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Arroz ganha destaque na produção goiana

Atividade agrícola ganha destaque no estado e passa a ter mais investimentos. Em busca de ampliar produtividade, entidades lançam novas variedades adaptáveis ao Cerrado


Um dos principais alimentos da mesa da população brasileira, o arroz tem conquistado cada vez mais espaço na produção agrícola goiana. Os agricultores estão investindo na atividade, inclusive como segunda safra, e buscando novas formas de ampliar a produtividade em campo. Segundo números divulgados no início de março pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a previsão é de produção de 126,5 mil toneladas de arroz total (irrigado e sequeiro) na safra 2023/2024 no Estado, crescimento de 55% em relação ao ciclo 2022/2023. Já na área cultivada, em Goiás, o aumento estimado é de 64,4%, saindo de 14,6 mil hectares no ano passado para 24 mil hectares na atual safra.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Arroz e Feijão, os principais municípios goianos produtores de arroz irrigado por inundação são Flores de Goiás e São Miguel do Araguaia. Em relação ao arroz de terras altas, utilizando pivô central para irrigação, estão Rio Verde, Jataí, Pires do Rio, Ipameri, Cristalina, Jussara, Britânia, Palmeiras de Goiás, Jandaia, Paraúna e Hidrolândia.

Devido à importância que a cultura tem conquistado no Estado, em janeiro deste ano uma comitiva chinesa, composta por membros da Universidade Agrícola de Yunnan (YAU), esteve em Goiás para conhecer o potencial goiano de produção e discutir parcerias para fortalecer a cultura. Eles visitaram áreas em Flores de Goiás, Luiz Alves e distrito de São Miguel do Araguaia, e estações experimentais e laboratórios de pesquisa da Embrapa Arroz e Feijão, além de terem participado de palestras e mesa-redonda com produtores na Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg).

Segundo o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Adriano Castro, é perceptível o potencial de crescimento na produção do cereal no estado de Goiás. “A área de cultivo era em torno de 10 mil hectares ao ano e agora, nos últimos anos, subiu para mais de 23 mil hectares. Esse incremento de área ocorreu por conta da produção de arroz sobre pivô. A gente tinha em torno de 10 mil hectares de arroz irrigado por inundação e a entrada do arroz no pivô central, com mais ou menos 15 mil hectares na última safra, proporcionou esse aumento de área cultivada em Goiás”, explica.

Ele destaca que no passado, na década de 1980, Goiás já chegou a ter um milhão de hectares de produção de arroz. “Era uma cultura utilizada para a abertura de áreas. Então, era a primeira atividade instalada nos campos. Isso porque o arroz não é tão exigente em fertilidade do solo como o milho, a soja e o feijão. Se adapta bem ao ambiente de baixa fertilidade. Com o passar do tempo, foram entrando pastagem, soja, milho e outras culturas, e a área de produção com arroz foi decrescendo. Apesar da utilização de outras culturas em terras goianas, outros locais aumentaram bastante o cultivo do cereal e isso ajudou a não atrapalhar a demanda nacional. Ainda era ofertada no mercado a quantidade que o brasileiro necessitava para consumo”, esclarece.

O pesquisador reforça que agora a história é outra e o Estado vive uma crescente no cultivo do cereal. “Isso se deve à adoção do sistema de pivô central, que tem uma série de benefícios para o produtor e para o meio ambiente. De uma forma geral, é um arroz sustentável, rentável e agronomicamente viável”, afirma.

De acordo com ele, o arroz cultivado em terras altas por meio do sistema de pivô central se tornou excelente opção de segunda safra pós-soja e pós-milho para produção de sementes. “Entra com produtividades de 120, 130 a 150 sacas por hectare, com custo médio de produção de 50 sacas por hectare, além de deixar uma palhada muito interessante para o sistema de produção, que soma até nove toneladas por hectare de matéria seca. Isso é extremamente benéfico para o sistema de produção como um todo, incorporando e agregando mais matéria orgânica ao sistema, além de quebrar o ciclo de pragas e doenças que são problemas sérios nesses pivôs, principalmente os mais antigos.”

Adriano complementa que são diversos benefícios diretos e indiretos ao sistema de produção, se tornando uma opção rentável e sustentável, trazendo e garantindo mais longevidade no sistema de intensificação sustentável. “Por isso a produção de arroz tem crescido bastante. É uma inovação colocada no mercado e que tem ganhado muita área desde que foi disponibilizada essa tecnologia aos produtores”.

Ele explica ainda que, normalmente, os pivôs centrais são áreas mais importantes ou mais férteis das fazendas dos produtores. “São locais onde se busca duas ou três safras por ano e o arroz é uma opção nova de gramínea. Se existem poucas gramíneas que são utilizadas em rotação de culturas nessas áreas de intensificação, com duas ou três safras, o arroz encaixou perfeitamente. Em relação ao sistema de produção, tem um ciclo aproximado de 100 dias, que é considerado curto. Se comparar com o milho, por exemplo, o arroz é 30 dias mais curto do que o milho e é uma lavoura de certa forma mais barata, uma lavoura que precisa de menos insumos do que outras, do que o milho, do que a soja, do que o feijão.”

