O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), deputado federal José Mário Schreiner , participou da live do jornal O Popular na última segunda-feira, feita sempre com autoridades e personalidades de Goiás. Na entrevista, José Mário fez duras críticas sobre a retirada do imposto sobre a importação do leite em pó da Nova Zelândia e União Europeia, além de destacar os prejuízos no campo causados pela falta de fornecimento de energia pela Enel. Assinantes e cadastrados podem acessar o conteúdo completo do vídeo e entrevista escrita pelo link: https://www.opopular.com.br/editorias/videos/minist%C3%A9rio-da-economia-precisa-conhecer-melhor-o-interior-diz-presidente-da-faeg-1.1728216
Em entrevista ao vivo transmitida pelo site e página no Facebook do O POPULAR, ele falou das preocupações do setor rural, que enfrenta problemas como quebra de safra da soja, agravamento das interrupções no fornecimento de energia e ameaça de redução na subvenção para a produção agropecuária. Situações que ele diz reduzir a competitividade do produtor brasileiro.
Como o setor avalia a retirada de subsídios ao setor rural, como as tarifas antidumping para importação de leite em pó da União Europeia?
Foi uma atitude sem nenhuma sensibilidade social com 1,3 milhão de produtores, numa cadeia que emprega 5 milhões de pessoas. O Ministério da Economia só considerou fatores técnicos, sem analisar profundamente a questão e dialogar com a sociedade. Como um produtor que fica lá atrás do morro, onde as pessoas acham que só tem mato e bicho, produzindo de 30 a 50 litros de leite por dia, irá concorrer com subsídios europeus de R$ 5 mil por vaca ao ano? Precisam conhecer um pouco o Brasil real. (Ontem, o presidente Jair Bolsonaro, se dizendo surpreso com a medida, pediu sua revisão)
Quais as consequências mais imediatas da decisão?
Esse produtor vai estar na fila do Bolsa Família ou outros programas sociais do governo, se não houver medidas corretivas. A produção de leite é protegida no mundo todo, enquanto nós já sofremos com a entrada de leite de países vizinhos, como Uruguai e Argentina. A China quer criar um programa para destinar 200 mililitros de leite para cada criança chinesa se desenvolver melhor. Essa foi uma medida inaceitável do Brasil.
Quais as perspectivas quanto ao Plano de Safra deste ano?
O governo trabalha com cerca de R$ 10 bilhões anuais para subvencionar toda a agricultura do País, como juros, seguro ou agricultura familiar, e ouvimos dizer que há intenção de reduzir os valores. O crédito cobre apenas 35% das lavouras no Brasil e 25% no Centro-Oeste. Pouco mais de 2% da agricultura é segurada e mal paga o dinheiro pego no banco. A equipe econômica precisa sair do eixo Rio-São Paulo-Chicago para conhecer o interior, o Brasil real, para montarmos um sistema de transição.
Este volume ainda é suficiente para atender o setor?
Como deputado, continuarei participando da elaboração dos planos de safra e fazendo reuniões para coleta de sugestões dos produtores. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, quer construir um plano de safra que possa atender minimamente o setor. Os R$ 10 bilhões são insuficientes, mas a lei de limite de gastos impede um aumento. O importante é aplicar bem o recurso disponível, escutando as demandas do setor.
E parece que o seguro rural continua sendo um problema sem solução...
Precisamos melhorar a amplitude da cobertura do seguro. Se tivermos uma apólice que dá cobertura, o mercado vai confiar e emprestar mais recursos para a agricultura. O plano agrícola americano coloca US$ 8 bilhões anuais na subvenção do prêmio do seguro rural, enquanto no Brasil são R$ 400 milhões. Esperamos que os técnicos comecem a enxergar a produção agropecuária brasileira do tamanho que ela é, e não do tamanho que eles a enxergam.
E os prejuízos causados pelas interrupções de energia, continuam?
Parece que os problemas de energia só pioraram. Quando houve a privatização da Celg, que tinha perdido sua capacidade de investimento, tínhamos esperança de que os problemas fossem resolvidos. Já se passaram dois anos e nada aconteceu. Há poucos dias tivemos uma reunião com a diretoria da Enel e nos pediram um prazo de três a cinco dias para corrigir o problema das interrupções. Mas parece que só piora. Temos reclamações de propriedades que ficam até oito dias sem energia. Produtores continuam perdendo milhares de litros de leite que não é resfriado. Quem tem galpões para alojamento de frangos está soltando os animais no campo para que eles não morram de calor. Vamos buscar medidas mais enérgicas junto à Aneel e ao Ministério das Minas e Energia. Não pode ficar como está.
Informações e imagens: O popular
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