A experiência com a locação de colmeias de abelhas de apicultores para polinização das flores de lavouras se mostra cada vez mais eficiente no Brasil. Um exemplo são as plantações de soja, café e citrus, como laranja. Aqui, em Goiás, a técnica, ainda vista como novidade, está fazendo sucesso em plantações de melancia em Porangatu, a 410 quilômetros de Goiânia.
O apicultor Matheus de Barros, que atua na atividade desde 2016, sempre se concentrou na produção de mel, com extração equivalente a aproximadamente meia tonelada por ano. Os resultados crescentes vêm sendo obtidos por meio da Assistência Técnica e Gerencial do Senar Goiás (ATeG). O produtor relata que no início do ano foi surpreendido por uma proposta do técnico de campo que o acompanha, Yuri Gonçalves. “Ele me falou que um grande produtor de melancias, aqui da nossa região, estava procurando um apicultor disposto a levar colmeias para a lavoura. Eu nunca tinha ouvido falar nisso, mas entendi como uma ótima oportunidade de aumentar meu faturamento. Mais uma possibilidade de ganhos”, agradece.
Com a florada prestes a começar, isso no mês de março, Matheus levou 20 colmeias, locadas a R$ 100 cada uma, para a primeira plantação. Assim que o trabalho das abelhas foi concluído, em cerca de 20 dias, elas foram remanejadas para outra área, o que iniciou o processo de polinização e ele recebeu novamente. “Nessa primeira experiência, levei minhas colmeias para dez roças. Foi muito bom para mim, como apicultor, como também para o dono da lavoura. O gerente da propriedade me disse que o resultado foi 100% melhor, rendeu de oito a nove melancias a mais por pé”, relata Matheus.
As flores femininas da melancieira disponibilizam o néctar e as masculinas disponibilizam tanto o néctar, quanto o pólen. Por elas passam vários insetos como formigas, vespas, borboletas, besouros, mas são as abelhas as principais polinizadoras da cultura. Além de uma maior quantidade de frutos por planta, as melancias são mais doces, de melhor coloração e mais pesadas.
Outro que aposta na atividade é Eurivan Luiz dos Santos, que começou a criar abelhas em 2003. No início era realizada de qualquer jeito, usava fogo na captura e muitas acabavam morrendo. Tudo mudou quando ele passou a ser assistido pelo Senar Goiás. “Eu tinha muita vontade de me profissionalizar, mas estava fazendo tudo errado. Com o Senar, eu aprendi a captura correta, sem danos para mim e para as abelhas, a organizar meu apiário, a comercializar o mel e agora, graças a Deus, fui agraciado por essa nova sugestão do técnico de campo para locar parte das minhas colmeias. São 45, das mais de 80, reservadas para essa finalidade”, conta.
Nos Estados Unidos, segundo um levantamento feito em 2020, 70% dos apicultores são especialistas em alugar abelhas. Aproximadamente dois milhões de colmeias são transportadas anualmente para polinizar as plantações de amêndoas do país. No Brasil, o número de produtores que trabalha com esse serviço não passa de 10%.
O técnico de campo Yuri Gonçalves conta que escolheu os produtores assistidos que tinham condição de se dedicar ao manejo das abelhas polinizadoras e com colmeias extras para esse trabalho. “É uma nova área para ser trabalhada que vai até julho e depois retorna no final do período chuvoso quando se tem novas lavouras para polinizar. Quem quer alugar abelhas precisa ter disponibilidade e habilidade para fazer a troca de colmeias de uma plantação para outro com o menor estresse possível para os insetos. A forma de criação é a mesma das usadas para a produção de mel”, destaca.
Matheus destaca que, na apicultura, a maioria dos apicultores gosta de repassar os conhecimentos para os demais e vê na oportunidade de alugar abelhas um grande nicho de mercado, tanto para quem cria abelhas, quanto para quem vai locar, já que os resultados mostram um bom avanço na produção e qualidade dos frutos. “Está sendo boa demais essa assistência. Adquiri muito conhecimento. Às vezes a gente está meio perdido. Vem o Senar, através dos técnicos, e nos mostra o caminho certo, uma nova direção”, finaliza o produtor de mel.
Comunicação Sistema Faeg/Senar/Ifag