Ele esclarece que é uma atividade que tem detalhes agronômicos que devem ser considerados no cultivo, mas é uma lavoura que traz várias vantagens de produção. “Novamente reitero que é uma cultura que tem um ciclo relativamente curto, em torno de 100 dias, deixa uma palhada extremamente rica no sistema de produção, quebra ciclo de pragas e doenças tanto do arroz, da soja, do feijão, do milho, de tomate, por exemplo, de outras hortaliças. Então, são vários benefícios que o arroz deixa no sistema de produção.”

Além de todos esses benefícios, o pesquisador da Embrapa destaca também o valor pago ao produtor pela saca de arroz. “Neste ano, os valores estavam bem mais altos, chegou a ser de R$ 200 por saca, mas os preços pagos ao produtor são consistentes e interessantes já há alguns anos. Não há uma perspectiva de queda de preço. O mercado externo é demandador de produto, então o arroz tende a ser cada vez mais exportado, é uma opção se o Brasil tiver interesse, tiver produto para ser um player, um exportador de arroz. Então os preços são interessantes, aliados a todas essas questões de vantagens agronômicas”, lista.

Aumentar a produtividade e maior controle de pragas e plantas daninhas

A pesquisa e a tecnologia se tornaram há muito tempo aliados de quem trabalha no setor agropecuário. É por meio da ciência que hoje é possível plantar em áreas menores e alcançar resultados ainda melhores em produtividade. Não existe segredo e sim investimentos em estudos, pesquisas e inovações voltadas para o campo. Quem se beneficia mais disso é o produtor rural, que pode adotar novas técnicas e equipamentos, aprimorar atuação e colher excelentes safras a cada novo ciclo. Na cultura do arroz não é diferente.

A partir de investimentos em ciência, entidades como a Embrapa têm divulgado novas variedades de culturas adaptáveis às diferentes regiões. No caso do Cerrado brasileiro, um exemplo é a cultivar BRS A502, lançada em 2020 pela unidade Arroz e Feijão. Segundo o analista da instituição, Pedro Sarmento, é uma variedade excelente para produção em terras altas. “Essa cultivar está proporcionando uma revolução no plantio do arroz, não só em Goiás, mas onde se tem pivô central e condição climática para o plantio. Porque o arroz não pode pegar frio no florescimento. A nossa cultivar veio no momento em que o preço do arroz também está muito interessante. Então, juntou o mercado aquecido e a tecnologia e praticamente dobramos a área de arroz no estado de Goiás. E nessa região onde tem pivôs, num raio mais ou menos de 500 quilômetros de Goiânia, é onde a indústria consegue buscar o arroz”, esclarece.

Ele informa que além da variedade BRS A502, a Embrapa deve lançar a variedade BRS A504 que é uma cultivar do sistema ‘clear field’, eficiente contra pragas e que permite flexibilidade para o produtor, com custo menor e alternativa no controle de plantas daninhas. “Em parceria com a Basf, vamos lançar a BRS A503, que é outro material interessante, uma planta de arquitetura inovadora e de qualidade de grão que não existe. Estamos apostando nesses dois materiais, junto com o 502 que já tem revolucionado o mercado de arroz no Cerrado”, ressalta.

Pedro garante que a Embrapa tem uma característica no seu programa de melhoramento que é trabalhar forte a questão de resistência a doenças e a qualidade do grão. “Essa nova genética de terras altas, ela agrega muito isso. Resistência a brusone [doença causada pelo fungo Pyricularia grisea], qualidade de grão e arquitetura. Então o programa de melhoramento está muito forte e por isso que a gente está tendo resultados”, agradece.

O produtor Sérgio Siqueira, de Bela Vista de Goiás, é um dos agricultores que investiu no cultivo de arroz a partir dessa safra, utilizando a cultivar BRS A502 da Embrapa Arroz e Feijão. “Nós optamos, esse ano, em plantar o arroz. Os pivôs nossos são mais antigos, com mais de 30 anos. Então, entra no sistema de produção de uma forma bem assertiva com a rotação de culturas. A gente está sempre plantando, utilizando os pivôs, com soja, milho, tomate, feijão e agora arroz. A cultura vai deixar também uma matéria orgânica, palhada muito boa que vai contribuir para a vida no solo, a microbiota do solo e as raízes também, o controle de nematoides.”

Em relação à produtividade, o agricultor também está feliz com os resultados. “A nossa propriedade está acima de mil metros de altitude, próxima a Goiânia, e teve um rendimento bom. Em uma área dos pivôs deu 134 e 135 sacas por hectare, produtividade acima do que a gente estava esperando. É uma cultura bem melindrosa em alguns aspectos, nutricionais principalmente, preparo de solo, boa semente, plantio bem feito e o manejo da cultura. É um manejo que precisa de profissionais bem qualificados, muito próximo da cultura, porque ela tem a questão de deficiências nutricionais muito rápido”, diz.

