No Brasil, o período de julho a setembro é considerado crítico por causa da seca e, em consequência disso, torna-se grande o risco de queimadas, principalmente em lavouras e propriedades rurais. Portanto, é importante discutir esse tema conscientizando a população e o produtor rural dos cuidados a serem tomados diante dessa situação.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Goiás o bioma cerrado ocupa 97% da área do estado, e apesar de ser um dos biomas mais ricos, é também um dos mais ameaçados do mundo em termos de perda de cobertura vegetal remanescente, sendo que 50% dessa perda é devido às queimadas. De 2011 a 2016 foram detectadas por satélite, em média, 5.567 focos de calor ativos, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e foram atendidas em média 5.531 ocorrências de combate a incêndio em vegetação por ano pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBMGO).
Além do prejuízo econômico, por destruir áreas produtivas, pode provocar danos ambientais com a morte de animais silvestres, destruição de matas nativas, alteração da paisagem, erosão do solo, riscos às rodovias, dentre outros prejuízos. E a ausência da vegetação nativa nos cursos d’água acarreta a perda na qualidade e quantidade hídrica. Sendo o Cerrado o berço das águas, devido suas inúmeras nascentes e formadora das principais bacias hidrográficas, esse bioma merece atenção e cuidados especiais na sua proteção.
A aplicação da legislação vigente, informações sobre os riscos de incêndios, criação de brigadas e ações preventivas, sobretudo em período de seca, são cuidados essenciais para evitar que o fogo fuja de controle. A redução dos riscos de incêndios pode ser feita de diferentes maneiras, uma delas é a construção e manutenção de aceiros, uma faixa livre de vegetação que deve ser mantida limpa e trafegável, entre divisas de propriedades e principalmente entre lavouras e áreas de vegetação nativa. É importante também a manutenção das margens das rodovias (faixas de domínio) que são de responsabilidade do poder público, para evitar que incêndios acabem ocasionando acidentes terríveis nas estradas.
De acordo com o código florestal é permitido o uso de fogo em algumas situações, como locais ou regiões cujas peculiaridades justifiquem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, desde que com autorização do órgão ambiental; e em casos de combate ao próprio fogo, o chamado “fogo contra fogo”.
Sabendo da importância de ações preventivas e com o objetivo de sensibilizar o maior número de pessoas, principalmente os proprietários rurais, o Sistema Faeg/Senar fez parceria junto à Operação Cerrado Vivo promovida pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, que visa diminuir os possíveis efeitos negativos da temporada de estiagem em nosso estado. Esse projeto começou em maio com foco na prevenção de incêndios em vegetação. São realizadas ações de prevenção, controle e extinção de incêndios e também é realizado trabalho educativo junto à população com a distribuição de panfletos e cartilhas educativas, realização de palestras e oficinas de confecção de abafadores em todo o Estado, em especial em áreas rurais.
No ano de 2017 houve um decréscimo no número de atendimentos relacionados as queimadas em comparação ao ano de 2016. Isto é fruto do excelente trabalho de prevenção que o CBMGO vem desenvolvendo junto à sociedade. Desta forma, essa parceria é de grande valia para auxiliar na ponte entre o produtor rural e o Corpo de Bombeiros Militar, fortalecendo o projeto e atingindo seus objetivos de uma forma mais rápida.