Michelle Rabelo
Para debater as potencialidades da cultura do girassol em Goiás, representantes da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) se reuniram com representantes do setor rural goiano. O encontro aconteceu na tarde desta terça-feira (7) e além de produtores, estiveram presentes representantes da Caramuru Alimentos, uma das principais empresas brasileiras que atuam neste segmento.
A reunião foi comandada pelo vice presidente institucional da Faeg, Bartolomeu Braz, e também participaram representando a entidade os consultores técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-GO), Cristiano Palavro e Pedro Arantes.
Atualmente, grande parte do girassol utilizado para a produção de óleo no Brasil é importado, principalmente do Paraguai e da Argentina. Frente a isso, os representantes da Caramuru afirmam que existe um grande mercado a ser explorado em Goiás, o que possibilita uma forte ampliação da área plantada nos solos goianos.
Goiás já chegou a ser o maior estado produtor de girassol no passado, mas atualmente a cultura é plantada em pequena escala, sendo cultivados em cerca de 8 mil hectares da cultura na última safra. A expectativa da Caramuru é de ampliação desta área, podendo chegar aos 15 mil hectares já em 2015. Hoje o estado do Mato Grosso é o principal produtor deste grão no país, com uma área total de 126 mil hectares, representando 85% da produção brasileira.
O girassol é plantado na segunda safra do Centro-Oeste brasileiro, entre os meses de fevereiro e março, podendo ser uma ótima alternativa para cultivo neste período. Além de contribuir para a rotação de culturas, o girassol apresenta um bom potencial de rentabilidade, principalmente em épocas de baixos preços do milho e do sorgo, principais produtos da safrinha goiana, fato observado nas últimas safras.
Vazio sanitário
Como o girassol é uma cultura plantada em sucessão a soja, uma das principais dificuldades enfrentadas pelos produtores é o controle de plantas tigueras de soja em meio aos cultivos. Como não existem herbicidas seletivos para a eliminação destas plantas de soja em meio ao girassol, o controle fica praticamente impossível.
Como a Instrução Normativa que define o vazio sanitário da soja em Goiás rege que este controle deve ser realizado em até 30 dias após a emergência das tigueras, os produtores de girassol ficam sujeitos a multas por parte da Agência de Defesa Agropecuária (Agrodefesa).
"Tivemos informações de clientes que foram autuados. Na prática, a folha do girassol mata a soja tiguera antes de 40 dias. Não existe no mundo um produto registrado para a folha larga e girassol é plantado sobre a soja, não tem outra forma. O ideial é mesmo podermos ter plantio até 30 de junho e respeitarmos o vazio da soja. Caso contrário, acabaremos com o investimento do Girassol que é uma ótima opção inclusive para o produtor de soja”, explicou Alexandre Barros, da Atlântica Sementes.
Em busca de uma solução para o problema e visando dar viabilidade à expansão da área plantada com girassol em Goiás, foi estudado um modelo de plano de manejo para implementação na próxima atualização na normativa do vazio sanitário, que deve ocorrer nas próximas semanas.
Para o vive presidente da Faeg, e presidente da Aprosoja Goiás, Bartolomeu Braz Pereira, é importante que se trabalhe um modelo viável para o girassol em Goiás. “Precisamos de produtos alternativos para o plantio em nossa safrinha, pois já temos um forte excedente de produção de milho, o que reduz a rentabilidade dos produtores rurais. O girassol, além de ser uma excelente alternativa para a rotação de culturas, também se mostra viável economicamente e merece maior atenção de todo o setor.”