Nayara Pereira
Famosa pelo alto nível profissional de seus pecuaristas no que se refere a criação do rebanho da porteira para dentro, Mozarlândia, que compõe as cidades do Vale do Araguaia, foi o sétimo município a receber, nesta quinta-feira (17), o médico veterinário, especialista em mercado do boi gordo, Rodrigo Albuquerque. Ele roda o estado falando sobre o cenário econômico e as perspectivas para a pecuária de corte. Na ocasião, destacou a importância das ferramentas que visam auxiliar os produtores a executarem a comercialização da melhor maneira possível.
A palestra que integra os Encontros Regionais de Pecuária de Corte, já passou por outras seis cidades goianas e encerram-se nesta sexta-feira (18), no município de São Miguel do Araguaia. O evento é uma realização da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) em parceria com os respectivos Sindicatos Rurais (SRs).
Com um rebanho de aproximadamente 195 mil cabeças de gado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mozarlândia se destaca na atividade em Goiás. De acordo com o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, um dos auxílios que a entidade pode oferecer aos produtores é o conhecimento de mecanismos de comercialização “que ofereçam ganho máximo e risco próximo ao zero em relação às oscilações naturais decorrentes do mercado”, destacou.
Durante a apresentação, Rodrigo destacou o ciclo percorrido pela carne, mas, no município, bateu forte na fase que sucede a criação do animal: a comercialização, englobando o atacado, o varejo e a exportação. O analista falou também sobre a relação entre pecuaristas e frigoríficos e apresentou o cenário nacional. “Houve, nos últimos 10 anos, uma enorme concentração dos frigoríficos. Dentro desse cenário é preciso avaliar bem a saúde financeira do frigorífico para o qual você vende o animal, principalmente se for a prazo”, explicou.
Lucratividade da porteira para fora
Nesse contexto, entra em questão o Pesebem, Programa da Federação que ajuda a aferir o peso de cada animal antes da venda e se resume na instalação de uma balança exclusiva e independente dentro de alguns frigoríficos para também pesarem as carcaças. O produtor paga R$1,41 pela pesagem de cada animal, mas segundo a médica veterinária responsável pelo Programa Pesebem, Samara Soares, o preço – que equivale a menos de 200 gramas de carne – não pode ser levado em conta diante do custo-benefício. “Vale lembrar que a criação do Pesebem não aconteceu de cima para baixo, inclusive houve na época uma grande solicitação dos pecuaristas do Vale do Araguaia que vinham enfrentando problemas com as balanças dos frigoríficos”, disse.
Por ser uma das grandes regiões responsáveis pelo maior rebanho de Goiás, Mozarlândia e as cidades que compõem o Vale do Araguaia são os principais adeptos do Pesebem. “Temos vários frigoríficos da região e também do estado que estão utilizando a balança. Isso mostra a importância da transparência entre empresa e produtor durante a pesagem”, destacou.
Ouvindo quem está do outro lado, os frigoríficos, o gerente de compra de boi da unidade de Mozarlândia do Frígorífico JBS, Thiago Lucas da Costa, ressaltou que a relação tem que ser mútua e principalmente transparente. “O Pesebem é nosso parceiro desde a implantação do programa, então nada mais justo do que abrir as portas para a transparência entre frigorífico e o produtor”, sublinhou.
Retorno na balança
Pecuarista há 35 anos, Victor Iacovelo Filho, utiliza a balança Pesebem durante as pesagens de seus animais. Segundo o pecuarista, a confiança e certificação das arrobas são maiores. “Depois que aderimos ao Programa, tivemos um rendimento muito maior. Agora que acompanhamos, sabemos exatamente o peso do animal, antes do frigorífico fazer a pesagem final”, frisou.
Proposta
A Faeg realiza os Encontros Regionais de Pecuária de Corte porque entende que, cada vez mais, a profissionalização do produtor deve chegar à comercialização dos produtos da agropecuária. Isso transmite eficiência e busca oferecer garantias à cadeia produtiva. Para a pecuária de corte, a Federação realiza ainda o Programa Pesebem, que acompanha o abate e garante a pesagem correta dos animais.