Banhado por importantes bacias hidrográficas (Tocantins, Araguaia, São Francisco e Paranaíba) e com topografia e climas que contribuem para o alto potencial de produção de peixes, a aquicultura em Goiás foi tema de debate nesta segunda-feira (11), durante o 3° Dia de Mercado da Aquicultura, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O evento teve como objetivo levar informações técnicas e gerenciais aos piscicultores, a fim de que possam otimizar as margens de sua atividade.
Para o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, a cadeia de aquicultura em Goiás vem sendo estruturada e questões pontuais estão sendo discutidas em busca de melhorar a situação atual do produtor, como no caso da redução do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços (ICMS) para a saída do peixe de Goiás de 12% para 7%, além de desenvolver um diagnóstico sobre o setor. “Dessa forma nossa ideia é preparar, capacitar e assistir melhor nosso piscicultor para que ele se torne cada vez mais competitivo e o estado possa sair do 6º lugar no ranking nacional para ocupar a ponta na produção aquícola com qualidade e atendendo todas as normas sanitárias, ambientais e sociais necessárias”, disse.
Segundo o presidente da Comissão Nacional de Aquicultura da CNA, Eduardo Ono, a aquicultura, principalmente a piscicultura, vem ganhando espaço no panorama mundial nas últimas décadas. “Daí a importância de trazer importantes informações aos produtores e capacitá-los quanto a produção e a sanidade, que vem sendo bastante discutida em todas as cadeias do setor produtivo brasileiro”, informou Ono.
Aquicultura no Brasil
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) – que vem incentivando o aumento no consumo de peixe –, apontam o Brasil com importante papel, em especial por sua disponibilidade hídrica, clima favorável e ocorrência natural de espécies aquáticas que compatibilizam interesse zootécnico e mercadológico. “Mas o consumo no país ainda é muito abaixo do consumo mundial e do apontado pela OMS”, afirmou o biólogo e doutor em Ciência Animal, Rafael Barone, em palestra durante o 3° Dia de Mercado da Aquicultura.
Segundo Barone, o brasileiro consome em média 10 kg/hab/ano enquanto o mundo consome 18 kg/hab/ano e o recomendado é pelo menos 12kg/hab/ano. Goiás ainda está mais abaixo nesse consumo, com 5 kg/hab/ano. “Esse consumo interno mostra o grande potencial de crescimento do setor, desde que organizado e com ações coordenadas para estruturação da cadeia como um todo”, reforça Barone. O Brasil representou apenas 0,88% da produção mundial indicando mais uma vez o potencial de crescimento que o país apresenta.
Produção em Goiás
De acordo com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), Goiás produziu em 2016 cerca de 35 mil toneladas de peixe, ocupando o 6º lugar de produção no ranking nacional. De toda a produção goiana, cerca de 60% é oriunda da agricultura familiar, que garante a produção interna de Goiás. Os maiores produtores são os municípios de Gouvelândia, Niquelândia, Inaciolândia e Inhumas, segundo dados de 2016 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Texto: Nayara Pereira
Fotos: Larissa Melo