Nayara Pereira
Com as técnicas corretas, o que antes era impossível, hoje se torna realidade para produtores rurais que tiram sua renda do leite. Em março de 2015, o produtor Sebastião Werlen, 42 anos, tirava de 15 animais, 35 litros de leite por dia e em novembro a produção dobrou. O segredo segundo ele, está no Programa Goiás Mais Leite, implantado em sua propriedade de 8 hectares, localizada no município de Ouvidor, a 294 quilômetros de Goiânia, há 8 meses. A história completa foi apresentada durante o 10° edição do Dia de Campo – Goiás Mais Leite. O evento, realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) em parceria com a Vale Fertilizantes e a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), aconteceu no último sábado (14).
Segundo Werlen, aos poucos, a fazenda Santa Bárbara, começou a ganhar destaque na região e, durante a iniciativa, cerca de 350 produtores da cidade e de municípios vizinhos, foram conhecer sua história. A primeira parada foi no Salão Centro Folclórico e Cultural Irmandade Nossa Senhora do Rosário, onde Sebastião apresentou os ganhos em sua produção.
As dificuldades em aumentar a rentabilidade de sua produção foram discutidas e levantadas por meio do Programa. Com o mapeamento e o manejo adequado do solo, os animais, que antes não passavam de 35 leites por dia, hoje superam 70 litros. “Mesmo com um espaço pequeno e com técnicas de correção no solo, adubação, gestão e manejo de pastagem, conseguimos intensificar uma produção com uma área menor”, destacou Sebastião Werlen. Outro fator fundamental são as adequações da propriedade respeitando as áreas ambientais. “Por meio do Programa, a gente consegue produzir mais, com qualidade e respeitando o meio ambiente”.
Atualmente, o produtor tem 12 vacas girolandas em lactação e pretende chegar a 20 animais, com produção de 300 litros de leite por dia. O que antes era apenas um sonho, agora tem toda a sustentação necessária para se tronar realidade. Ele sabe que precisa ter o maior número possível de animais em produção em relação às vacas secas e para isso investe no básico: alimentação de qualidade – silagem, cana e capim e um bezerro por vaca a cada 12 meses. “Com isso, eliminamos problemas de reprodução. Hoje estamos com quatro vacas em lactação e quatro para entrar, daqui há três dias”.
A qualidade do aleitamento das bezerras é outro aspecto fundamental do manejo reprodutivo. Para garantir a nutrição adequada, o aleitamento é artificial, iniciado logo após as bezerras mamarem o colostro na mãe. “Isso melhorou muito o crescimento”, disse. Ele completou pontuando que as fêmeas jovens, com nutrição adequada, passaram a ter a primeira cria com 24 a 26 meses. “Antes de receber a assistência técnica do Programa Goiás Mais Leite, os primeiros partos aconteciam entre 36 meses e 48 meses”, completa.
Fim da atividade
Sebastião ainda revela que pensou em desistir das criações e da propriedade por causa de prejuízos anteriores, sem as técnicas necessárias para uma produção rentável e de qualidade. “Meu gado não tinha qualidade na alimentação e por muitas vezes pensei seriamente em desistir da atividade. Hoje, por meio do Goiás Mais Leite, aprendi a investir mais no alimento. Para se ter uma ideia, tinha na propriedade uma vaca que não passava de 13 litros e hoje consigo tirar 23 litros dela. Com o sistema rotacionado, a expectativa é que ela chegue a 30 litros por dia”, afirmou.
O técnico do Goiás Mais Leite da região, Lucimar Henrique Sousa, responsável por acompanhar os produtores assistidos pelo Programa, ressalta que o trabalho desenvolvido pelo produtor foi rápido e com qualidade. “Em 8 meses conseguimos resultados expressivos na propriedade do Sebastião. Planejamos que daqui alguns dias a produção aumente. O que investiremos será na alimentação para os períodos da água e da seca, além da projeção de 1 hectare com a cana-de-açúcar e 1 hectare para pastagem”, destacou Lucimar.
Assistência técnica é solução
Presente no evento, o presidente do Conselho Administrativo do Senar Goiás e da Faeg , José Mário Schreiner, apresentou um dado preocupante: 82% dos produtores de leite em Goiás não tem acompanhamento técnico. “Isso preocupa cada vez mais a rentabilidade dos nossos produtores rurais. Mais preocupante ainda é que 54% dos jovens filhos dos produtores não querem viver e dar sequência ao trabalho desempenhado pelos pais”.
De acordo com o presidente, 85% da renda dos municípios representa a produção de 15% dos moradores da zona rural. “São poucas as pessoas envolvidas nas produções de alimentos, leite e carne, mas os resultados são enormes. Por isso, precisamos investir, acompanhar e olhar com mais desenvolvimento para famílias, assim como seu Sebastião, que cresceu e pretende crescer e sustentar uma das atividades abandona por muitos”, ressaltou.
O evento
No Dia de Campo, os visitantes foram orientados sobre como produzir mais e com qualidade, além de poderem acompanhar por meio de palestras e visita na unidade demonstrativa, o exemplo da fazenda em destaque. Durante toda manhã, eles percorreram os stands dos parceiros do evento como Vale Fertilizantes e Syngenta, que na ocasião apresentaram por meio de palestras de seus representantes, novas técnicas de auxílio à produção.
Durante o evento, o publico contou com palestras e orientações sobre o Programa Goiás Mais Leite. O primeiro que abriu a roda de debates foi o técnico, Lucimar Henrique Sousa que falou sobre a redução de custos com adubação de pastagens. Na sequência, o consultor técnico do Senar Goiás, Carlos Eduardo Freitas Carvalho, explicou sobre a sustentabilidade da atividade leiteira em Goiás.
O coordenador do Programa, Marcos Henrique Teixeira, comemorou o 10° Dia de Campo realizado em Ouvidor e o sucesso rápido do produtor de destaque. “Seu Sebastião assim como muitos produtores, representam a força de vontade e empenho em alcançar novos resultados por meio do leite. Por isso estivemos aqui para destacar os ganhos em pouco tempo do produtor”.
Além da Vale Fertilizantes, da prefeitura municipal de Ouvidor e do Sindicato Rural (SR) de Catalão, outras empresas também foram parceiros, como a Cooperativa Agropecuária de Catalão (Coacal) e a Syngenta.
Saúde do homem
Paralelo ao 10º Dia de Campo, a Faeg e o Senar Goiás, realizaram uma ação voltada para a saúde do homem. Com o objetivo de alertar sobre a importância da prevenção do câncer de próstata (PSA), foram realizados exames e orientações em prol da saúde masculina, principalmente o homem da zona rural. A iniciativa, foi aberta ao público, e realizada também no Salão Centro Folclórico e Cultura Irmandade Nossa Senhora do Rosário.