No ofício enviado ao Ministério da Agricultura, o presidente da CNA diz que o ano de 2020 tem sido “desafiador” para o produtor de leite, pois os prejuízos causados pela Covid-19 ainda não foram totalmente recuperados. A margem bruta da atividade no primeiro semestre deste ano foi 29,5% menor em relação ao mesmo período de 2019, segundo dados do Cepea, refletindo em queda de 11,7% na produção de leite, de acordo com o IBGE.
Neste contexto, a CNA propõe, entre outros pontos, a operacionalização de instrumentos de política agrícola como os leilões utilizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a compra de insumos a preços mais acessíveis pelos produtores, a subvenção ao prêmio pago na aquisição de contratos de opção privada de compra de grãos e outras iniciativas que possuam o mesmo fim.
“Para os próximos meses, o preço do leite tende a cair em função das variáveis de mercado, ao mesmo tempo em que a alta nos custos de produção tende a seguir em ritmo forte, principalmente em função das cotações dos insumos que compõem a ração concentrada”, justificou João Martins no documento ao Mapa.
Martins destacou as ações tomadas pelo Governo Federal em 2020 para evitar prejuízos ainda maiores ao setor leiteiro, como o auxílio emergencial, que estimulou o consumo de lácteos, o aumento de recursos para o programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e a autorização para que laticínios com o Selo de Inspeção Federal (SIF) comprassem leite de pequenas indústrias com inspeção estaduais ou municipais.
No entanto, ressaltou, o cenário para os próximos meses é preocupante. Os Conselhos Paritários de Produtores e Indústrias de Leite (Conseleites), que reúnem produtores e indústrias nos estados para definir os preços do produto, apontam redução de 4,8% no valor do leite produzido em outubro a ser pago em novembro, com perspectiva de queda até o final do ano.
O presidente da CNA explica que a maior preocupação do produtor é com o custo da ração concentrada, que representa, em média, 40% dos desembolsos do pecuarista. O milho e o farelo de soja, principais insumos que compõem a ração, subiram 75,2% e 96,6%, respectivamente, em outubro deste ano na comparação com o mesmo mês em 2019.
“Nesse contexto, há forte tendência de pequenos e médios produtores venderem seus animais para o abate devido aos altos preços da arroba ou mesmo saírem da atividade, o que ocasionará problemas sociais no campo e menor oferta de leite para o próximo ano”, alertou.
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Assessoria de Comunicação CNA/Sistema Faeg/Senar