Luiz Fernando Rodrigues
A fim de discutir os principais problemas enfrentados pelo produtor no período de estiagem e pontuar as projeções para 2015, a Comissão de Pecuária de Leite da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg) se reuniu na tarde de sexta-feira (17). Entre os principais pontos abordados durante a reunião, destacaram-se o longo período sem chuvas e os problemas decorrentes da Tripanossomíase Bovina (doença causada pelo protozoário do gênero Trypanossoma que ataca a corrente sanguínea do gado).
A reunião foi comandada pelo presidente da Comissão, Antônio Pinto, e pelo gerente de assuntos técnicos e econômicos da Faeg, Edson Alves. Também participaram do encontro representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Gado de Leite, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e produtores do setor.
Antônio Pinto iniciou a reunião abordando as complicações enfrentadas pelos produtores em decorrência da forte estiagem dos últimos meses, ressaltando as dificuldades da falta de água em municípios como Piranhas, Doverlândia e Caiapônia. “Esse é um problema sério que tem afetado alguns municípios, sem contar com a falta de energia que, em cidades como Jataí, já chegou a acabar dez vezes em um único dia”, comenta.
Tripanossomíase bovina
Na sequência, Antônio alertou os produtores quanto ao problema da Tripanossomíase Bovina, doença que tem afetado o gado em algumas regiões do país, principalmente em Minas Gerais. Entre os principais sintomas apresentados pelos animais infectados pela doença destacam-se o emagrecimento progressivo, debilidade, anemia e febre em um curto período de tempo. Após todo esse processo, os animais morrem.
O presidente da Comissão ressaltou que os produtores devem ficar alertas devido aos impactos que a doença pode ocasionar ao rebanho e com as formas de transmissão. “Os animais podem ser infectados por moscas e agulhas utilizadas para vários animais durante a vacinação ou aplicação de medicamentos”, explica. “Apesar disso, o produtor deve ficar atento durante à compra dos animais, principalmente quando não se sabe a procedência”, completa.
Novos cenários e perspectivas para 2015
O gerente técnico de assuntos técnicos e econômicos da Faeg, Edson Alves, afirmou durante a reunião que o cenário econômico para 2015 pode ser desafiador, já que há expectativa em relação à definição das eleições presidenciais deste ano e os indicativos de aumento da energia elétrica, do diesel, dos medicamentos e fertilizantes poderão impactar os custos da atividade leiteira em Goias.
Além disso, o aumento da oferta de leite aliado a queda nos preços previstos neste final de ano e uma queda dos preços no mercado internacional ocasionado pelo aumento da oferta mundial de lácteos e redução das compras da China são indicativos de um cenário difícil a curto prazo. “Os chineses diminuíram suas compras entre janeiro e setembro deste ano. Além disso, a produção da Nova Zelândia e da Austrália aumentaram. Assim, aumentou-se a oferta de leite no mercado internacional, mas a compra no exterior diminuiu, sobrando mais leite”, explica Edson Alves.
Diante do cenário desenhado pelo gerente técnico, os produtores presentes na reunião apontaram para a importância de repensar a eficiência dos produtores rurais no mercado, principalmente no que se refere à profissionalização na hora de fazer negócio com as indústrias de leite.
Propostas para pesquisas
A Embrapa Gado de Leite solicitou aos representantes da Faeg e aos produtores sugestões para que a instituição possa atender às principais demandas do setor lácteo em Goiás. O pesquisador Leovegildo Lopes de Matos afirmou que a entidade necessita ouvir as principais necessidades de quem trabalha no campo para melhor atender a área.
O pesquisador ainda ressaltou que a Embrapa deverá aprofundar ainda mais no fomento do saber, proporcionando conhecimento mais aprofundado e atualizado. “Nosso grupo não é capaz de alcançar todos os produtores rurais, mas podemos atualizar nossas pesquisas e levar novos dados aos profissionais capazes de difundi-las entre os produtores”, explica Leovegildo.