Nayara Pereira
Com o objetivo de habilitar, reeducar e reabilitar crianças e adolescentes com deficiência física e mental, a cidade de Morrinhos, localizada a 131 quilômetros de Goiânia, ganhou no último sábado (17), a Associação de Equoterapia da cidade. O evento, que contou com a participação do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, teve um gostinho especial de comemoração para Veronica Mendes, de 18 anos. A jovem, que ao nascer teve uma paralisia cerebral, é uma das alunas da associação e já colhe os frutos do tratamento.
Durante o dia, Schreiner, que também é presidente do Conselho Administrativo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), fez questão de destacar a importância das associações na luta por melhores condições aos deficientes físicos e metais. Além disso, ele pontuou que o objetivo é transformar o Programa Equoterapia em uma utilidade pública estadual. “Precisamos ampliar esse projeto tão importante para a sociedade. Se conseguirmos transforma-lo em utilidade pública, ou seja, mais pessoas e cidades estarão envolvidas”, pontuou.
O Programa de Equoterapia desenvolvido pelo Senar Goiás está presente em 33 municípios do estado e atende cerca de 400 praticantes. Por meio de atividades educativas e exercícios motores, a prática busca promover a inclusão e reabilitação da pessoa com deficiência. Em 2014, o programa foi inserido na cartilha de cursos do Senar Nacional e, desde então, serve de modelo para outros estados brasileiros.
Em Morrinhos, a associação nasceu por meio da parceria com Sindicato Rural (SR), Faeg Senar Goiás. A meta é atender cerca de 50 pacientes, por meio do método terapêutico utilizando cavalos. Na ocasião, o presidente do Sindicato, Vinícius Romano Cândido, que também presidirá a associação, destacou o empenho da comunidade e da moradora, Sílvia Carla Pereira, em levantar fundos para a criação da associação em Morrinhos. “Tudo começou por meio da Silvia. Como ela ia semanalmente a Piracanjuba levar seu filho para fazer tratamento em equoterapia, soube que poderia solicitar a parceria com o Sindicato e implantar na cidade o programa”. A partir daí os esforços foram mútuos de toda comunidade em implantar o programa na cidade.
Segundo Vinícius, no começo as dificuldades foram grandes, mas com o empenho de todos os evolvidos o projeto ganhou forma e espaço na cidade. “Conseguimos implantar a associação sem a ajuda do poder público de Morrinhos, mas com o auxílio da população conseguimos chegar até aqui. Por isso, nosso objetivo principal é socializar crianças, adolescentes e idosos por meio da equoterapia. Nossa estimativa é interagir, desenvolvendo autoconfiança e autoestima do praticante, além da inclusão social e do fortalecimento dos vínculos familiares”.
De acordo com Schreiner, cerca de 45 centros de equoterapia estão espalhados pelas cidades goianas. “Mesmo com pouco tempo de programa, temos uma boa receptividade por parte da sociedade. Mas, precisamos ir além e incluir mais cidades e pessoas nessa ação, inclusive o poder público, através de recursos. Assim contribuiremos efetivamente para a redução de intensidade do problema de inclusão social”.
Passo a passo a favor da reabilitação
A jovem Veronica Mendes, de 18 anos, é uma das alunas da associação de equoterapia. Com um ano e meio participando de aulas através do método utilizando o cavalo, Veronica obteve um resultado de 50% em seu tratamento. “Por meio das aulas, a Veronica conseguiu dois resultados positivos. Um deles foi a postura, que melhorou consideravelmente, outro fator, foi a abertura das pernas”, explicou Lila Divina Mendes, mãe da jovem.
Apaixonada por cavalo, a jovem que ao nascer teve uma paralisia cerebral, vê no animal uma chance de mudar sua rotina e comportamento através da sensibilidade dos movimentos. “Sempre permitimos que ela esteja próxima dos animais e isso, fez com que ela mudasse um pouco na questão da postura corporal. Para ela, estar com o animal é motivo de muita alegria”, ressaltou Lila.
Realidade em Goiás
Mais de 400 pessoas são atendidas pelo programa que está presente em 45 municípios de Goiás. Na maioria dos casos, os serviços são mantidos pelas parcerias entre Sindicatos Rurais, prefeituras, Senar Goiás e demais entidades de cada cidade. Os atendimentos oferecidos são gratuitos e tem como objetivo o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com necessidades especiais ou que tenham sofrido traumas como o Acidente Vascular Cerebral (AVC).
De acordo com fisioterapeutas, o movimento que o cavalo faz enquanto cavalga auxilia com que o cérebro do paciente tenha a mesma sensação do movimento da coluna vertebral. Os estímulos podem, inclusive, fazer com que portadores de paralisia infantil voltem a caminhar.