Porangatu foi a última cidade a receber nesta quarta-feira (15), o ‘Fórum de Comercialização e Mercado Agrícola 2017’, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), em parceria com os Sindicatos Rurais (SRs). Localizada no Norte do Estado, o município possui, atualmente, uma área plantada de soja em torno de 16 mil hectares e uma produção somada em 45 mil toneladas. A região é tida também como detentora do processo de produção do sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), já que atua fortemente no setor pecuário, e vem intensificando cada vez mais a entrada de lavouras nos últimos anos.
De acordo com o consultor agrícola, Ênio Fernandes, apesar da modalidade ser nova no Brasil, a opção por este tipo de processo reduz o custo da pecuária e também da agricultura, tanto da soja como o milho. Ele explica que por este motivo o produtor obtém um aumento em sua produtividade. “A partir do momento que a soja deixa resíduos minerais e fertilizantes que podem ser aproveitados, o produtor obtém maior produtividade, porque ele deixa ‘palhadas’ no solo”, sinalizou.
Oportunidades
Para ele, o sistema de ILP protege o terreno e faz com que haja uma maior produção de soja, possibilitando também que o capim cresça de maneira mais rápida, alimentando o boi e produzindo também carne nesta área. “O produtor passa a ter uma, duas e até três rendas na mesma área. Isso aumenta a renda do município, da região e a do produtor. É claro, que o produtor precisa estar bem informado sobre o mercado de soja, milho e pecuária para tentar comercializar melhor”, explica. Outra grande chance sinalizada por Ênio, em termos de produção de integração, é que ao invés do produtor ter produtividade, apenas, de safra e safrinha, ele passa a produzir também carne, otimizando a área de produção e aumentando a renda do produtor.
Em relação a Porangatu, o consultor diz que pelo fato da região ser bem mais quente, quando comparada a regiões que tradicionalmente produzem soja, o processo de ILP é bem mais dinâmico e permite melhores resultados de produtividade. “A evapotranspiração – água que sai do solo para o céu, devido a alta temperatura da região –, favorece este processo e o local é também rico em produção de gado de corte”, exemplificou.
Produção integrada
O produtor Valdomiro Rodante Júnior, atua na pecuária de corte e planta soja, em Porangantu. Segundo ele, o ILP é muito importante, devido a grande quantidade de pastagens degradadas existentes na região, que demanda bastante investimento em calagem e adubação. “A integração barateia este custo, melhora o solo, gera rentabilidade e consequentemente oferece uma pastagem muito melhor, devido a correção e a adubação do solo que é feita” destacou.
João Antônio Zambianco, produtor de grãos e pecuária de corte, também da região de Porangatu, diz que buscou integrar a lavoura com a pecuária, por conta da necessidade de obter maiores ganhos em seu produto. Prova disso, é que ele adquiriu há pouco tempo uma máquina capaz de produzir feno de soja, permitindo a engorda dos gados. “A opção me permitiu triplicar minha quantidade de gados, por isso, pretendo ampliar meu negócio, por meio de resíduos das lavouras de soja, com o intuito de que este boi dependa da agricultura”, detalhou Zambianco.
Além disso, segundo ele, a opção pela Integração Lavoura-Pecuária, permite que haja uma melhoria na rentabilidade, agregando valor ao produto, que antes era desperdiçado. “É claro que a palha no solo é importante, sobretudo, para o plantio direto, mas temos outras fontes para fazer essa palha no solo, como exemplo, a braquiária ou o milheto. Existem outras formas de usar a palha da soja, até com mais qualidade”, disse.
Ainda em relação ao ILP, o produtor destaca a importante contribuição do clima de Porangatu para este processo. “O clima do nosso município favorece a Integração Lavoura-Pecuária. Prova disso, é que todos os anos consigo colher até três safras, dentro da área de pivô que possuo, porém são poucas regiões que permitem isso. Posso dizer também que agora terei até uma quarta safra, com a presença de boi, que está comendo parte desta palhada”, sinalizou João Antônio.
Comercialização
Para o presidente do Sindicato Rural (SR) de Porangatu, Gustavo Dourado, trazer o fórum para a região Norte de Goiás é uma excelente oportunidade para que os produtores aprendam mais sobre como comercializar o seu produto. “O fórum permite que os trabalhadores rurais de nossa região se atualizem sobre o mercado de grãos e saibam como comercializar seu produto e quais as perspectivas em relação aos preços do milho e soja”, destacou.
O primeiro vice-presidente da Faeg, Bartolomeu Braz, considera importante a participação do município de Porangatu no fórum e destaca o papel da Faeg e entidades parceiras em trazer encontro como estes para o Estado. Segundo ele, Porangatu é um dos polos mais importantes do Norte, uma das últimas fronteiras agrícolas. “A cidade comporta várias lavouras de agricultura. Aqui tem também uma pecuária muito forte com excelentes produtores rurais, mas é importante que o município tenha outras oportunidades, como exemplo, a Integração Lavoura-Pecuária, agricultura de baixo carbono, gerando renda, emprego e uma economia forte para o Estado”, explicou.
Texto: Juliana Barros/ Fotos: Larissa Melo