“O que falar de um cidadão de 67 anos, que em sete hectares de terra tira 450 litros de leite? É muito importante, um exemplo a ser seguido. Seu Geraldo não é só produtor de leite. Ele é o garoto propaganda do Senar Goiás”, diz o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Acre (Senar Acre), Mauro Marcello Gomes, durante visita à propriedade do produtor de leite, Geraldo dos Santos, que ocorreu nesta quinta-feira, 10 de agosto. A propriedade do produtor Adélio Ribeiro, em Petrolina, também recebeu visita. O objetivo destas duas visitas foi de mostrar à Comitiva do Senar Acre o trabalho de difusão e transferência de tecnologia em propriedades goianas, que obtiveram resultados satisfatórios, por meio do Senar Mais, e que poderão ser modelos para o Brasil.
A reunião contou ainda com a presença da coordenadora técnica do Senar Acre, Ilcilene Andrade, e também do gerente de agronegócio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Acre (Sebrae Acre), Nilton Luiz Cosson. Segundo Marcelo, o intuito de conhecer o programa Senar Mais é que o trabalho de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) seja implantado também no Senar Acre, no próximo ano. A princípio, o programa será iniciado na cadeia de leite, com 200 produtores. “Estamos felizes por vir aprender aqui em Goiânia. Queremos comprovar os resultados deste trabalho, já que a temperatura daqui é praticamente igual a do nosso estado. Estamos motivados a implementar e implantar o Senar Mais em nossa região”, explana o superintendente.
Exemplo a ser seguido
Mais do que crescer no ranking nacional e municipal, o programa Senar Mais resgatou a dignidade de Geraldo dos Santos. Há cinco anos, o produtor de leite recebe ATeG. Hoje, ele está no ranking de qualidade de leite de seu município, se destacando como terceiro. No início do programa, em 2012, ele tirava apenas 230 litros por dia. Agora, sua produção leiteira chega a 470 litros de leite por dia. Para ele, o segredo do sucesso é buscar aprender sempre mais. “Minha vontade sempre foi sair do grupo de 83% de produtores rurais que não recebem assistência técnica. Consegui, porque além de arregaçar as mangas e trabalhar, busco conhecimento. Fiz mais de quatro mil horas de cursos, por isso, é preciso dedicar e não parar jamais”, afirma o produtor.
Com 60 anos de experiência, na profissão leiteira, Geraldo diz que antes era tirador de leite, mas por meio do Senar Mais, tornou-se produtor de leite. “Ser produtor é bem mais difícil. Mas é meu dever colocar o ‘branquinho’, que roubo do bezerro, nas mesas do brasileiro. Tem que ser o leite de primeira qualidade. Então, optei em trabalhar no horário das vacas. Isso aumentou minha produção, já que começo às cinco da manhã e às cinco da tarde tiro mais leite”, explica.
A técnica do Senar Goiás, a zootecnista Kélen Sousa Alves, que acompanha os resultados da propriedade de Geraldo, diz que em Bela Vista o programa surgiu em abril de 2011. O programa se mantém por meio de parcerias. A cada um real investido pelo parceiro, o programa devolve R$ 40 ao município. Atualmente, o Senar Mais conta 12 produtores assistidos nesta região. “Desde que iniciamos o programa, o município obteve um resultado de 72% de incremento, de aumento de produção. É claro, que queremos que o ranking da produção leiteira em nosso município aumente, mas queremos antes que a vida do nosso produtor rural mude”, pontua.
Resultados
Quem tem motivos de sobra para comprovar tais resultados é o engenheiro mecânico e produtor rural de Petrolina de Goiás, Marcos Paulo Ribeiro, de 28 anos. Ele é filho do produtor Adélio Ribeiro Rosa, dono da propriedade em Petrolina. Desde 2012, ele é beneficiado pelo programa. Um dos destaques para seu sucesso no campo foi a implantação da irrigação em sua propriedade, numa área de 4,5 hectares, localizada a dez quilômetros de Petrolina. A propriedade conta agora com um sistema de irrigação por aspersão. “Nossa irrigação é dividida em cinco setores, num ciclo de cinco dias. Ela é feita à noite, no período de 12 horas. O bombeamento da água inicia às 19 horas e se encerra às sete e a cada noite um setor é irrigado”, explica Marcos Paulo.
O técnico responsável que orienta o produtor Marcos Paulo é o médico veterinário, Leandro Fernandes Braga. “As instalações e montagem do sistema foram feitas no início deste ano. Assim que cessou a chuva começamos a irrigação e hoje estamos vendo seus benefícios”, diz. Atualmente, é irrigado um módulo de grama, numa área de 2,7 hectares e o capim Mombaça, em 1,8 hectares de terra. “Temos dois módulos de gramas, mas queremos trocar o Mombaça pela grama. Já que a jiggs possui um teor de fibra menor e suporta uma lotação maior por hectare”, afirma Leandro.
Assistência assistida
Segundo o gerente de ATeG do Senar Goiás, Guilherme Bizinoto, o Programa Senar Mais atua em todas as regiões de Goiás. No total, são 1,2 mil produtores distribuídos em sete cadeias produtivas - apicultura, fruticultura, horticultura, ovinocaprinocultura, pecuária de corte, pecuária de leite e piscicultura. “Somam 70 técnicos de campo que assistem os produtores rurais mensalmente”, explica.
Para o consultor e engenheiro agrônomo do Senar Goiás, Carlos Eduardo Freitas, se o trabalho não for feito com muita disciplina o produtor acaba deixando a atividade. “Quando chegamos na propriedade de um produtor que opta em permanecer na atividade, que quer dar continuidade aos negócios do campo, isso é um exemplo de sucessão familiar. Não é apenas a ATeG que faz a diferença, mas a vontade do produtor. Para isso, precisamos de um insumo muito importante, o conhecimento. Espero que isso seja a grande motivação para que o Senar Acre obtenha os resultados esperados deste maravilhoso programa”, finaliza.
Texto: Juliana Barros
Foto: Fredox Carvalho