Michelle Rabelo
Encerrando o ciclo de debates sobre o mercado da carne, o município de Ipameri recebeu, na noite de sexta-feira (20), a última edição dos Encontros Regionais de Pecuária de Corte, realizados pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). Para o presidente da entidade, José Mário Schreiner, a lição mais valiosa do circuito diz respeito ao valor de um produtor bem informado e antenado com as oscilações do mercado. O evento ocorreu em oito cidades, nas quais foram apresentadas as perspectivas para o setor de produção do alimento. “Hoje o Brasil pode bater no peito e dizer que tem a melhor agropecuária do mundo. Aqui ela dá certo e isso se deve ao nível de quem cria, alimentando as pessoas e a economia”, disse Schreiner.
Compartilhando do pensamento de José Mário, o médico veterinário e consultor, Rodrigo Albuquerque destacou a necessidade de o produtor criar uma rotina em busca de informações. “Naveguem pela internet para saber como anda o mercado, procurem nos sites dos frigoríficos para verificarem como anda a saúde financeira das empresas...usem a tecnologia para obterem informações de qualidade e que irão ajudar muito em todas as etapas da pecuária de corte”, explicou. “Eventos como esses valem ouro porque aqui podemos trocar informações e experiências, além de ter uma visão mais ampla do que acontece no mercado, mesmo diante de sua enorme mutabilidade”, completou o presidente da Federação.
Ainda falando sobre o pecuarista brasileiro, Schreiner elogiou a categoria que tirou o país da condição de importador, colocando-o como um dos maiores exportadores de alimentos do mundo. “Agora é andar para frente. Usar e abusar da ciência, da tecnologia e das inovações para evoluirmos ainda mais. Agora um alerta: se informem, mas não se esqueçam, da nossa máxima de que cautela e caldo de galinha não fazem mal à ninguém”.
Dentre as etapas analisadas por Rodrigo Albuquerque, manejo, comercialização, gestão e aproveitamento máximo das oportunidades no mercado da carne bovina foram alguns dos destaques da noite. Durante o evento o consultor também fez um resumo do mercado em 2014 e apresentou suas expectativas para 2015, onde o produtor deve evolui levando mais tecnologia para a propriedade.
Com um público democrático, os Encontros Regionais de Pecuária de Corte oferecem ao produtor informações técnicas e de mercado. O estudante de Agronomia da Universidade Estadual de Goiás (UEG) – campus Ipameri -, José Paulo Carneiro, é filho de pecuarista e disse que pretende trabalhar com a nutrição e o manejo dos animais. “Por meu pai criar gado de leite sempre trabalhei na fazenda e agora que estou na metade do meu curso quero me informar ao máximo sobre o mercado”, explica. O jovem entende que é importante levar a informação até o produtor, pois muitas vezes ele não consegue se ausentar da propriedade. “A tecnologia até pouco tempo estava longe de Ipameri e dificilmente nós teríamos condições de ter acesso a uma palestra como essa do Rodrigo”.
Já o pecuarista Renato Carneiro destaca o fato de a informação ser repassada por um consultor de mercado. “Muitas vezes quem nos instrui é um vendedor de insumo ou coisa do tipo. Neste caso, tudo é repassado para o produtor com um tipo de interesse. Aqui não há finalidade lucrativa, o que nos deixa muito mais confiantes”. Ele cria gado de leite e corte, mas conta que já está “bem adiantado na atividade leiteira graças ao programa Balde Cheio” – metodologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás).
Fazendo acontecer
Desde o último dia 10, além de Ipameri, os municípios de Nova Crixás, Cidade de Goiás, Porangatu, Posse, Caiapônia, Mineiros e Itarumã sediaram os Encontros Regionais de Pecuária de Corte. O evento foi realizado em parceria com o Senar Goiás, Instituto Inovar, Caixa Econômica Federal (CEF), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e os respectivos Sindicatos Rurais (SRs) de cada cidade. Schreiner fez questão de ratificar a importância de cada parceiro.
Para a gestora de projetos do Sebrae, Fernanda Lobato, é essencial apoiar eventos que visam auxiliar o produtor rural. “Cada vez o Sebrae vem se preocupando em organizar cursos voltados para a gestão e o empreendedorismo no campo”. Sobre a parceria com o Senar Goiás, ela destacou os programas Empreendedor Rural (PER) e Negócio Certo Rural (NCR). O primeiro busca desenvolver competências empreendedoras e preparar líderes para ações sociais, políticas e econômicas sustentáveis no agronegócio. Já o segundo, visa melhorar a gestão da pequena propriedade rural com ações de diagnóstico, plano de desenvolvimento e capacitação do produtor rural e de sua família, preparando-os para gerenciar a propriedade de forma lucrativa, competitiva e sustentável.