Implementadas para evitar a disseminação do novo coronavírus, as novas regras para realização de leilões e feiras de animais em Goiás, fixadas pela Portaria nº 281/2020, expedida pela Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), entraram em vigência no dia 29 de abril. Os protocolos de saúde para evitar aglomerações provocaram a migração dos leilões para plataformas on-line e canais digitais. Com isso, a modalidade tem alcançado resultados expressivos e deve permanecer após a crise.
Menos festivos que os leilões presenciais, os leilões virtuais reduzem o deslocamento dos animais e permitem, por meio da tecnologia, a otimização dos processos de compra e venda de gado. O gestor do leilão e ex-presidente do Sindicato Rural de Mara Rosa, Almir de Paula Marques, afirma que a nova modalidade de negócios aumentou as vendas em cerca de 10%, além de beneficiar diretamente os compradores que agora têm a possibilidade de se organizarem e participar mesmo quando estão viajando.
Almir explica que a transmissão está sendo pelo canal do leiloeiro Genilson Rocha, no YouTube e, para que os arremates sejam feitos on-line, o Sindicato investiu em tecnologia, internet e contratação de equipe de apoio para atender aos clientes virtuais. "Entre junho e julho, o Sindicato realizou três leilões virtuais e vendeu cerca de cinco mil cabeças. Essa média supera bastante o leilão presencial", conta. Almir acredita que, no futuro, tudo funcionará apenas no virtual.
O presidente do Sindicato Rural de Porangatu, o médico Carlos Garcia, diz que antes da pandemia da Covid-19, os leilões eram realizados presencialmente com transmissão ao vivo pelo Canal do Boi, uma emissora de televisão especializada em leilões. A equipe vinha de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, para fazer a transmissão para o canal. Diante das restrições impostas pela Agrodefesa e para não onerar o caixa, a diretoria do Sindicato decidiu buscar soluções e criar sua própria plataforma de transmissão nos canais do Sindicato Rural no YouTube e no Facebook, convidando os seguidores oficiais da instituição a participarem.
"Criamos duas vertentes no leilão: gado presencial e o gado virtual, ambos oferecendo o mesmo rebanho. Demos ao produtor a possibilidade de levar uma equipe profissional para filmar o gado na fazenda para ser exibido no leilão evitando que ele, enquanto vendedor, desloque os animais e gaste com o frete da ida até o sindicato", explica Carlos Garcia. Paralelamente, a estrutura física do Tattersal foi remodelada para oferecer apenas 50 lugares por leilão presencial. Usando máscaras e sem poder dispor de buffet ou bebidas, o comprador também pode frequentar o leilão presencial de sua preferência.
Porangatu também investiu maciçamente em tecnologia com aquisição de novos equipamentos e internet de qualidade para levar as transmissões para seu canal, aponta Carlos. Sobre os resultados, ele afirma que desde abril, quando foi realizado o primeiro Leilão Virtual de 2020, produtores de diversas cidades vizinhas a Porangatu tem adquirido gado da mais alta qualidade e padrão genético sem sair de suas casas ou fazendas. "Com a possibilidade de adquirir os lotes pretendidos do conforto de casa, o número de compradores subiu", afirma o presidente do Sindicato.
Carlos Garcia conta que os pecuaristas estão satisfeitos com a nova modalidade de negócios. "Com mais pessoas olhando o gado, aumentaram a quantidade de lances por lote. E a competitividade elevou os valores pagos." Ele afirma ainda que, em casa, o participante fica mais concentrado, acessa os dados disponíveis sobre o rebanho pela tela e decide. "Já nos leilões presenciais, temos a conversa paralela, o amigo e as inúmeras distrações", reflete.
No leilão virtual, os produtores fazem seus lances por meio de plataformas digitais, seja pelos comentários do vídeo ao vivo ou pelo Whatsapp de um dos vendedores/pisteiros. Como o volume de lances subiu, os leilões passaram a ter uma duração maior. Carlos explica que as transmissões superam duas horas de duração. Nos bastidores de cada leilão, o Sindicato conta com uma equipe atenta, que trabalha de olho nos lances presenciais e na oferta virtual. Os arremates são bastante disputados.
"Antes a liquidez oscilava entre 65% e 70% e, com os dois formatos, o Sindicato aumentou para 95%. Acreditamos que as vendas subiram 40%. Com a comodidade de não precisar deslocar o gado, aumentou expressivamente a quantidade de animais oferecidos por leilão", avalia Carlos.
O município de Porangatu é conhecido como a capital do bezerro de qualidade, segundo o presidente a fama tem despertado a curiosidade dos pecuaristas e compradores dos municípios vizinhos. Com os leilões virtuais, o Sindicato já alcançou três mil participantes disputando os arremates. Com tantos participantes, agora o leilão também é usado como ferramenta de divulgação para as outras ações promovidas pelo Sindicato, finaliza Carlos.
Os leilões são relevantes instrumentos para comercialização de bovinos no Estado de Goiás. A flexibilização para realização destes eventos tem beneficiado pecuaristas, produtores e dezenas de profissionais que trabalham nos bastidores dos leilões presenciais e virtuais. Para este grupo, os leilões virtuais agora já fazem parte da tradição de bons negócios na pecuária.
Regras da Agrodefesa para Leilões Presenciais:
• Os leilões presenciais podem ser realizados com presença de até 50 pessoas, intercalando até três certames por localidade (em ambientes diferentes) ao longo da semana, além da empresa leiloeira também ter CNPJ diferente. Cada empresa poderá realizar apenas um leilão semanal. No caso de haver mais empresas no município, haverá alternância entre elas na realização dos eventos, cuja ordem deverá ser previamente ajustada pelas empresas e enviada à Agrodefesa.
• Obrigatório contar com a presença de policiais militares no evento.
• No local dos leilões não pode ser comercializada nem consumida bebida alcoólica, assim como fica proibido também o preparo de refeições no recinto, ficando permitido apenas o fornecimento de refeições prontas às pessoas envolvidas na organização do evento.
• A distância entre as mesas deve ser de no mínimo três metros umas das outras e cada mesa deverá ser ocupada por apenas uma pessoa, usando máscara;
• O quantitativo de 50 pessoas no máximo precisa levar em conta o espaço físico do local do leilão, exigindo-se a distância de 12 metros quadrados por pessoa, considerando todos os presentes, inclusive compradores, vendedores e funcionários da empresa.
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