Michelle Rabelo
Muito debatida nos últimos 20 dias, a questão dos gargalos estruturais da cadeia láctea em Goiás foi o carro chefe da 9ª edição do Sistema Faeg/Senar Interage, que aconteceu na última semana, na sede da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). O debate, realizado semanalmente e transmitido via webconferência, contou com a participação de produtores dos quatro cantos do estado que enviaram perguntas e puderam esclarecer dúvidas. A demora no pagamento e a falta de um documento que formalize a venda do leite foram pontos altos do evento.
Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que em 2014 Goiás se consolidou como 4º maior produtor de leite do Brasil, responsável por 10,5% da produção nacional, ficando atrás de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. À frente do debate da 9ª edição do Sistema Faeg/Senar Interage, o economista e chefe do Departamento Técnico da Faeg, Edson Novaes, fez questão de ratificar ainda a representatividade de dois municípios goianos que compõem a lista dos 5 maiores produtores de leite do país: Pirancajuba e Jataí.
Sobre a importância da atividade, Edson apresentou dados como o destaque do estado no mercado de exportação, o que ressalta ainda mais a atividade láctea goiano. “O leite é a única atividade presente nos 246 municípios goianos. A atividade gera hoje mais de 300 mil empregos diretos e indiretos, gerando mensalmente para Goiás mais de R$ 4 bilhões. Isso são recursos que movimentam toda a economia do estado”, disse.
Em contrapartida, Edson explicou que mesmo com o estado possuindo um complexo industrial avançado, processa somente a metade de sua capacidade, devido a problemas estruturais que seguem há anos. Ele também citou a retração do rebanho e da quantidade produzida de leite no estado. “Enquanto o Brasil teve um aumento de 0.48% no número de vacas ordenhas, que em 2014 chegou a mais de 23 milhões de cabeças, Goiás teve uma queda de 2.39%. Enquanto outras atividade conseguiram crescer, nós ficamos para trás. Estamos atrás da média nacional no quesito produtividade. E isso tudo aconteceu nos últimos 2 anos. Precisamos colocar os fatos na mesa, analisá-los, identificar onde estão os maiores gargalos e trabalhar para reverter essa situação”, disse.
Leite em pauta
No início do mês, a Faeg se reuniu com o objetivo de discutir os problemas que eles enfrentam sobre a comercialização de seus produtos, visto que os mesmos recebem cerca de 55 dias depois de entregarem o leite. Além da demora no pagamento, a atual situação das empresas que entraram com pedido de recuperação judicial também entrou na pauta de debates. Nesse caso, o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, reforçou que irá encaminhar ao Congresso Nacional uma proposta para alteração da Lei de Recuperação Judicial. “Queremos que haja mudança no status do produtor, de cliente quirografário para prioritário, no recebimento dos valores que tem direito”, afirmou.
Outro ponto abordado foi a falta de contrato, visto que ao entregarem o produto, os produtores não recebem sequer um documento fiscal formal das indústrias de laticínios. A Faeg entende que o ticket que recebem não dá garantias e segurança jurídica nenhuma, principalmente em situações em que indústrias entram em processo de recuperação judicial. Acompanhando todos os problemas, Edson Novaes apontou ainda a questão de perecividade do leite, “o que exige uma estrutura de armazenamento e de logística de alto nível”, disse, já emendando a questão da falta de organização da cadeia. “Nós temos avançado muito, mas ainda temos muito o que fazer”. Para assistir o debate na íntegra, acompanhe o vídeo:
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Análise de mercado
Para finalizar a manhã, assessores técnicos e consultores da Faeg e do Senar Goiás, apresentaram análises dos mercados da soja, do milho e do boi gordo. Para assistir as análises na íntegra, acompanhe o vídeo:
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