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Avicultura: período requer prudência, porém os bons ventos continuam soprando em direção ao setor

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Considerada uma das cadeias produtivas mais promissoras do Estado de Goiás, a avicultura goiana, em 2019, teve um crescimento de 38,8% se comparada ao ano anterior, sendo que em uma década a evolução foi de 55%, segundo dados da Associação Goiana dos Avicultores (AGA). Com isso, o Estado ocupa o quinto lugar no ranking nacional, produzindo o suficiente para alimentar 22 milhões de pessoas, diz o presidente da AGA, Cláudio Almeida Faria. “A farta oferta de grãos, o clima econômico favorável aos investimentos, a facilidade de crédito do FCO [Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste] e a profissionalização do setor contribuíram para um crescimento espetacular da avicultura goiana no ano passado”, pontua.

Porém, o presidente da AGA reconhece que a expectativa para 2020 era de investimento expressivo para o aumento dos planteis, adiado em consequência da redução de financiamentos por causa da pandemia. “Na avicultura estamos vivendo um momento instável, porque há uma dependência da manutenção do consumo interno que deve cair conforme o fim do auxílio emergencial. Temos que ir com cautela e é preciso considerar que 2020 foi um ano totalmente atípico. Se mantivermos os números de 2019 já será uma grande vitória”, destaca Cláudio.

O período requer prudência, entretanto os bons ventos continuam soprando em direção ao setor em nível regional e nacional, já que o Brasil é o maior exportador de carne de frango, atualmente, explica o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. “Logo no início da pandemia, tomamos todos os cuidados com os trabalhadores e continuamos mantendo a produção. Nosso ano não será perdido, até porque a demanda dos nossos 160 mercados abertos continua muito aquecida. O mercado interno também está bem atendido por pausa do custo benefício para o consumidor final”, aposta Turra.

Reforço no controle sanitário

Apesar dos vários fatores que afetaram as produções durante a pandemia, como mudança de hábitos da população, variações do dólar americano e sua consequente influência no custo dos insumos de produção e logística, a avicultura se manteve em alta, avalia a secretária-geral do Conselho Regional de Medicina Veterinário (CRMV) e assessora técnica da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Carolina Ribeiro Berteli. “Os frigoríficos precisaram se ajustar, adotando medidas para a mitigação do risco de disseminação da doença entre os funcionários. Destacamos aqui o papel do médico veterinário, responsável técnico por estes estabelecimentos, atuando mais uma vez como profissional da saúde única”, conclui.

Carolina reafirma que o bem-estar dos animais é chave para os próximos anos. “Podemos perder mercados mais exigentes em termos de bem-estar se as adequações não forem feitas. Por exemplo, a Tailândia mudou boa parte do seu sistema de criação para atender países europeus que antes eram nossos compradores”, alerta.

Produção integrada

O bom momento para a exportação e o consumo interno de carne de frango não têm sido suficientes para aliviar as contas do avicultor, apontam os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). De acordo com nota divulgada pelo Centro, a retração de vendedores e a forte demanda de compradores têm elevado, consecutivamente, os preços do milho, e, no mercado de farelo de soja, a oferta do derivado está baixa. Para o frango vivo, o atual momento nas vendas da carne, principalmente no mercado doméstico, faz com que as cotações do animal também subam.

Contudo, os indicadores do Cepea apontam que o avicultor em Goiás está protegido dessa disparada no preço de insumos, porque no Estado vigora a produção integrada, onde a agroindústria fornece os insumos e o granjeiro entra com a infraestrutura, como galpões e mão de obra. “Por um lado, o avicultor está protegido dos prejuízos de produção, porém é impedido de almejar os ganhos da alta do dólar, no processo de exportação. Digamos que em Goiás o lucro do avicultor é pouco, mas é garantido”, explica Fábio Magnus, presidente da Comissão de Avicultura da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). Ele assegura que trata-se de uma relação contratual que tem funcionado muito bem. “Os produtores estão muito organizados, em associações e cooperativas, e fazem a análise dos custos de produção, da qualidade da ração, enfim, estão muito bem informados numa eventual contradição da indústria. Afinal, recebem por produtividade”, observa.

O presidente da Associação dos Avicultores Integrados da Perdigão (Avip) em Mineiros, Aloir Vicente da Silva, tem duas granjas e cria frangos para abate. Ele destaca que o isolamento social motivou a população a alimentar-se melhor e o auxílio emergencial do governo federal potencializou o poder de compra, assim, a demanda pela carne de frango aumentou. “O setor está mais demandado e se fortalecendo para atender o mercado. Aqui na região, assistimos com alegria a reabertura de granjas impactadas pela operação Carne Fraca, em 2017”, comemora. Aloir só tem elogios para a avicultura. “É um negócio bem transparente, em cima de uma planilha que contempla um custo fixo. É seguro e altamente lucrativo”, atesta.

Qualificação

No processo de profissionalização do setor, o Senar Goiás é protagonista, oferecendo ao granjeiro goiano cursos e treinamentos que elevam capacidade de produção. Especificamente para este seguimento, temos o treinamento de Avicultura de Corte Tecnificada em que são ministradas ações para o reconhecimento da situação atual da avicultura brasileira industrial, por meio de dados estatísticos, realização de procedimentos de biosseguridade, equipamentos e instalação, manejo e avaliações zootécnicas, descarte de carcaças de aves mortas e método de compostagem.

Para o produtor de frango colonial ou caipira, temos o treinamento de Avicultura Básica, com orientações sobre a seleção e manejo de aves caipiras, separação e higienização das instalações e equipamentos utilizados na criação, diferenciação de produção de frangos e ovos do tipo caipira da produção tipo industrial, identificar as principais enfermidades das aves, construção de abrigos, tipos de rações, formas de abate e comercialização de aves.

Os cursos e treinamentos são ministrados por prestadores de serviços do Senar Goiás, em parceria com os Sindicatos Rurais, atendendo à demanda da região. Nos últimos três anos foram capacitados mais de quatro mil participantes em todo estado.

Foto: Fredox Carvalho

Comunicação Sistema Faeg/Senar


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