Fruticultura desempenha papel estratégico na economia de Goiás

Além de diversificar a matriz produtiva, gera emprego, renda e promove sustentabilidade. Exportações de frutas, como a melancia, são uma prova do potencial do Estado

Goiás vive um momento muito positivo na produção agrícola, com atenção à fruticultura, que tem sido um pilar importante para o crescimento econômico do Estado. Além da melancia, há também o abacaxi, a manga, o maracujá, entre outras culturas que têm se destacado. Segundo dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a exportação de frutas chegou a quatro milhões de toneladas em 2023, tornando o Estado o 17º no ranking de exportações. Em 2022, Goiás foi o maior produtor nacional de melancia, alcançando a marca de 239 mil toneladas, conforme revelado pelos últimos dados da Produção Agrícola Municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PAM/IBGE).

O município de Jussara, localizado no Noroeste goiano, na microrregião do Rio Vermelho, tem se destacado na produção da melancia. Hoje, são 30 produtores que estão cultivando a fruta na região. Muitos deles migraram de Uruana, conhecida como a capital da melancia, outros de Itapuranga, Itaguaru, Jaraguá, Ceres e Carmo do Rio Verde, segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio.

O agricultor Thiago Silvério, em sociedade com outros três produtores, iniciou em fevereiro deste ano a atividade. Ele comemora o investimento na cultura, já que estão na terceira roça neste ano. Thiago está há 14 anos na atividade, começou em Uruana e migrou para Jussara há 11 anos. “A melancia gosta desse clima mais quente e uma terra mais arenosa. A qualidade da melancia fica melhor, uma casca mais lisa, a polpa mais vermelha e saborosa mais rapidamente. Outra coisa que conseguimos aqui é antecipação de colheita. Por exemplo, em Uruana são 90 dias, aqui [em Jussara] você tira com 60, 75 dias por causa do calor, conseguimos adiantar bem a lavoura”, conta Thiago.

Outro fator que influenciou a chegada de muitos produtores em Jussara foi para fugir de pragas que se instalaram no campo dificultando o manejo. Entre elas Anastrepha grandis, uma espécie de mosca-das-frutas, em cultivos de cucurbitáceas, como melancia, melão e abóbora. O município goiano este ano foi incluído no Sistema de Mitigação de Risco (SMR) para a praga, sendo o 17º a receber o status que permite a exportação desses frutos para países que têm restrições quarentenárias com relação à praga.

Pedro Henrique Santos Tavares, um dos sócios, garante que ampliar a produção está entre os objetivos pensando na exportação do produto. “Estamos com os documentos em processo avançado. O trabalho agora é de atrair algumas empresas do exterior para vir comprar essa melancia que produzimos. Para isso, precisamos que elas venham conhecer a nossa produção, porque produzindo com qualidade e ampliando volume já estamos fazendo para que outros países recebam a melancia de Goiás”, comemora Pedro.

No cenário internacional, o Estado ocupou a sétima posição entre os maiores exportadores de melancia, registrando a venda de 1.361 toneladas e gerando uma receita de US$ 106,7 mil em Valor FOB, de acordo com as informações do Agrostat do Mapa para o ano de 2023. Os principais destinos das exportações de melancia goiana incluem Paraguai, Uruguai e Argentina.

A Assistência Técnica e Gerencial (AteG) do Senar Goiás acompanha os produtores desde o início deste ano, o que vem contribuindo para o aumento na produtividade e gestão da sociedade. Além disso, foi necessário um investimento na irrigação por gotejamento, neste primeiro ano, segundo a técnica de campo do Senar Goiás, Mellânia Pereira Assunção, que assiste os produtores na AteG Fruticultura. “Trabalhamos com melancia. Na primeira área, com quatro alqueire, conseguiram fazer 40 toneladas por hectare. Foi a maior produtividade para essa safra que teve início agora em setembro e estamos prevendo 70 toneladas por hectare. Na primeira safra, esse ano, saíram 22 caminhões por alqueires e a expectativa é de que saiam daqui, agora, 26 caminhões por alqueires. Nossos solos são excelentes, garantem uma fruta de extrema qualidade, frutos pesados, coloração e peso fantásticos. Isso é um privilégio, mas algumas adequações se fizeram necessárias para viabilizar a produtividade maior”, informa.

Ela conta, ainda, que o trabalho está sendo complementado com outras variedades de frutas como abacate, melão, maracujá, banana, banana maçã, banana prata e abacaxi. Neste ano, teve início a produção em fase de teste de melão, o que possivelmente aumentará ainda mais a produção.

