Mesmo sob juros altos e crise no crédito, agro goiano sustenta empregos e produção em 2025

Setor cresce acima da média nacional, mas deve enfrentar redução de produtividade e margens mais apertadas na safra 2025/2026

O Sistema Faeg/Senar/Ifag reuniu a imprensa nesta terça-feira (17), para a coletiva anual que apresentou um panorama detalhado do agronegócio. Com o tema Resiliência e Insegurança no Agro Goiano: balanço de 2025 e perspectivas para 2026, o encontro trouxe análises técnicas, dados de mercado e avaliações sobre os principais desafios enfrentados pelos produtores rurais, além de apontar estimativas para o próximo ciclo.

Cenário econômico internacional

O crescimento econômico global foi de 2,5% em 2025, segundo o Banco Mundial, com inflação em torno de 3,8% nas economias avançadas. O comércio global e os investimentos permaneceram em retração ou em compasso de espera, pressionados por tensões geopolíticas e comerciais, além de riscos estruturais como dívidas elevadas, queda da produtividade e instabilidade nas cadeias globais de abastecimento.

Cenário econômico brasileiro

No Brasil, a projeção de crescimento do PIB foi de 2,16%, conforme o Boletim Focus de 1º de dezembro. O PIB agropecuário apresentou crescimento de 11,6% entre janeiro e setembro de 2025, segundo o IBGE. O mercado de trabalho manteve-se resiliente, com taxa de desemprego de 5,6% em setembro, embora a informalidade siga elevada. O real foi a terceira moeda que mais se valorizou em 2025, acumulando alta de 12,9% até novembro. A taxa Selic permaneceu em 15%, enquanto o IPCA alcançou 4,46%, no teto da meta.

Economia e geração de empregos em Goiás

Em Goiás, os números superaram a média nacional. O PIB estadual cresceu 7,7% entre janeiro e abril de 2025, segundo a Secretaria-Geral de Governo, com avanço de 16,8% no PIB agropecuário e crescimento de 2,3% da indústria. O mercado de trabalho registrou saldo positivo de 79.717 novos postos entre janeiro e setembro, sendo 10.759 vagas geradas pela agropecuária, conforme dados do Caged. O Valor Bruto da Produção (VBP) atingiu R$ 120,9 bilhões, crescimento de 13,6% em relação a 2024, equivalente a 8,6% do VBP nacional. Soja, bovinocultura, milho e cana-de-açúcar responderam por 74% desse total.

Clima, produtividade e custos

As condições climáticas em 2024 e no início de 2025 foram consideradas favoráveis, contribuindo para maiores produtividades, especialmente na soja e no milho segunda safra. No entanto, o ganho produtivo não se traduziu integralmente em renda, em razão da elevação dos custos de produção e da pressão sobre os preços, o que mitigou os resultados econômicos no campo.

Pecuária e cadeia do leite

A pecuária em 2025 foi marcada pelo aumento do abate de fêmeas o que resultou em um aumento de preços e estabilização da arroba atualmente. A cadeia do leite enfrentou uma crise severa. Os preços pagos aos produtores ficaram abaixo de R$ 2,00 por litro, valor insuficiente para cobrir os custos de produção. A crise atingiu também as indústrias, especialmente as de queijos, provocando a desestruturação da cadeia láctea nacional.

Crédito rural e endividamento

O endividamento rural se intensificou com forte restrição ao crédito. Os pedidos de recuperação judicial saltaram de 20 em 2022 para 566 em 2024, um aumento de 2.730%. Em 2025, até o segundo trimestre, foram registrados 415 pedidos, o equivalente a 73% do total de 2024. Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais concentraram 59,4% de todos os pedidos feitos em 2025. A inadimplência na carteira de crédito rural com recursos direcionados alcançou 11% em outubro, com crescimento mês a mês.

Comércio exterior e tarifaço

O tarifaço entrou em vigor em 6 de agosto de 2025, afetando diretamente setores como carne bovina, açúcar, couros, café, sebo bovino e pescados. A expectativa foi de uma queda aproximada de US$ 325,6 milhões nas exportações para os Estados Unidos. A carne bovina respondeu por US$ 162 milhões, o equivalente a 49,8% do impacto, com volume de 55 mil toneladas. O açúcar registrou impacto de US$ 42,4 milhões, ou 13%, com 62 mil toneladas. Couros somaram US$ 12,6 milhões, café US$ 10,7 milhões e sebo bovino US$ 6 milhões.

Safra 2025/2026 em Goiás

A próxima safra apresenta cenário de maior pressão sobre a rentabilidade, especialmente na soja. A produtividade média esperada recua de 69,7 sacas por hectare na safra 2024/2025 para 66,4 sacas por hectare em 2025/2026, redução de cerca de 5%. O custo operacional total permanece elevado, passando de aproximadamente R$ 5.920 por hectare para R$ 6.001 por hectare. Com isso, a rentabilidade estimada cai de cerca de R$ 2.287 por hectare para R$ 1.343 por hectare, indicando renda mais apertada e maior risco econômico ao produtor rural.

Comunicação Sistema Faeg/Senar/Ifag

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