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23 de agosto 2023

Utilização de bioinsumos em dietas de alto grão para bovinos de corte em confinamento

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Os aditivos são produtos usados na alimentação na animal como substância, microrganismos ou produtos formulados que são adicionados como um ingrediente para compor a dieta, podendo ou não ter valor nutricional. Porem há a expectativa de melhoria no desempenho animal, na saúde e que atenda às necessidades nutricionais. Diante disso os aditivos são classificados como tecnológicos, sensórias, nutricionais e zootécnicos. (MAPA, 2022). A demanda crescente por alimentos produzidos com menor impacto ambiental e o conflito entre a Russia e a Ucrânia, afetou o fornecimento de insumos ao nosso país. Embora a Rússia não tenha suspendido a entrega do suplemento ao Brasil, como consequência da guerra, há dificuldades de transporte e pagamento desses insumos uma vez que os bancos russos foram excluídos dos swift, o principal sistema de finanças mundial (CNN Brasil, 2022). Nesse aspecto a demanda por investigações nessa temática e crescente. O programa nacional de bioinsumos, foi constituído para apoiar o desenvolvimento de bioinsumos e fortalecer a cadeia pecuária a agrícola voltada a produção sustentável com uma vertente mais autônoma ao produtor rural, com possiblidades de produção de bioinsimos on farm (MAPA, 2020).

A produção de bovinos de corte, em sistema de confinamento, e uma estratégia importante empregada pelos pecuaristas para contornar a época de escassez de pastagens enfrentada em algumas regiões do país, incluindo o Cerrado. Neste bioma, o período classificado como inverno apresenta características climáticas que não favorecem o crescimento vegetal pela ausência de chuvas e temperaturas noturnas baixas iguais ou menores que 15°C. Esses fatores climáticos, impulsionam a busca de novas alternativas de criação de animais. Nessa época do ano e necessário além da pastagem, outras alternativas de criação animal, como o confinamento e semi-confinamento. Visando o sucesso e a economicidade do sistema de confinamento, o uso de dietas utilizado o grão inteiro de milho adicionado de aditivos clássicos como lasolocida, virginiamicida e monensina sódica; propõe-se o uso de bioinsumos de fontes derivadas de óleos funcionais, leveduras, extratos vegetais. Esses aditivos podem alterar a dinâmica fermentativa ruminal e selecionar grupos específicos de microrganismos, permitindo que os alimentos sejam utilizados mais eficientemente. É importante ressaltar que animais zebuínos, quando comparado aos taurinos, são propensos a distúrbios metabólicos ao ingerir alimentos com alto teor de amido levando a respostas inconsistentes com o fornecimento de dietas de alto grão.

De acordo com essa demanda foi executado um estudo no confinamento experimental da Universidade Federal de Goiás, Goiânia-GO, utilizados cinco bovinos com idade média de 3 anos, machos, castrados e mestiços nelores. Foram avaliados cinco tratamentos :T1 controle- concentrado proteico contendo virginiamicina (25 mg de virginiamicina/kg de MS da mistura); T2 - óleos essenciais (150 mg de óleos essenciais/kg de MS); T3 – tanino de Quebracho (Schinopis sp) (1,5 g de tanino/kg de MS); T4 - fracionado de leveduras (Saccharomyces cerevisiae) (7 g de fracionado de leveduras/cab/dia) e T5 - tanino mais óleos essenciais (tanino 1,5g/kg de MS + 150 mg de óleos essenciais/kg de MS). As rações compostas por 15% de concentrado proteico contendo os aditivos, de cada tratamento estabelecido, e 85% grão de milho inteiro. A oferta inicial da ração com grão de milho inteiro (85%) foi de 2% do peso vivo mais feno de Tifton 85 à vontade, o aumento da ração de alto grão foi com o acréscimo de 0,5 kg a cada dois dias. Concomitantemente foi feita a retirada gradativa do feno, (Barbosa et al, 2011). Foram observadas as variáveis de consumo, pH ruminal, consumo de MN, degradação in situ, amido fecal e nitrogênio ureico no sangue. Com os dados analisados pôde concluir que os dados de consumo com o aditivo virginiamicina não foi diferente em relação aos bioinsumos utilizados. Em relação ao pH ruminal deve estar no intervalo de 6,2 a 6,8 , no estudo foi observado pH de 6,5 satisfatório para a manutenção da atividade dos microrganismos ruminal.

Quando se adiciona leveduras na dieta há o desaparecimento da fibra digestiva neutra após 6h de incubação e a degradação do alimento interfere em dois processos digestivos, como a taxa de passagem e a taxa de degradação do alimento. Os taninos condensados são capazes de reduzir a degradação ruminal da proteína e aumentar a quantidade de aminoácidos no intestino, melhorando o desempenho animal. O tratamento com tanino+óleos essenciais, apresentaram as maiores concentrações de nitrogênio ureico no sangue e amido nas fezes. Com esse estudo pode-se concluir que o uso de bioinsumos, em dietas de confinamento com milho grão inteiro, para bovinos de corte, conferiu efeitos semelhantes à virginiamicina, para consumo da MN, pH ruminal, taxa de consumo, degradação in situ amido fecal e nitrogênio ureico no sangue. Este experimento mostrou interessante, pois os tratamentos indicaram uma possibilidade de utilização desses bioinsumos não afetando as variáves estudadas, conseguindo manter a saúde ruminal em dietas de milho inteiro em confinamento.

Este artigo foi escrito por Marcelo Penha Silva, médico veterinário, mestre em desenvolvimento sustentável- UEG Campus Oeste e analista de mercado do IFAG, juntamente de Alliny das Graças Amaral, professora e orientadora do mestrado em produção animal e forragicultura da Universidade Estadual de Goiás- Campus Oeste e com colaboração de Flávio Castro, médico veterinário e também Milton Luiz Moreira Lima, professor e pesquisador da Universidade Federal de Goiás na Escola de Veterinária e Zootecnia

imagem: divulgação

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