A força e determinação feminina têm, cada vez mais, conquistado protagonismo no agronegócio brasileiro
Em um setor historicamente marcado pela predominância masculina, as mulheres vêm, literalmente, desbravando terras, superando desafios e cultivando não apenas alimentos, mas também um novo momento na história do empreendedorismo no setor. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 31% das propriedades rurais no país são comandadas por mulheres. Além disso, elas ocupam, ainda, 19% dos cargos de direção em empresas do agronegócio brasileiro, conquistando, gradativamente, mais espaço em posições de destaque, seja como produtoras ou em cargos estratégicos.
Esse crescimento mostra como a presença feminina no agronegócio está se revelando uma onda transformadora, desafiando estereótipos e impulsionando a inovação no segmento. Ainda segundo a pesquisa do IBGE, 59,2% das entrevistadas são proprietárias ou sócias; 30,5% são funcionárias ou colaboradoras; e 10,4% são gestoras, diretoras, gerentes, coordenadoras ou atuam em funções administrativas. O levantamento também aponta que a atuação feminina é mais forte nas atividades de produção das lavouras permanentes, que concentra 57% das mulheres, seguida pela produção da pecuária e criação de animais (24%), produção de lavouras temporárias (9%), horticultura e floricultura (8%) e produção florestal (1%). Por tipo de atividade, 73,1% trabalham dentro das fazendas, 13,9% nos elos da cadeia produtiva após a fazenda e 13% "antes da porteira".
Apesar dos avanços, no entanto, esse caminho não é fácil. São inúmeros os desafios enfrentados por aquelas que desejam ocupar o seu lugar no agro. A desigualdade de gênero, o preconceito que enfrentam quando ocupam cargos de gestão e a diferença salarial entre homens e mulheres ainda é comum no setor. É por isso que quem já ocupa essa posição tem sempre um olhar de cuidado e parceria com outras mulheres que estão ou desejam ingressar no segmento. Esse é o caso de Ângela Maria Sebastiani van Lieshout, de 51 anos. Produtora rural no interior de Goiás, a mulher é responsável pelo departamento financeiro da fazenda da família.
"Comecei na fazenda em 2000. Em maio de 2021, depois da separação da sociedade do meu marido com o irmão dele, entrei no financeiro. Nessa época, resolvi também fazer vários trabalhos na região, principalmente com um olhar mais aprofundado para a escola da comunidade. Em 2022, organizei uma ação para trazer um 'campo saúde' para cá", conta a produtora rural.
As ações comunitárias promovidas por Ângela chamaram a atenção da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). A produtora rural foi convidada para assumir a posição de presidência da Comissão das Produtoras Rurais do Estado de Goiás.
"Foi uma virada de chave na minha vida. Conseguimos aumentar não só a visibilidade da Comissão, mas também o trabalho. Hoje, estamos com 48 mulheres no grupo e nosso intuito é batalhar mais e mais em prol das produtoras rurais, levando capacitação e fazendo com que elas se sintam pertencentes à federação", explica. A presidente destaca que qualificação é essencial para quem quer empreender no agro.
"Quando soube que ia trabalhar na fazenda, comecei minhas capacitações e nunca parei", destaca. Para Ângela, é inegável que, apesar do preparo, as mulheres enfrentam dificuldades culturais
"O machismo é presente, mas as mulheres vêm se destacando e é visível pelos índices que mostram o crescimento delas no agronegócio. A gente percebe que a mulher, além de ter um olhar mais cuidadoso em relação à parte social da gestão da fazenda, consegue desenvolver perfeitamente o trabalho que se propõe a fazer", ressalta.
Fonte: Jornal O Popular
Comunicação Sistema Faeg/Senar/Ifag