Cristiano Palavro com Gecom Faeg
Nesta semana tivemos a divulgação dos principais relatórios de safra no Brasil e nos Estados Unidos, trazendo importantes atualizações sobre as projeções da atual e da próxima safra de grãos. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgaram seus levantamentos de maio, apresentando novidades em relação aos números da safrinha de milho, que está em pleno desenvolvimento, e para o fechamento da produção de soja, que já está em fase final de colheita.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) também divulgou o fechamento dos números da safra 2014/15 e a primeira projeção para a nova safra, 2015/16, que já está sendo plantada por lá.
Produção de soja cai em Goiás
A safra de soja já caminha para fase final em grande parte do país, e com o avanço da colheita os números apontam para resultado recorde neste ano, com uma estimativa de produção de 95,1 milhões de toneladas, 10% maior do que no ano anterior. Este resultado positivo se deu em função da elevação na área plantada neste ano (4,6% maior que 2013/14) e o resultado de produtividade 5,6% maior, mesmo com os problemas de seca e excesso de chuva, enfrentados em algumas regiões.
“Em Goiás a situação é adversa, pois o estado foi o mais afetado pela seca no início de 2015. Apesar de um crescimento de 4% na área plantada com soja, chegando aos 3,25 milhões de hectares cultivados, a produção não apresentou crescimento. Afetadas pela estiagem e altas temperaturas no mês de janeiro, que prejudicou fortemente a fase de enchimento de grãos da cultura, as lavouras goianas registraram a produtividade média mais baixa dos últimos anos, fechando em aproximadamente 44 sacas por hectare, resultado bastante negativo”, afirma Cristiano Palavro, consultor técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) para a área de Cereais, Fibras e Oleaginosas.
Cristiano explica que outro fator agravante foi o excesso de chuvas durante o período de colheita, principalmente na região Centro-Norte do estado, atrasando a operação e trazendo perdas na qualidade dos grãos. “Por estes motivos, ao contrário da safra a nível nacional, Goiás deve obter uma produção menor de soja neste ano, sendo estimada uma produção de 8,5 milhões de toneladas, resultado 3,5% menor do que o alcançado na safra 2013/14”, afirma.
Milho safrinha em Goiás deve superar 2014
Mesmo com o atraso no plantio de soja em outubro e o atraso nas colheitas nos últimos meses em função das chuvas, Goiás ainda apresentou um bom crescimento na sua área plantada de milho no período de safrinha. Impulsionados pelo momento interessante no mercado de milho, os produtores goianos avançaram o plantio do cereal além do período ideal para a cultura, impulsionando o crescimento de 2,6% em relação à safra 2013/14, chegando aos 1,15 milhão de hectares, segundo o IBGE.
O atual levantamento indica que a produção total no período de safrinha deve chegar aos 6,68 milhões de toneladas, resultado 6,9% menor que na safra 2013/14. Isso se dá, pois, este levantamento ainda não está levando em consideração o excelente desenvolvimento das lavouras nas principais regiões produtoras do estado, influenciado pelo bom volume de chuvas nas últimas semanas. “Sendo assim, é esperado que, à medida que a safra evolua, a produtividade média estimada deva crescer, alavancando a produção total de milho, que deve superar o resultado do ano passado”, completa Cristiano.
Safra americana
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou seu primeiro levantamento sobre a nova safra americana na última semana. Muito aguardado por todo o mercado a nível mundial, o último relatório aponta um avanço da área plantada de soja, em detrimento ao cultivo do milho, em função principalmente da maior remuneração da oleaginosa.
Para a soja, o USDA aponta uma elevação de pouco mais de 1% em relação ao ano passado, chegando aos 34,24 milhões de hectares cultivados. Apesar disso, a expectativa até o momento é de que a produção fique menor do que no ano passado, em função de um resultado menos positivo na produtividade. O ano passado foi de clima muito favorável para as lavouras americanas, resultando em uma produtividade média de 54,2 sacas por hectare, o que gerou uma produção total de 108,2 milhões de toneladas.
Já para esta safra 2015/16, o USDA acredita numa produtividade um pouco inferior, de 52 sacas por hectare, reduzindo assim em 3,2% a produção total, sendo estimada até o momento em 104,72 milhões de toneladas. O plantio de soja está avançando nos Estados Unidos neste momento, e já está em cerca de 50% já concluído.
No caso do milho, o novo relatório do USDA traz uma expectativa de queda na área plantada, na produtividade e na produção total. O levantamento aponta uma redução de 1,5% na área de milho, chegando aos 36,1 milhões de hectare. A produtividade média deve reduzir de 180,97 sacas por hectare para as 177,85 sacas por hectare, resultando em uma produção total de 4,3% inferior a 2014, com 346 milhões de toneladas de milho produzidas nos Estados Unidos. O plantio avança rapidamente, e 85% da área total já foi semeada.
A nível mundial, o USDA estima que a produção de soja deva ficar estável neste ano, mantendo o patamar de 317 milhões de toneladas produzidas, o que deve elevar os estoques mundiais, pressionando ainda mais os preços da oleaginosa no mercado mundial. Para o milho, a produção mundial deve ter uma leve redução neste ano, chegando aos 989 milhões de toneladas produzidas, mantendo os estoques finais nos mesmos patamares do ano passado.