Texto: Gilmara Roberto
Fotos: Larissa Melo
A Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) apresentou a produtores de leite do Estado números referentes à produção de leite em Goiás nos pr
imeiros meses do ano. Em reunião realizada pela Comissão de Pecuária de Leite na última sexta-feira (13/02), produtores trataram de um cenário de cautela para 2015: o preço pago pelo leite, o menor desde 2011, e os altos custos de produção exigirão gerenciamento rigoroso da atividade.
Desde setembro do ano passado, produtores vêm sofrendo com a baixa nos preços do leite, que não foi repassada ao consumidor final pelo varejo. Apesar da queda dos derivados lácteos, as margens da indústria são mantidas uma vez que o setor repassa a queda aos produtores. Enquanto laticínios pagam entre R$ 0,65 a R$ 0,90 ao produtor pelo litro de leite, o consumidor final encontra o alimento na faixa de R$ 2,42. Em consequência à alta nos preços da alimentação animal, os custos subiram 30% para o produtor, enquanto que indústria e comércio pouco reduziram sua margem de lucro. Isso fez com que a diferença de preço pago pelo produtor não refletisse nos preços das gôndolas.
Controle da crise
Para enfrentar o momento de crise nos preços nesse início de 2015, o gerente de Estudos Técnicos e Econômicos da Faeg, Edson Novaes repassou aos produtores que a o gerenciamento dos custos e a verificação do retorno da produção sejam preocupações diárias do produtor. Entre as medidas que podem ser tomadas para melhor gestão da produção está o descarte de animais, principalmente vacas secas e vazias ou de bezerras e novilhas (animais improdutivos), caso mais de 40% do rebanho seja formado por esses animais. Planejar a lactação dos animais no período de seca, investir nas pastagens para a estiagem e produzir o concentrado para a alimentação animal na propriedade são outras medidas. Edson destacou ainda que a venda de animais gordos para abate aproveitando o momento por que passa a pecuária de corte é uma alternativa para gerar renda e diminuir custos. O gerente alertou que todas as medidas devem ser tomadas com a orientação do técnico que assiste a propriedade.
Para o presidente da Comissão de Pecuária de Leite, Antônio da Silva Pinto, a atuação da Faeg tem sido fundamental para auxiliar produtores do Estado a passar pelo momento de crise. “A Faeg tem mostrado que para a população que não justifica os preços terem caído para o produtor e não ter caído para ela. Sabemos que será um ano de crise e agora é fundamental conhecer o rebanho, o gado e a produção local”, avaliou.
Transparência
Produtor de leite do município de Ipameri, Jair Inácio de Oliveira Júnior destacou a necessidade de se desenvolverem novas estratégias para que as relações entre produtor e laticínio adquira maior transparência. “Hoje nós somos obrigados a aceitar as condições impostas pelo laticínio no que tange a questões como coleta de amostras de leite, por exemplo. Cobramos um pouco mais de seriedade e transparência para que o produtor deixe de ser esse elo mais fraco da cadeia, que vem tomando seguidos prejuízos”, considerou.
O produtor sugeriu ainda aperfeiçoar o mecanismo de contraprova da qualidade do leite. Para Jair Inácio, é preciso que as ferramentas possam oferecer ao produtor a possibilidade de reavaliar o diagnóstico do leite oferecido pela indústria. “O laticínio leva todo o leite e diz se ele tem qualidade ou não. Se porventura o leite apresentar algum problema não temos como questionar”, mesmo fazendo a contra prova, informou.