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Agropecuária: Produção de grãos em Goiás deve cair em 2018

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jose medeirosed. globoO grande atraso na chegada das chuvas este ano deve impactar diretamente a colheita de grãos em 2018. Apesar do aumento de 1,2% na área plantada, a estimativa é de uma produção 2,2% menor por causa da queda na produtividade. Os produtores goianos devem colher 21,3 milhões de toneladas, contra 21,8 milhões na última safra. Enquanto a produção de bovinos, aves e suínos tem perspectiva de elevação em 2018, para o leite a tendência é de queda por conta dos baixos preços praticados este ano.

As perspectivas para o setor agropecuário em 2018 foram divulgadas pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). A estimativa de queda na colheita da próxima safra contrasta com o crescimento de 24,5% da produção colhida este ano, que ficou conhecida como uma ‘super safra’. Na próxima safra, é esperada queda em praticamente todas as culturas. O destaque é para o milho primeira safra, cuja produção deve ser 20,4% menor.

O presidente da entidade, José Mário Schreiner, lembrou que o PIB agropecuário, que cresceu 14,5% este ano, praticamente salvou o PIB brasileiro, que tinha perspectiva de queda. Segundo ele, o setor contratou mais de 64 mil trabalhadores no Estado e deve fechar o ano com saldo positivo de 10 mil novos postos abertos, além de responder por 78% das exportações.

Porém, o aumento da produção veio num momento em que os preços dos produtos caíram, em média, 18% no mercado. Com isso, mesmo produzindo mais, o produtor rural teve queda de 8,8% na renda. O mesmo aconteceu com a pecuária, cujos preços caíram 10% no ano. “A carne bovina enfrentou muitas turbulências no primeiro semestre, que começaram com a Operação Carne Fraca, mas conseguiu se recuperar e deve fechar o ano com crescimento de 6,4% na produção”, ressaltou o presidente da Faeg. Para 2018, as perspectivas continuam boas para a carne, com a estimativa de recuperação do consumo interno e aquecimento da demanda no mercado internacional pelo produto.

A produção de aves, que cresceu 3,5% em 2017 no Estado, com queda de 11,3% nos preços, também deve continuar crescendo. Mas pior foi a situação do leite, cujos preços baixaram 13%, o que desestimulou muito os produtores. Segundo ele, o setor enfrentou alguns problemas, mas com a legislação, com a normativa que permitiu a reidratação do leite em pó que entrou no mercado brasileiro e derrubou os preços. “O governo não percebe que esta é a cadeia produtiva mais importante para o social, que mais gera emprego e renda no País”, alerta Schreiner.

Avanços

Entre os principais avanços contabilizados este ano, estão a redução do ICMS interestadual de bovinos para abate de 12% para 7% e a retirada da pauta de votação na Assembleia Legislativa do projeto de Rastreabilidade Bovina. Mas o presidente da Faeg lembra que o setor continua lutando por velhas demandas, que permanecem como desafios para 2018. Um exemplo é a adoção de uma política plurianual, para 3 ou 4 anos, com ajustes anuais, para que o produtor não fique dependendo dos anúncios anuais de plano de safra para se planejar.

Para ele, o governo também precisa investir mais nos acordos comerciais bilaterais, para que o País consiga ampliar seus mercados. “Há muito potencial de mercados consumidores pelo mundo, mas o Brasil ainda está muito atrasado neste aspecto e perde grandes oportunidades”, alerta Schreiner. Para ele, o próximo ano será de oportunidades, mas será preciso reação para aproveitar isso.

O presidente da Faeg aponta outros grandes desafios para o próximo ano, como a conclusão das reformas estruturais, a melhoria da infraestrutura do País (ferroviária, rodoviária, portuária, armazenagem e energia elétrica) e a manutenção da Lei Kandir, que desonera as exportações de matérias-primas e produtos semielaborados. “Se isso acontecer, será o fim do setor agropecuário, pois perderemos totalmente nossa competitividade mundial”, completa.

Texto: Lucia Monteiro, o Popular

Foto: Arquivo Faeg

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