Iniciado em 2013, o Programa Equoterapia Carolina Ribeiro, desenvolvido pelo Sindicato Rural (SR) de Anápolis em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás, já vai muito além do que pretendia se tornar. O projeto teve início no desejo da mobilizadora do sindicato, Nerci Ribeiro, de oferecer melhor qualidade de vida à sobrinha. Hoje, o programa já atende 18 praticantes, entre crianças e adultos com necessidades especiais.
Ao nascer, a sobrinha de Nerci, Caroline Ribeiro, ofereceu à família a oportunidade de cuidar e aprender com um bebê portador de Síndrome de Down. Por conhecer a equoterapia, a mobilizadora acreditou que a prática ajudaria a criança no desenvolvimento das habilidades de coordenação motora, fala e socialização, e iniciou a mobilização pelo projeto no sindicato.
Por causa de problemas cardíacos que apresentou desde o nascimento, a pequena Carolina faleceu aos cinco meses vida e não chegou a montar nos cavalos. Os sofrimento do luto fez Nerci considerar desistir de levar a cabo o projeto de equoterapia no sindicato rural. “Coordenadores de outros centros me chamaram de egoísta. Isso me fez enxergar que o tratamento com os cavalos poderia ajudar muitas outras crianças. Foi então que reuni forças para retomar o projeto”, relatou.
Dois anos depois de o bebê-anjo deixar a família, o Programa Equoterapia já transforma a vida de outros pais e crianças. Ana Laura Chagas, de 9 anos, iniciou os atendimentos em dezembro. A mãe da menina, Soraya Andrade Chagas, contou que ela já apresenta afetividade com o cavalo, o que é um grande ganho para o autista. “Ela não apresentou nenhuma resistência ao animal. O tratamento ainda é recente, mas já observamos que ela tem vontade de tocar o cavalo e até o abraça”, comentou satisfeita.
Atendimento
Soraya Chagas contou que já havia procurado se informar sobre o atendimento de autistas com equoterapia, mas que, em clínicas particulares da cidade, o custo da sessão chegava a R$ 60. Como a família não tinha condições de arcar com as despesas, Ana Laura só iniciou a terapia com cavalos agora, com o atendimento gratuito oferecido pelo Sindicato Rural de Anápolis. “O Programa Equoterapia é um projeto muito relevante para a sociedade, especialmente para a população mais carente. Foi uma iniciativa muito boa que acredito que trará bons resultados para portadores de vários tipos de deficiência”, parabenizou.
Visita técnica
Na tarde desta quarta-feira (12/02), uma comitiva do Senar Minas Gerais visitou o Centro de Equoterapia Carolina Ribeiro, do Sindicato Rural de Anápolis. Os técnicos vieram a Goiás em busca de referências para a implantação do programa, que em 2014 passou a integrar a cartilha de cursos do Senar Nacional.
Durante dois dias, a equipe visitou centros de equoterapia de cincos cidades de Goiás. Depois de passar por Rio Verde, Piracanjuba, Hidrolândia, Bela Vista e Anápolis, técnicos aprenderam sobre trâmites burocráticos da execução do programa, sobre tipos de exercícios e sobre como o Senar pode contribuir na consolidação desse projeto de inclusão da pessoa com deficiência. “A contribuição do Senar Goiás no desenvolvimento da equoterapia superou, e muito, as nossas expectativas. Voltamos para Betim muito animadas, com esperança de que o Senar Minas também possa contribuir muito positivamente na execução desse projeto tão grandioso para a comunidade”, projetou a fisioterapeuta Karla Azevedo Costa, integrante da equipe da Associação Despertar Vidas, que pretende ser parceria do Senar na consolidação do projeto nos estado mineiro.