Michelle Rabelo
Abrindo oficialmente os trabalhos, representantes da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso (Famato), da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) Brasil e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro compuseram a mesa para a primeira palestra da Bienal dos Negócios da Agricultura Brasil Central, onde foram debatidos os entraves para a competitividade da agricultura do centro-oeste. Mais de 50 pessoas, entre produtores, presidentes de Sindicatos Rurais (SRs) e membros da diretoria, da comitiva da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) estavam na plateia nesta terça-feira (1), atentos a tudo o que era dito.
A Bienal - realizada em conjunto pelas Federações da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), do Mato Grosso do Sul (Famasul), do Mato Grosso (Famato) e do Distrito Federal (Fape), objetiva discutir meios para aprimorar as atividades no campo, sas conexões com a cidade e a qualidade de vida de toda a sociedade. Para o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, o evento não poderia acontecer em um melhor momento, já que o produtor está atravessando um período complicado diante, por exemplo, da dificuldade de acesso ao crédito rural. “Goiás está sofrendo, assim como todo o Brasil, já que no primeiro semestre praticamente não houve liberação do crédito para custeio. Agora, no início de julho houve um avanço com a liberação. Mas o avanço não foi suficiente pois teremos que correr atrás do tempo perdido”.
Iniciando o dia, o economista Samuel de Abreu fez uma apresentação geral do cenário econômico, contextualizando a crise e abordando temas como dívida interna e externa, inflação, alta do dólar e queda do Produto Interno Bruto (PIB). O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, também falou com o público da Bienal. “O centro-oeste é o Maracanã onde vamos jogar a copa do Mundo dos alimentos”, brincou, fazendo referência a representatividade do país na produção de alimentos.
Rodrigues também foi enfático ao dizer que o país está carente de lideranças e que devido a globalização, os problemas externos afetam diretamente a economia verde e amarela. “A boa notícia é que mesmo com a crise nós – os agropecuaristas – seguimos firmes. Temos a agricultura mais sustentável do planeta. Acredito muito eu nossa atividade. Credito que ela será a grande alavanca do Brasil, mas para isso é preciso que falemos a mesma língua”.
Aproveitando o tema do primeiro painel, Schreiner também destacou a necessidade urgente de se discutir competitividade. “Se não fosse o agronegócio o Brasil já teria naufragado. Precisamos discutir formas de melhora ainda mais esse cenário. Somos eficientes da porteira para fora, com a alta produtividade, mas a logística ainda é o grande entrave para o crescimento do nosso setor. Para se ter uma ideia, o Brasil gasta $80 para escoar a produção do centro-oeste até o porto de Santos. Já o americano gasta $16 exportando para o Golfo do México”.