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Entidades se mobilizam para levar demandas de produtores que sofrem com falta de energia

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A constante queda de energia na zona rural goiana, especialmente no período chuvoso, não é novidade. Desde que assumiu a antiga Celg Distribuidora (Celg D), em 2017, a Enel Goiás recebe queixas e promete melhorias para conseguir reduzir o tempo de espera dos consumidores quando ocorre uma interrupção. Na última terça-feira, o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Antônio Carlos de Souza Lima Neto, entregou demandas reunidas pelo setor produtivo rural para reforçar pedidos à companhia.

Como resultado, a Enel anunciou que fará um novo plano para melhorar a qualidade do fornecimento no interior do Estado. A promessa vai desde um sistema de monitoramento que identifica os clientes que mais sofrem com as quedas até definição de regiões estratégicas para onde serão direcionados investimentos. Ações que seriam complementares àquelas que a empresa se comprometeu com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o governo do Estado a fazer a partir de 2019.

Apesar de ter reduzido o tempo médio de espera dos clientes pela retomada do fornecimento após interrupção, o chamado DEC, a realidade é diferente a depender da região do Estado. Para se ter ideia, dos 156 conjuntos elétricos em que a área de concessão é dividida, apenas 30 até setembro de 2020 estavam dentro do limite estipulado, segundo a Aneel. Sendo que oito ultrapassam até 300%.

Por isso, há casos de quedas que duram horas e relatos de dias sem energia. O motivo para que a zona rural seja mais penalizada, segundo o diretor-presidente da Enel, José Luis Salas, são as redes muito antigas, degradadas e monofásicas, que precisam de muito investimento. Produtora de Itaberaí, Celi Berganini ficou em novembro por quatro dias sem energia e teve de investir mais de R$ 4 mil em óleo diesel para o gerador, que é mais potente do que usava em 2019, quando perdeu um galpão inteiro de frangos. Total de 19 mil aves morreram.

Ela investiu R$ 70 mil para aguentar em especial as oscilações na época das chuvas. "As coisas não mudaram e quase todo dia tem queda por ser uma rede monofásica. É a pior que tem, queima motores e tivemos de comprar novos para deixar de reserva. A gente procura investir para melhorar a atividade, mas sem ajuda é inviável", pontua. Já em Rio Verde, o também produtor integrado Edilson Moraes de Paiva, comprou gerador para aguentar este período chuvoso depois de ter R$ 120 mil de perdas em maio de 2019.

A dívida ele ainda está próximo de quitar e conta que percebe as mesmas falhas no atendimento hoje para ter respostas mais rápidas da companhia. Celi e Edilson encaminharam as reclamações para representantes do setor, como sindicatos rurais, e elas chegaram à Seapa. Além dos avicultores, produtores de leite de Orizona reforçaram antigos pedidos com direito a derramar leite na porta da Enel.

"Têm ocorrido reuniões em sindicatos, mas não tem evoluído, o que é preocupação", diz o coordenador institucional do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Leonardo Machado, ao reforçar que as queixas são em todo o Estado e vão do leite perdido à temperatura que sobe e termina por matar frangos nas granjas. Outro setor que tem ampliado os prejuízos é o dos grãos. Consultor técnico da Associação dos Produtores de Soja de Goiás (Aprosoja-GO), Cristiano Palavro pontua que há espera por uma evolução já que desde a armazenagem aos pivôs há impacto direto.

Diante desse cenário, o secretário Antônio Carlos diz que foi finalizado no dia 15 de janeiro o levantamento dos problemas e o mesmo foi entregue à Enel. "Tivemos oportunidade de recepcionar o plano de atuação que a empresa tem desenvolvido com maior enfoque no campo e reconhecimento de que há esse problema e precisamos de medidas imediatas." A expectativa, segundo ele, é de que mudanças comecem a ocorrer nos próximos meses, mas admite que as dificuldades só devem ser superadas ao longos dos anos. Por isso, diz que o trabalho de articulação continua.

Por nota, a Enel informou que com sistema de monitoramento que foi apresentado ontem os clientes que vivenciam as quedas constantes vão ter atendimento emergencial e ações preventivas de manutenção para uma maior estabilidade no fornecimento. Entre as melhorias técnicas previstas para 2021 está instalação de mais de mil equipamentos nas redes rurais que garantem religação automática dos ramais monofásicos e a substituição de redes muito degradadas.

Há como estratégia canais exclusivos de atendimento como Whats App Rural e o aplicativo Apporteira, disponibilizado através de parceria da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e Sindicatos Rurais. Para o presidente José Luis Salas, o maior desafio do ano é mudar a realidade na zona rural e há ações de curto, médio e longo prazo.

Fonte: O Popular

Imagem: divulgação

Texto com adaptações do Sistema Faeg/ Sena/Ifag

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