Sérgio conta que escolheu plantar o arroz no sistema de rotação do pivô central. “Não temos experiência e nem intenção de plantar no sistema sequeiro. Escolhemos a opção de pivô central, com terras mais férteis, controle de água. Não seria exatamente a safrinha, plantando primeiro soja e o arroz depois. É para pivô central. Planta soja, milho, tomate e feijão, e depois entra o arroz, que também seria cultura de verão. Cultura para ser plantada de setembro a outubro adiante. No frio, acredito que com a nossa área nessa altitude, acredito que tem certa dificuldade de produção.”

Sobre a comercialização do arroz, o agricultor ressalta que este ano foi atípico devido ao problema climático que ocorreu no sul do País e que atrasou o plantio. “Porém, acredito que o arroz goiano tem campo ainda para a gente plantar. A maioria vem de fora, um pouco do Tocantins, mas Goiás tem área para se tornar autossuficiente em arroz. Não é salvação da lavoura, do irrigante, mas acredito no potencial da atividade. Se o produtor manter uma rotação de cultura adequada, produtividade um pouco melhor, diminuir patógenos de solo e ervas daninhas, acho que tudo isso contribui bastante para esse avanço”, reforça.

Um desafio listado pelo agricultor é a questão de acesso aos herbicidas foliares necessários para a cultura. “As revendas não estão preparadas ainda para a cultura. Então, a gente teve que comprar produtos fora do estado. Acredito que é algo para o próximo ano, as revendas estarem mais preparadas com os produtos para a gente utilizar no arroz. Outro desafio envolve indústria, empacotadores, stakeholders que compram esse produto nosso. É preciso remunerar a qualidade, por exemplo. Nós temos as indústrias de atomatados que eles remuneram pelo brix, quanto maior o brix do tomate que você entregar, você tem prêmios em cima de brix, que é um produto de mais qualidade que a gente entrega. E o arroz goiano produzido aqui, ele tem um rendimento de 75% a 78% de grãos inteiros de rendimento, enquanto o arroz do Sul é 58% e 59%. A indústria tem um rendimento muito melhor, um produto de muito mais qualidade quando ele é produzido aqui. Isso reduziria a questão do frete, já que eles não precisam trazer de fora, teriam esse produto aqui dos produtores goianos”, completa.

Mercado de sementes

O proprietário e diretor comercial da empresa Suprema Sementes, Alex Borges, concorda que a produção de arroz vem evoluindo ao longo dos anos em Goiás. Ele reforça que o que tem proporcionado esse crescimento é o lançamento de cultivares resistentes a doenças, tolerantes ao acamamento e com alta produtividade. “Cultivares de arroz do passado não possuíam competitividade de cultivo e produção em relação às outras commodities, como soja e milho. Essas cultivares possuíam produtividades médias de 2 a 3 toneladas por hectare e, ainda, devido a suscetibilidade a doenças, os custos eram altos para produzir. Além disso, essas cultivares do passado tinham a arquitetura da planta frágil, não resistindo a pequenas rajadas de vento no ponto de colheita, o que a levavam a acamar e prejudicar a colheita mecanizada.”

Porém, de acordo com Alex, as novas cultivares lançadas por instituições públicas e privadas no Brasil possuem altas produtividades, mesmo em condições de sequeiro, com média de seis toneladas por hectare. “As novas cultivares foram melhoradas geneticamente para serem resistentes a doenças, como a brusone, exigindo menos aplicações de fungicidas durante o ciclo da lavoura. Essas cultivares também possuem tolerância ao acamamento e resistência a alguns princípios ativos de herbicidas, proporcionando um manejo mais hábil de plantas daninhas. Todas essas vantagens garantem ao produtor um menor custo de produção e, uma melhor produtividade com qualidade e volume.”

O diretor revela que esse bom momento traz reflexos para o mercado de sementes de arroz, que também acompanhou a evolução da área plantada da cultura em Goiás, dando destaque para cultivares de arroz de terras altas. “Devido ao aumento da competitividade da cultura no mercado, se tornando valorizada em relação a soja e milho, o arroz se tornou uma ótima opção para safras e, também, safrinha, principalmente em áreas irrigadas por pivôs centrais. Portanto, com o aumento da procura por essas cultivares produtivas, a venda de sementes de arroz aumentou exponencialmente, chegando a zerar os estoques das empresas sementeiras de Goiás e, também, de todo o Brasil”, afirma.

Mas ele alerta que o produtor precisa ficar atento a alguns fatores quando for comprar qualquer semente, de qualquer cultivar. “Os principais fatores, exigidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, são a germinação e pureza dessas sementes. O Mapa exige, de acordo com cada cultura, uma porcentagem mínima de germinação e pureza para que a semente seja comercializada. No caso do arroz, a germinação mínima é de 80% e, de pureza física de 98%. Porém, há outros fatores que, ao longo do tempo, o mercado começou a exigir, como vigor, presença ou não de dormência e sanidade dessas sementes. Todos esses fatores são garantidos pela empresa de sementes ainda nos seus campos de produção, durante o manejo da cultura, garantindo qualidade ao produtor cliente. Na produção de sementes a qualidade sempre tem que vir em primeiro lugar”, finaliza.

Comunicação Sistema Faeg/Senar/Ifag

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