O ano de 2017 entrará para a história da pecuária de corte brasileira, mas, infelizmente, de maneira lastimável. Com todos os fatos ocorridos, desde a operação Carne Fraca até o depoimento do dono da maior empresa de proteína animal do mundo, o setor sofreu uma das piores quedas da arroba do boi gordo. Para termos uma ideia do impacto causado, o mês de julho de 2016 apresentou um valor de R$155,60 por arroba, já julho de 2017, o preço foi de R$124,50, uma queda de 20%. Quando analisamos todo o ano de 2016 e comparamos com o ano passado, a queda média foi de 9,22%, a maior dos últimos 10 anos.
Por meio deste fato histórico, qual lição devemos tomar diante de uma situação que foge de nosso controle, já que a interferência não foi somente uma questão de oferta e demanda? Mesmo se assim o fosse, e com algumas informações de mercado em tempo real, poderíamos minimizar o problema, contudo, será que conseguiríamos suportar uma pressão de custos sem fazer algo? Desta forma, amigos leitores, só há uma atitude a tomar para conseguirmos escapar de desastres similares: aplicar a tão falada gestão, buscando um equilíbrio entre margem e produtividade do sistema.
Um estudo realizado pela CNA e Sebrae nos municípios de Lucas do Rio Verde, Sinop e Sorriso, no Mato Grosso, mostrou que 93% dos pecuaristas não possuem um planejamento formal de longo prazo para definir a orientação e os rumos da fazenda com o passar dos anos. A aplicação de tecnologias palpáveis na propriedade, a fim de promover melhorias nos indicadores zootécnicos e econômicos do sistema, só tem sentido quando estamos tomando nota das métricas que estão à nossa disposição, buscando meios de mensurar o caminho do planejamento estratégico. Como implantar um sistema intensivo de pastagens, por exemplo, para elevar a taxa de lotação da área e consequentemente sua produtividade, se os gestores não sabem o que está ocorrendo com a parte econômica, nem mesmo qual seria o equilíbrio de ganho de peso para viabilizar o processo? É como jogar xadrez no escuro, sem condição alguma de sucesso e vitória, porém, o xadrez é apenas um jogo e a pecuária é, mais do que nunca, um negócio que precisa ser gerido com muita disciplina e eficácia para o alcance do seu potencial de lucro.
Entretanto, como e por onde começar? Temos o habito de buscar alternativas complexas imaginando que estaríamos no topo do gerenciamento do nosso negócio, todavia, nestas horas precisamos seguir o que certa vez disse um professor de arte alemão, Hans Hoffmann: “a habilidade de simplificar significa eliminar o desnecessário para que o necessário possa se manifestar”. Desta forma, comece por anotar todas as despesas e receitas de sua propriedade, pois, somente com estas duas anotações, você já terá condição de saber seu fluxo de caixa e margem bruta (receitas menos despesas operacionais) e assim ter uma visão muito considerável da saúde financeira de sua atividade.