Força de vontade. Esse é o primeiro passo para um produtor de leite ter uma boa gestão em sua propriedade. Essa opinião foi defendida pelo pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marne Moreira, durante a realização da terceira rodada do 4º Goiás Leite, realizado na última quarta-feira (07), no município de Santa Helena de Goiás. O pesquisador, que debateu sobre Gestão da Propriedade Leiteira, afirma que medidas simples são capazes de mudar o rumo dos negócios do produtor de leite. “O produtor necessita apenas de ações diárias básicas para ter uma boa administração e melhorar sua realidade na atividade.”
Marne acrescenta que, primeiramente, o pecuarista tem que gostar próprio negócio. “Se ele vive dessa atividade, de qualquer forma tem que fazer gestão. Fazer contas, ver quanto ele recebe e gasta com os animais”, diz. Entre as ações definidas pelo pesquisador, está o que ele chama de três pilares do leite, que são anotações básicas da data do parto, a pesagem mensal do alimento e anotar a data de secagem da vaca, que é quando ela para de produzir o leite. “Com esse movimento conseguimos mudar tudo. Porque o proprietário vai saber o intervalo do parto, quantos animais tem por hectare e como planejar a alimentação, dando assim a suplementação necessária para a vaca.”
Ele acredita que os produtores, muitas vezes, têm dificuldade em fazer essas anotações. “Precisamos descomplicar o processo, para estimular a cadeia.” Ele explica que se ainda assim o pecuarista não conseguir realizar esse processo, ele pode, por exemplo, pegar duas caixas. Em uma, vai colocar uma notinha simples com o que ele gastou no mês. Em outra, coloca o que receber. “Por aí, já da para saber quanto recebeu e quanto gastou. São questões simples, mas que fazem toda a diferença”, diz.
O presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner, ressaltou, durante a abertura do evento, a importância dos produtores na produção de um alimento de qualidade e de como o País tem reconhecido a profissão de produtor rural. “O produtor sabe produzir com eficiência e qualidade. Não há melhor relação de confiança no mundo que uma mãe comprar uma caixa de leite no supermercado, abrir a embalagem e oferecer o leite ao filho. E a consequência disto é saber que em uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a profissão de produtor rural é a quinta mais valorizada pela sociedade”, explicou o dirigente da Faeg.
Ele destacou ainda que o Brasil evoluiu de forma significativa nos últimos 30 anos. “Na década de 1970 nós éramos importadores de alimento. O setor agropecuário foi muito bem desenvolvido, e, hoje, somos exportadores. Mais de 40% do que é produzido no país é exportado”, acrescentou. José Mário lembrou ainda a importância da cadeia leiteira para o país e para Goiás. “Atualmente, 1,3 milhão dos empregos no Brasil vêm do leite. No nosso estado são mais de 200 mil pessoas empregadas de forma direta ou indireta pela cadeia leiteira”, fala.
Durante todo o dia de programação, os participantes contaram com a apresentação de dois painéis. O primeiro, no período da manhã, falou sobre a Sanidade Animal. O pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Antônio Cândido Cerqueira, debateu sobre o Controle da Brucelose e Tuberculose: Menos Prejuízo ao Produtor. Na parte da tarde, além do pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marne Moreira, o evento contou com a palestra do instrutor do Senar Goiás e técnico do Balde Cheio, Carlos Eduardo Freitas, que falou sobre o Programa Balde Cheio Como Ferramenta de Gestão do Produtor.
Com apenas 18 anos, Lucas Gabriel Bonifácio Silveira, do município de Acreúna, já sabe o caminho que deseja seguir. “Quero trabalhar na propriedade do meu pai como produtor de leite e ter o meu próprio negócio.” Ele é um dos alunos do Pronatec do Senar que estiveram presentes no evento. Lucas conta que seu pai sempre foi produtor de leite, mas o alimento produzido na fazenda era apenas para consumo próprio. Participando do Programa e acompanhando as palestras do 4º Goiás Leite, o jovem decidiu o seu futuro. “Fui criado na fazenda e sempre gostei muito dessa vida. Quero dar continuidade ao trabalho do meu pai. Mas, a diferença, é que quero produzir para fora”, fala.
Durante o ano passado, Lucas participou do curso de Bovinocultor de Leite do Pronatec. Pensando em agregar mais conhecimentos para a futura profissão, nesse ano, ele fez o curso de Inseminação Artificial. “Acho muito importante nos preparar para a atividade. Com esses dois cursos, já deu para ter uma boa noção do que me espera.” O próximo plano de Lucas é ingressar na faculdade. “Quero juntar um dinheiro e começar o meu curso de graduação. Não decidi qual, mas com certeza vai ser na área da pecuária. Talvez, pode ser até zootecnista”, diz.
O produtor Celmo Almeida de Faria, de Santa Helena de Goiás, também esteve presente no evento, e acompanhou, atentamente, a todas as palestras. Ele acredita que oportunidades como essas são de extrema importância para quem leva a atividade a sério. “Sou produtor de leite há oito anos. Ter a chance de acompanhar esses técnicos, que são altamente qualificados, é muito válida para mim. Aqui é o momento de aperfeiçoar nossos conhecimentos”, diz.
O 4º Goiás Leite ainda vai percorrer mais seis municípios. O próximo a receber o evento é Caiapônia, nesta quinta-feira (08). As inscrições podem ser feitas no Sindicato Rural dos municípios que receberão os eventos ou no site: www.sistemafaeg.com.br
Datas e locais dos próximos eventos:
Caiapônia – 08/08
Silvânia – 09/08
Itaberaí – 13/08
Cocalzinho de Goiás – 14/08
Ceres – 15/08
Ipameri – 16/08
Fotos: Mendel Cortizo
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