Produtor aproveita pouco valorização do grão, pois maior parte foi comercializada antes do aumento do preço.
A saca de arroz continua com preços elevados e está sendo negociada, em média, a R$ 103 neste mês no Rio Grande do Sul, de acordo com pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Considerando que o Estado fornece 70% do arroz consumido no País, o preço negociando no sul se aplica ao mercado goiano também.
Neste ano, a saca do cereal atingiu preços recordes e chegou a ser comercializada com alta de 120% no campo, em relação aos valores do fim de 2019.
O produtor, no entanto, aproveitou pouco dessa alta. Conforme dados da CDO (Taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura), 29% das vendas realizadas entre janeiro e agosto ocorreram no primeiro trimestre, quando o valor da saca estava inferior a R$ 50.
No segundo trimestre, a movimentação dos negócios foi maior, atingindo 42% do volume total deste ano, a um preço médio de R$ 59 por saca.
A CDO, uma taxa obrigatória paga no beneficiamento do arroz gaúcho destinado aos mercados interno e externo, é uma radiografia da comercialização da safra gaúcha de arroz.
Só em julho e agosto os produtores tiveram uma média melhor de remuneração, com a saca atingindo R$ 72.
Nesses dois meses, foram feitas 29% das negociações do total de janeiro e agosto. O preço do arroz ganhou força mesmo a partir da segunda quinzena do mês passado.
Conforme os dados de negociação da CDO, 71% das negociações foram feitas com valores de até R$ 62 por saca. Quem fez vendas antecipadas para pagar custos não se beneficiou da recente alta.
Conforme dados do Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz), os custos de produção na safra 2019/20 atingiram R$ 64,70 por saca.
Acompanhamento do setor pelo Cepea e pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) mostrou que a atividade teve prejuízo nas cinco safras de 2014/15 a 2018/19. Os piores momentos ocorreram em 2017/18 e 2018/19.
Em 2018, o setor foi afetado pelos baixos preços internos. Em 2019, os problemas vieram dos efeitos climáticos. Já nesta safra de 2019/20, o produtor deverá obter lucratividade de R$ 1.533 por hectare, de acordo com o Cepea.
Os que anteciparam as vendas neste ano para ajustar as contas - exatamente os com maiores dificuldades financeiras- receberam valores menores pelo produto.
Pelos dados da CDO, foram comercializadas 6 milhões de toneladas de janeiro a agosto. O forte da colheita ocorre de março a abril, quando o país apanha 97% do arroz semeado.
Fonte: Brasil Agro