Michelle Rabelo
Entre os inúmeros problemas enfrentados pelos irrigantes goianos, a energia elétrica é o que mais gera reclamações. A afirmação é do presidente do Sindicato Rural (SR) de Cristalina e diretor técnico da Associação dos Irrigantes de Goiás (Irrigo), Alécio Maróstica, que ministrou palestra, nesta quinta-feira (7), durante o 1º Seminário Estadual de Irrigação. Com o tema “Diagnóstico do setor de irrigação no Estado de Goiás”, a palestra abordou a atual situação da irrigação e o que os produtores esperam dos governos estadual e federal para que a atividade se destaque ainda mais dentro da agropecuária. O evento, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), acontece durante todo o dia, em Goiânia.
Segundo Maróstica, além da falta de energia elétrica, a inexistência de uma política de irrigação e a carência por mão de obra qualificada fazem com que os produtores se destaquem muito aquém do que as reais possibilidades da atividade. “É claro que há uma priorização da indústria, em detrimento da irrigação. Nós temos indústrias recém-chegadas em Cristalina que já possuem energia”, alerta. Durante a palestra, ele pontuou como necessidades da classe, mudanças na forma como são liberados os licenciamentos ambientais, as outorgas do uso da água e as linhas de créditos rurais.
Para exemplificar a importância da atividade, Alécio também fez questão de destacar a variedades de culturas que são cultivadas com a utilização da técnica de irrigação e o impacto econômico que a atividade causa no estado. “Plantamos quatro mil hectares de grama para jardim. Ao todo, 14 indústrias de atomatado dependem da irrigação. O engraçado é que estas informações ninguém divulga. O pessoal só quer saber de ficar dizendo por aí que nós estamos acabando com a água”.
Assistência técnica
Sobre a falta de assistência técnica – problema enfrentado por todos os produtores, irrigantes ou não - Alécio salientou que falta ao irrigante o espírito do coletivismo. “40% dos irrigantes, por exemplo, pagam por assistência técnica terceirizada. Eles preferem pagar que cobrar isso do governo estadual”. Segundo dados apresentados por Maróstica, outros 38% utilizam algum técnico que já trabalha na fazenda, 1% não possui nem um tipo de assessoramento e 21% usam os serviços do estado. “A irrigação precisa se organizar e definir uma pauta de prioridades, além de começar a definir uma política agroindustrial. O produtor não pode pensar que tudo vai vir do estado. Não podemos cruzar os braços esperando ações que nos beneficiem”.
Programação
A programação do 1º Seminário Estadual de Irrigação será dividida em dois painéis que discutirão a “Visão do Setor de Irrigação em Goiás e no mundo” e a “Gestão dos Recursos Hídricos”. Além de Alécio Maróstica, falam aos presentes Ivo Mello (representante da Associação dos Arrozeiros de Alegrete no Conselho Nacional de Recursos Hídricos), Lineu Rodrigues (gerente geral da Embrapa Cerrados) e Paulo Lipp João (Coordenador de Projetos da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul), entre outras autoridades.
Em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o evento pretende apresentar estudos e visões técnicas desenvolvidas por produtores irrigantes e pesquisadores para que a água, recurso natural indispensável para a sobrevivência humana, seja utilizada com responsabilidade na produção de alimentos. O objetivo geral 1º Seminário Estadual de Irrigação é discutir o setor de irrigação em Goiás e no mundo, com destaque para a necessidade de o produtor repensar a utilização da água para a produção de alimentos.
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