Michelle Rabelo
Com a intenção de debater os efeitos do novo Plano Safra, divulgado no último dia 2 de junho pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu, membros das comissões de Grãos e Crédito Rural da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) se reuniram na sede da entidade na manhã da última sexta-feira (12), onde o presidente José Mário Schreiner destacou a importância do recurso para quem vem impulsionando o Brasil para frente. José Mário, que também é presidente do Conselho Administrativo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) também ratificou a importância da profissionalização no momento da comercialização da safra, um dos momentos mais delicados da atividade.
Além disso, o grupo recebeu o consultor de mercado de commodities Pedro Dejneka, da Agro Brasil. Ele veio de Chicago para bater um papo com os produtores de grãos que enfrentaram duas estiagens consecutivas e que seguem em busca de ferramentas para investir, produzir e fugir de outros possíveis contratempos. Quase todos vem de um histórico com perdas na produção, o que tornou a comercialização ainda mais crucial para boas rentabilidades. Com o objetivo de alertar os presentes sobre o que está acontecendo no mercado mundial, Dejneka afirma que o período de preços pressionados para baixo pode ainda se alongar, mas alerta que o pessimismo não pode ser o principal sentimento neste momento.
“O produtor que se planejar e estiver melhor preparado para os tempos de vacas magras é oque vai se dar bem, com sustentabilidade no negócio, a longo prazo. Períodos de crise são períodos de oportunidades. São ciclos, como tudo na vida. O produtor precisa ter certeza de que um novo período de alta e preços bons virá”, esclareceu.
Na ocasião, Schreiner destacou a importância do Plano Safra para essa preparação do produtor, principalmente o goiano. “Nós participamos muito e agora é hora de comemorar os resultados e o reconhecimento do setor: investir na agropecuária é combater a inflação. Os valores não são exatamente os que queríamos, mas sinalizam a importância da agricultura e da pecuária para o Brasil”. Ele estendeu dizendo que agora é o momento ideal para o produtor se planejar. “Gastamos muito com maquinário e tecnologia em geral. Agora é investir forte em custeio – etapa para qual foi liberado o maior valor do Plano Agrícola. Além disso, temos que nos preocupar em armazenar nossa produção, disse se referindo ao Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), que apoia investimentos necessários à ampliação da capacidade de armazenagem por meio da construção e ampliação de armazéns. “Hoje, apenas 7% da produção é armazenada. Sem armazenamento adequado, em 30 dias temos que exportar 6 milhões de toneladas, o que representa mais gastos com frete e o desgaste ainda maior nas estradas”.
Valor e juros
Quanto a quantidade de recursos liberada, Schreiner explicou que considera o valor razoável diante da crise pela qual o país está passando. “É claro que o valor não é o ideal, mas temos que considerar que houve um acréscimo de 20% em relação ao ano passado. Hoje o setor privado recua no que diz respeito à investimentos, vivenciamos um período de juros altos e pouca oferta”. Já sobre as taxas de juros, José Mário contou que no início das negociações com o governo federal o percentual era de 13%. “Tivemos que trabalhar muito para conseguir baixar os juro para 8,75%. Foram reuniões duras”.
Seguro Rural
Tido como um dos maiores problemas do produtor goiano, o atual modelo de seguro rural também ganhou espaço no Plano Safra e foi citado pelo presidente da Faeg. Para José Mário, no que tange o seguro rural, a criação de um projeto piloto – em Goiás e no Paraná – foi o grande destaque do anúncio de Kátia Abreu. Definiu-se que a criação do Sistema Integrado de Informações do Seguro Rural (SIS-Rural) e a formação de grupos de produtores para negociação com as seguradoras. Goiás e Paraná serão os primeiros estados a testarem o modelo. Os produtores irão se organizar em grupos e assim serão atendidos pelas segurados, negociando diretamente o nível de cobertura e o valor de Prêmio. Além disso, o plano prevê a padronização das apólices de seguro agrícola, medida que começou este ano, quando foi definido o nível mínimo de cobertura das apólices, em 60%.
Também estiveram presentes o vice-presidente da Faeg e presidente da Associação dos Produtores de Soja de Goiás (Aprosoja Goiás), Bartolomeu Braz; os presidentes da Comissão de Grãos da Faeg, Flávio Faedo e da Comissão de Crédito Rural, Alexandre Câmara; e o consultor técnico para a área de Grão, Fibras e Oleaginosas do Senar Goiás, Cristiano Palavro.