Há cerca de 3 anos, Gabriel Luiz Silva Junqueira ingressava em uma turma do curso ‘Plantio e tratamento de madeira’, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás), com a intenção de saber mais sobre a venda in natura da madeira de eucalipto, cultivada pelo sogro Dorival Albino de Oliveira, em Minaçu. A capacitação foi além do papel, do lápis e das mãos sujas de terra: abriu caminhos para o empreendedorismo e permitiu que o engenheiro civil se tornasse um produtor de sucesso, com aumento constante de produção e geração de empregos.
Natural de Belo Horizonte, Gabriel nunca pensou em trabalhar no meio rural. Se formou em Engenharia Civil em São Paulo e, ao passar férias em Minaçu, decidiu se estabelecer na cidade atuando na área de formação como funcionário da prefeitura. “Naquela época, meu sogro tinha uma floresta de eucalipto em fase de corte, com seis anos. Ele conversou comigo e decidimos procurar um comprador para aquela madeira. Consultamos algumas empresas e o valor do frete inviabilizaria a venda. Ao conversar com o presidente do Sindicato Rural, surgiu a ideia de fazer o curso, que se tornou, desde o primeiro dia, um divisor de águas em nossas vidas”, lembra.
Durante o curso, Gabriel percebeu que poderia investir na madeira e obter um lucro maior com a venda do produto final. Logo, a ideia foi colocada em prática. Durante dois anos, ele e o sogro produziram madeira tratada por substituição de seiva, método ensinado no treinamento do Senar. Em média, Gabriel e Dorival produziam por mês 500 estacas para postes de até 8 metros, cercas e para a construção civil em geral.
Entre os poucos produtores da silvicultura na região, a demanda da Fazenda Primavera cresceu, rompeu as barreiras de Goiás e exigiu investimento. “Percebemos a grande carência desse material no mercado e focamos no caminho de um negócio que parece muito promissor. Como não estávamos conseguindo atender os pedidos que chegavam, comecei a estudar outros métodos para a produção de madeira tratada em grande escala. Foi quando eu conheci a autoclave”, disse.
O maquinário foi ligado em janeiro deste ano, e a produção passou de 500 para 8 mil estacas mensais, um aumento de mais de 1000 %. Com o trabalho a todo vapor, a madeira tratada pelos produtores de Goiás chega, hoje,a mais de dez municípios goianos, além de cidades do Tocantins e da Bahia, consolidando a Fazenda Primavera no mercado de mourões. A meta dos produtores é fechar 2018 produzindo 12 mil estacas por mês e comercializando com mais dois estados.
O produtor atribui ao Senar, a chance de empreender, crescer profissionalmente e gerar empregos. Atualmente, ele coordena sete funcionários na usina e nas duas florestas, que são de propriedade do sogro. “O curso abriu as portas para um negócio que a gente não tinha ideia de como começar. Nós tínhamos a floresta, mas todo o conhecimento do que fazer com a madeira foi passado pelos técnicos do Senar. Vivemos um momento de profissionalização e crescimento, graças a essa capacitação. Acredito que vamos gerar mais empregos e contribuir para o crescimento econômico da nossa região, com sustentabilidade. O curso mudou não só a minha vida, mas de todos que estão ligados a esse trabalho”, comemora Gabriel.
Qualificação
O curso de plantio e tratamento de madeira começou a ser oferecido pelo Senar Goiás em 2002. De lá para cá, já foram realizados mais de 900 capacitações, muitos delas evoluíram para um negócio de sucesso, como o de Gabriel. “No decorrer desses anos, a gente percebeu que o treinamento ajuda a despertar em cada participante, uma habilidade que ele mesmo nem sabe que tem. E isso permite que o produtor trace um rumo para sua vida”, ressalta o coordenador técnico do Senar Goiás, Marcelo Penha Silva.
O curso, que tem duração de 24 horas e é gratuito, pode ser feito por produtores e trabalhadores rurais que queiram produzir florestas e tratar mourões. “O participante vai aprender a fazer mudas, preparar o solo, fazer plantio e tratos culturais, controlar pragas e doenças, calcular custo de produção, tratar madeira para construção de cercas e buscar canais de comercialização”, explica. Nativo da Austrália, o eucalipto tem sido, segundo Marcelo Penha, a madeira mais utilizada para a construção de cercas, móveis e produção de carvão, em Goiás. O método de substituição de seiva ou a utilização da autoclave aumenta em até cinco vezes a vida útil da madeira, ou seja, a durabilidade da madeira tratada é de, no mínimo, 15 anos. “Essas peças tratadas ficam resistentes à ação de fungos e insetos, que podem provocar o seu apodrecimento e depreciação. Essa madeira tratada pode gerar uma economia significativa para os produtores, uma vez que a troca das estacas não será necessária com frequência”, afirma Marcelo.
Texto: Assessoria de Comunicação do Sistema Faeg Senar
Foto: Larissa Melo