A MP dos fretes, como ficou conhecida, foi sancionada pelo presidente Temer e publicada nesta quinta-feira (9) no Diário Oficial. Temer vetou o perdão para as multas de trânsito e judiciais aplicadas durante a paralisação.
A greve dos caminhoneiros começou no fim de maio, durou 11 dias e gerou desabastecimento de alimentos e combustíveis pelo país, o que causou a disparada nos preços. A inflação de junho foi 1,26%, a maior taxa para o mês desde 1995.
O preço mínimo para transporte de cargas vem causando muitas reações no setor privado. As empresas dizem que o frete vai aumentar e buscam alternativas. A indústria de alimentos JBS, por exemplo, confirmou que comprou 360 caminhões para aumentar sua frota própria e, também, reduzir os impactos de aumento nos custos.
Impacto também na Fazenda. Esperando pela definição de preço, metade da venda antecipada de grãos está parada. A Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás diz que o tabelamento viola a lei da oferta e da demanda, e que vai deixar produtos como soja, milho, feijão até 30% mais caros.
“Porque a logística brasileira, ela chega a custar 30% até 40% para que esse produto chegue até o consumidor ou aos mercados internacionais, que são os nossos portos. E com essa tabela, isso pode acarretar, dependendo da região, de 10 % a 30% a mais. O consumidor vai pagar mais. Hoje, o preço da soja está mais baixo do que estava há quatro meses atrás, e o preço do óleo de comida no supermercado está mais caro. O preço do feijão, ele continua o mesmo preço na fazenda e no supermercado ele está bem acima”, diz o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, Bartolomeu Braz Pereira.
A Cargill, uma das maiores produtoras de alimentos do mundo, declarou que o preço mínimo do frete incentiva a ineficiência dos transportes, e que traz enormes impactos financeiros para a população que mais necessita de alimentos.
Em entrevista ao Jornal da Globo, o diretor da Cargill Paulo Sousa falou que a empresa estudava criar frota própria em algumas rotas. “É impossível mudar toda a nossa frota para frota própria. Nem nunca vamos buscar isso. Agora, o que faz sentido é que as melhores rotas, aquelas que são de maior interesse para o transportador, você consegue girar mais, gerar mais retorno, gerar mais faturamento com um custo menor, eu pego para mim. Porque não faz sentido você dar de presente uma margem de operação dessa para o seu prestador de serviço”, explica.
A Confederação Nacional do Transportadores Autônomos - que representa parte dos caminhoneiros - afirmou que a categoria comemora a conquista do piso mínimo do frete que alcançou graças à união e força dos profissionais autônomos.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres afirmou que está promovendo uma série de consultas aos setores envolvidos para atualizar a tabela que está em vigor.
Fonte: Jornal Nacional
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