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Etanol de milho ganha mercado

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Com o aumento do uso do grão como matéria-prima na produção do combustível, perspectiva é de expansão da demanda e das lavouras nos próximos anos no Estado

Goiás já é o terceiro maior produtor de milho do País e, no que depender das boas perspectivas para a produção de etanol, o Estado deve ampliar cada vez mais as lavouras do grão. A demanda pelo combustível é crescente, o que contribui para o aumento dos preços no atual período de entressafra, entre novembro a abril. Mas quando todos os projetos para a fabricação de etanol de milho estiverem em operação, a estimativa é de aumento da oferta do combustível e de redução do impacto do período de entressafra nos preços.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de etanol de milho em Goiás deve alcançar na 295,6 milhões de litros na safra 2019/2020, um volume 55% maior que na safra passada. O presidente do Sindicato das Indústrias de Fabricação de Etanol no Estado (Sifaeg), André Luiz Rocha, informa que algumas unidades produtoras já estão fazendo etanol de milho durante o período de entressafra em Goiás.

Segundo ele, já existem cinco usinas flex no Estado, ou seja, que produzem etanol a partir da cana-de-açúcar ou do milho. Porém, outras quatro indústrias que já trabalham com outros produtos derivados do milho já investem em projetos para produzir etanol a partir do grão. "É o caso da Gem Alimentos e, em Acreúna, que também está construindo uma usina de etanol", conta André Rocha.

Incremento

O presidente do Sifaeg estima que Goiás tenha produzido mais de 220 milhões de litros de etanol de milho na última safra e prevê um incremento de cerca de 40% na próxima, ultrapassando os 300 milhões de litros. Isso graças ao aumento da fabricação do combustível em unidades que começaram a produzir recentemente no Estado.

É o caso da CerradinhoBio, que já produzia etanol de cana- de-açúcar em uma unidade produtora em Chapadão do Céu, no Sudoeste Goiano e resolveu diversificar sua matérias-primas, investindo R$ 280 milhões em uma planta produtora de etanol de milho. A fabricação do combustível a partir do grão teria começado em novembro do ano passado.

Com a conclusão total do projeto, a CerradinhoBio produzirá 230 milhões de litros de etanol derivado de milho. Isso significaria um aumento de 50% da capacidade total da indústria em 2018 e a unidade goiana se consolidaria como o maior complexo produtor de bioenergia da América Latina.

A São Martinho também assinou um protocolo de intenções para construir uma planta para produção de etanol de milho ao lado de sua Usina Boa Vista, em Quirinópolis, com capacidade para produzir 200 milhões de litros do combustível hidratado, num investimento de R$ 350 milhões. Porém, na ocasião, a empresa anunciou que a ampliação de suas atividades em Goiás ainda estava atrelada a alguns compromissos do Estado, como a concessão de incentivos fiscais. Procurada, a São Martinho não quis comentar sobre o andamento do projeto.

Polo

Se todos os projetos anunciados se concretizarem, Goiás, que já é um dos maiores produtores de etanol de cana de açúcar do País, também pode se tornar um polo de produção de etanol de milho. Isso por causa da abundante matéria-prima da região, que levou a VMG Bioenergia e Agronegócio a anunciar um investimento de R$ 550 milhões numa nova usina de etanol em Jataí.

A empresa já fabrica dois tipos de etanol de milho: um que é utilizado em veículos automotores e outro destinado à indústrias de cosméticos, produtos farmacêuticos, álcool gel e outros produtos. O protocolo de intenções foi assinado com o governo do Estado em junho do ano passado. Na ocasião, o diretor da VMG Bioenergia, Emerson de Oliveira, disse que a alta produção de milho na região motivou o novo negócio com etanol do grão, considerado promissor.

Desde 2016, a SJC Bioenergia, uma joint venture entre o Grupo USJ e a Cargill, produz etanol de cana e de milho na Usina São Francisco, em Quirinópolis. O Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (Pecege), da USP, concluiu que a produção de etanol nas unidades flex, que produzem com as duas matérias-primas tende a ser mais competitiva do que naquelas que só produzem com cana.

Usinas atraídas por cadeia de produção

O setor sucroalcooleiro estimou que a produção brasileira de etanol à base de milho ultrapassaria a marca de um bilhão de litros pela primeira vez em 2019. Mas o chefe geral da Embrapa Milho e Sorgo, Antonio Purcino, durante um debate no evento Ethanol Summit, em São Paulo, disse que o País tem potencial para produzir 15 bilhões de litros de etanol a partir do milho. Segundo o Sifaeg, Goiás produziu cerca de 5 bilhões de litros de etanol a partir da cana de açúcar e mais de 220 milhões derivados de milho na última safra.

Com tantos projetos industriais para produção do combustível do grão, tudo indica que as lavouras de milho serão cada vez mais disputadas, o que deve manter os preços em bons patamares ao produtor. E é justamente o grande potencial de produção da matéria-prima que tem ajudado a atrair tantos investimentos.

Goiás é o terceiro maior produtor de milho do País, atrás do Paraná e Mato Grosso. O analista técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG), Leonardo Machado, lembra que a safra 2019 somou 11,5 milhões de toneladas, contra 8,1 milhões de toneladas em 2018, um crescimento de 41%. Foram 1,67 milhão de hectares, contra 1,4 milhão na safra anterior. "O aumento da capacidade instalada das usinas foi responsável por uma parte deste incremento", destaca Leonardo.

Safrinha

A primeira safra de milho foi plantada em outubro e novembro. Porém, a maior safra de Goiás é a safrinha, que será plantada em fevereiro e março, já com perspectiva de aumento da área plantada. O analista informa que o mercado de milho hoje está muito aquecido, com a demanda interna e as exportações em crescimento.

Com o mercado aquecido, algumas usinas até já estariam pagando prêmio sobre o preço do milho para exportação. O preço da saca do grão aumentou 5% em 2019 sobre o valor médio praticado em 2018, fechando o ano em mais de R$ 35. Porém, o analista adverte que o desempenho da produção ainda depende das condições climáticas.

Os preços são reflexo direto do equilíbrio entre oferta e demanda e as indústrias já anunciaram que precisam ser competitivas com o etanol de milho, assim como acontece com o combustível da cana, o que depende do equilíbrio dos preços do grão no mercado.

Fonte: O popular

Imagem: Divulgação

Comunicação Sistema Faeg/Senar

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