Produção de bioenergia e grãos é tema de painel em Goiânia

Michelle Rabelo
Objetivando discutir a produção agrícola brasileira e a dinâmica do mercado mundial, cerca de 50 especialistas em agronegócio, vindos de 19 países, se reuniram nesta quinta-feira (16) no Mercure Hotel, em Goiânia. Trata-se do encontro anual do Global Fórum agri benchmark Cash Crop, que acontece pela primeira vez no Brasil e que segue até o dia 18 de julho, passando também pelo município de Rio Verde. Falando como painelista, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, destacou a importância do evento para o setor. “Aqui podemos debater os rumos da agropecuária não só no Brasil, mas no mundo todo. É um momento ímpar e me sinto muito honrado pelo fato de Goiás sediar uma discussão de tamanha relevância e significado”, disse. Ao lado de Schreiner, o vice-presidente institucional da Faeg, Bartolomeu Braz, participou da discussão.

No painel apresentado por José Mário Schreiner, que também é vice-presidente diretor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ele abordou a questão do mercado brasileiro de açúcar e de grãos e da competição pela terra no Cerrado entre as duas culturas. “Goiás se destaca na compatibilizar a produção de bioenergia/biomassa e grãos. Sempre analisando a competitividade, mesmo diante de uma política exacerbadamente focada na produção do setor sucroenergético. É muito importante termos um espaço como esse para mostrar que o estado continua sendo um grande produtor de grãos e um excelente transformador de matérias-primas. Vale lembrar que somos o 2º maior produtor de etanol do Brasil”.

Ao longo do evento, foram apresentadas as perspectivas na produção mundial de milho diante da crescente demanda pelo alimento, os novos competidores no mercado do açúcar e a expectativa de produção agrícola para 2020. Durante o Fórum, foi apresentado o agri benchmark: uma rede, sem fins lucrativos, de economistas agrícolas e produtores especialistas que analisam a produção de várias culturas e seus rendimentos. Dele saem análises sobre as principais tendências e perspectivas da produção mundial. Para o presidente da Faeg, a avaliação feita a partir da comparação das realidades de diferentes países beneficia, e muito, o produtor brasileiro.

Cadeia sucroenergética
Com uma área total plantada de cana-de-açúcar de 9,07 milhões de hectares, o Brasil produziu em 2015 um total de 654 milhões de toneladas e enxerga na busca por mais produtividade um dos seus principais desafios no setor sucroenergético. Durante seu painel, Schreiner ressaltou algumas ações que compõem a lista de prioridades da CNA em prol do setor. A desoneração dos investimentos com a possibilidade de construção de usinas mais eficientes, a negociação do endividamento e a valoração da matéria prima são alguns pontos que devem ganhar atenção especial.

José Mário destacou a existência de um “Brasil empresa”. “Somos um dos maiores players mundiais nos mercados de bioenergia e grãos, e Goiás se destaca em ambos os produtos. Hoje, com práticas de integração as duas produções se complementam, e em regiões como o Sul Goiano encontramos vastas áreas sendo utilizadas para ambos os fins”.

Fórum
Desde 2012 é realizado o agri benchmark Cash Crop, associação de economistas, cientistas, produtores e consultores de 45 países, que registram, analisam e comparam o desempenho econômico das áreas cultiváveis típicas de cada país participante.

Como forma de entender a produção de culturas comerciais, em todo o mundo, analisar a competitividade e direcionadores do lucro, fornecer informações de mercado para tomada de decisão e conectar economistas agrícolas mundialmente, a agri benchmark realiza uma vez ao ano, desde 2012, a Conferência Cash Crop seguida de um Fórum Mundial. O evento já aconteceu na África do Sul, Rússia e Estados Unidos.

O evento é coordenado pelos Institutos alemães Thünen-Institute (TI) e DLG e, no Brasil, pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Nesta edição, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Associação de Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil) são patrocinadoras.

Dia de Campo
No sábado (18), os participantes do fórum visitaram algumas regiões do estado para conhecerem de perto as produções em destaque. Com início em Rio Verde, o grupo percorrerá propriedades de cana-de-açúcar, observando as técnicas de produção. Em seguida, será a vez de Santa Helena de Goiás, onde percorrerão a fazenda Santa Fé, para observarem o sistema ILP de integração lavoura - pecuária. Já em Jataí, os visitantes conhecerão propriedades de destaque. Para finalizar, na cidade de Montividiu do Norte, o grupo conhecerá a produção de milho e algodão, na Sementes Goiás.