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio de Jussara, Silvio José Lopes, reforça que isso representa um grande avanço para o município. “Como a plantação de algumas frutas no Brasil é isenta de imposto, em que a melancia se inclui, o benefício que os produtores trazem para Jussara e região é um alto índice de geração de emprego, pela exigência de grande mão-de-obra, alcançando assim o desenvolvimento para o município. Ou seja, é o dinheiro de fora entrando para o nosso município, e isso é muito importante”, afirma Silvio.

A produção de frutas no Cerrado traz alguns desafios, muitos deles vencidos com ajuda de profissionais do Senar Goiás. Na região de Cristalina, o técnico de campo do Senar Goiás, Gilmar Agnaldo, atende produtores de maracujá, citros, uva, mamão e pitaia, e está implantando, manga, melancia e goiaba. Trabalho que se estende ao controle de pragas e doenças, com preventivos, curativos, tratos culturais (poda condução, poda produção) e adubações via solo. “A fruticultura de Cristalina é uma realidade para o pequeno produtor, médio produtor e grande produtor. Cristalina tem o clima favorável, altitude, solos planos, fácil acesso, água em abundância e acesso ao mercado favorável dos grandes centros”, pontua Gilmar.

O produtor Edson Ferrari está há nove anos na fruticultura, tendo iniciando os trabalhos com uva em estufas da variedade Niágara, goiaba tailandesa vermelha e citros, consorciado com o mamão híbrido tainunga (formosa), onde gera empregos diretos e contratações temporárias. Toda comercialização é feita pelo produtor e sua esposa, nos supermercados, sacolão e feira em Cristalina. Edson insistiu na atividade e conseguiu evoluir graças à assistência técnica especializada. “O começo foi difícil, não tinha conhecimento de produção de uvas aqui, tive que aprender tudo, buscar consultoria. Confesso que apanhei muito com a goiaba, devido a mosca-das-frutas. Mas hoje estamos sem problemas, começamos com os saquinhos de papel manteiga, o que aumentou a qualidade do fruto. Deixei a soja e comecei em 2016 com uvas, 2018 goiabas, 2023 citros e mamão, tudo irrigado. Hoje, tenho um hectare de uvas, podadas em etapas, fazendo duas safras anuais, divididas em 6 talhões. Um hectare de goiaba, dividido em três talhões. Meio hectare de limão, três hectares de laranja-bahia e meio hectare de mexerica (fuxiqueira). As goiabas e uvas produzindo e estou muito satisfeito”, comemora.

Vão do Paranã

O projeto de Fruticultura Irrigada do Vão do Paranã, no Nordeste Goiano, é um exemplo de como a produção de frutas pode ser valiosa no Estado. Na região, foi criada uma cadeia produtiva robusta, capaz de atender tanto o mercado interno quanto a demanda externa. A fruticultura tem a vantagem de oferecer um retorno financeiro rápido, especialmente para a agricultura familiar, que não precisa de grandes extensões de terra para ser viável. Bons frutos já são colhidos em uma região distante da capital goiana, após a implantação em janeiro de 2023 do projeto. O Governo de Goiás, por meio da Seapa, e parceiros como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás) - que presta Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) ao produtores atendidos -, deu início ao processo de implantação com a elaboração do projeto agronômico, acesso ao crédito, investimento em sistema de irrigação e espaldeiras, assistência técnica, além da identificação, seleção e orientação dos produtores. As ações estão em andamento e buscam fomentar a agricultura irrigada, promovendo o desenvolvimento socioeconômico e inclusão produtiva, com foco nas regiões de baixo IDH. “O Nordeste Goiano é uma região prioritária de desenvolvimento. Além de uma natureza exuberante, o Vão do Paranã tem milhares de famílias que ainda não se beneficiam de todo o potencial que a região oferece para a agricultura. O projeto de Fruticultura do Vão do Paranã representa uma oportunidade única para promover uma agricultura familiar verdadeiramente forte, tecnológica, com geração de valor agregado e integrada aos principais mercados de produtores, centros de distribuição, varejistas e feiras do Estado”, explica o secretário Pedro Leonardo Rezende. “Investir no projeto é uma via de mão dupla: além de levar desenvolvimento à região, proporciona alimento de qualidade através da inclusão produtiva, gerando empregos e renda para famílias do Nordeste Goiano”, complementa.

O projeto inicialmente engloba 148 famílias dos municípios de Flores de Goiás, São João D’Aliança e Formosa. A região, no entanto, abriga cerca de 45 assentamentos e um público potencial de 4,5 mil agricultores familiares que podem se beneficiar do projeto. Foram adquiridos 148 kits de irrigação para agricultores familiares desses municípios. O investimento de R$ 9,3 milhões foi realizado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). No primeiro semestre deste ano, aconteceu a colheita dos primeiros frutos de maracujá do projeto.

Fotos: Fredox Carvalho

Comunicação Sistema Faeg/Senar

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