A Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) vem por meio desta nota repudiar uma medida arbitrária adotada pela Presidência da República, com anuência do Governo do Estado de Goiás, que assinou o decreto da ampliação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, dos seus atuais 65 mil hectares para 240 mil hectares. Entendemos a importância de medidas concretas de preservação ambiental, e participamos efetivamente dos debates, visando construir uma política que contemple a preservação ambiental em consonância com as necessidades das populações existentes. Porém, o decreto se concretiza em uma ação que penaliza seis municípios, com população de 37.067 habitantes e centenas de produtores e famílias rurais que sobrevivem na região, que serão prejudicados econômica e socialmente.
A medida soa como uma penalidade à população da Chapada, porque o processo de ampliação estava sendo discutido há mais de oito anos pela Faeg com os governos federal e estadual, de forma ampla e transparente, juntamente com a sociedade civil, com as prefeituras municipais, as instituições de classe, e finalizado por meio de uma decisão unilateral dos governos federal e estadual, sem a apresentação do projeto final e solução das pendências levantadas. Ressaltamos que sequer a regularização da primeira etapa da implantação do Parque Nacional, criado há mais de 56 anos foi finalizada, e os proprietários jamais foram indenizados. Consideramos que a medida foi precipitada, pois existia um acordo entre o Governo do Estado de Goiás e a Faeg, para finalizar a regularização fundiária da região envolvida, visando resguardar o direito de propriedade e suas respectivas indenizações.
Os governantes não levaram em consideração a questão social dos municípios atingidos, pois os verdadeiros defensores e cuidadores das áreas e belezas naturais serão obrigados a deixar suas propriedades sem terem a garantia da indenização de suas terras, o que é arbitrário e totalmente insustentável. Preocupamos com as famílias que serão expulsas da região, totalmente marginalizadas, que irão migrar para as periferias das grandes cidades, num futuro incerto e despreparadas para enfrentar esta nova situação.
A questão da preservação ambiental é fundamental para a sociedade, e a Faeg comunga com este princípio. Zelar do ser humano é também um ato de preservação da vida, do meio ambiente e da paz.