas que impediram um crescimento ainda maior do setor estão o alto custo da logística, o aumento dos custos de produção e a falta de apoio técnico aos produtores, que, em sua maioria, ainda carece de assistência técnica. “Em termos práticos isso significa que os produtores rurais estão fazendo sua parte, mesmo com a pouca colaboração do poder público. Esperamos que os números do PIB demonstrem ao governo federal que o investimento no setor agropecuário é bom para todos os brasileiros”, completou.
O presidente destaca também que um dos fatores que contribuíram para esse resultado positivo, foi a valorização do real, que segurou os níveis de preço. “Apesar dos elevados custos, o resultado não impactou na redução de área e da produção”, disse. Segundo Schreiner, a pecuária também colaborou com resultado positivo entre os demais setores.
Em dados gerais, a economia brasileira fechou 2015 em queda. A retração, de 3,8% em relação a 2014, foi a maior da séria histórica atual do IBGE, iniciada em 1996. Considerando a série anterior, o desempenho é o pior desde 1990, quando o recuo chegou a 4,3%. Em relação correntes, o PIB chegou a R$ 5,9 trilhões, e o PIB per capita ficou em R$ 28.876 em 2015 – uma redução de 4,6% diante de 2014.
Queda em outros setores
Os dados divulgados hoje indicam também quedas significativas na Indústria de 6,2% puxada pela retração de quase 8% do setor de construção. Já o setor de serviços, que sempre respondeu por boa parte do PIB, recuou 2,7%, a maior baixa desde 1996, porque o comércio, forte em outros anos, mostrou uma diminuição de 8,9%.