Catherine Moraes
Os desafios do agronegócio foram tema de amplo debate na manhã desta quarta-feira (24) em Goiânia durante o II Fórum Agronegócios, realizado pela Amcham Goiânia com a parceria da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). O evento ocorreu no Hotel Mercure e contou com a presença de grandes personalidades do setor como: Antônio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional da Agricultura (SNA); Paulo Fachin, Ceo da Agrex; Mário Tenerelli, vice-presidente da Área de Cultivos da Dupont Brasil e Bartolomeu Braz, que é presidente da Aprosoja Goiás e vice-presidente institucional da Faeg.
Ao longo da manhã assuntos como segurança alimentar, logística, infraestrutura, profissionalização, capacitação e representatividade política permearam pelos discursos dos quatro palestrantes. O primeiro deles, Antônio Alvarenga começou falando sobre a urbanização de países como a China e a crescente demanda por alimentos que chega ao Brasil. “Em 1960, o Brasil importava comida e hoje exportamos para mais de 215 destinos. Além disso, precisamos observar que a renda da população aumenta e, com isso, as pessoas tendem a consumir mais alimentos e exigir mais qualidade”, completou.
Durante o discurso, Alvarenga falou ainda sobre o saldo positivo do país de R$ 83 bilhões considerando exportação e importação. Além disso, ele complementou falando sobre a importância de o Brasil produzir, por exemplo, duas safras anuais, diferente de outros países.
“O problema é que perdemos em logística. Em um comparativo simples, vemos que enquanto o transporte de cargas no país é feito 61,1% por caminhões, nos Estados Unidos este número cai para 1%. Lá, 55% da mercadoria é transportada por hidrovias e 43% por ferrovia. No Brasil temos 13,6% e 20,7%, respectivamente”, finalizou o presidente da SNA.
Mário Tenerelli, vice-presidente da Área de Cultivos da Dupont Brasil apresentou os três pilares do índice Global de Segurança Alimentar: acesso ao alimento, disponibilidade do alimento e qualidade para garantir a segurança alimentar. Ele aproveitou também a oportunidade para falar sobre índices de desperdício e a porcentagem que representa o consumo de alimentos na renda da família.
Representatividade política
Paulo Fachin, da Agrex criticou projetos do Governo Federal, que não saem do papel como as concessões das ferrovias e a Norte-Sul, que há 30 anos está em obras. “O Brasil tem uma falsa ideia de que todos envolvidos com a política têm algo de errado. Hoje estamos vendo entidades classistas apoiarem candidatos e acredito muito nesse caminho”, afirmou.
“O produtor que não discutir a política que o afeta fora da porteira, poderá se perder no caminho. Precisamos nos posicionar quanto ao governo federal, pois nós sabemos que temos diversos ministérios hoje ligados ao agronegócio, mas sem nenhuma independência, sem nenhum poder de decisão, e isso impacta diretamente nosso negócio. Precisamos discutir estas questões dentro da cadeia produtiva que somos, unidos, pois todos temos responsabilidades políticas. Nós precisamos de maior participação, criar um congresso forte, um senado forte, leis consolidadas e claras. É o nosso setor, nosso país, temos que lutar pelos nossos anseios”, finalizou Bartolomeu Braz.
Energia elétrica, logística e pragas
Bartolomeu Braz foi mais específico e falou sobre os problemas enfrentados em Goiás no quesito energia elétrica que impede a expansão de um potencial ainda a ser explorado, por exemplo. Temos problemas sérios demais como as pragas, estamos entendendo que é preciso respeitar os vazios sanitários, precisamos parar a produção em alguma época do ano sob o risco de perdermos tudo para pragas. Nós ainda temos muito a avançar.
O vice-presidente institucional da Faeg falou ainda sobre a pobreza no campo a ser enfrentada e que os pequenos produtores precisam alavancar a produção. Isso, segundo ele, depende fundamentalmente de profissionalização, capacitação e também de todos os fatores já enumerados pelos demais palestrantes. “Hoje, 80% dos produtores goianos vivem com renda negativa e apenas 20% dos produtores produzem 90% do total”.