Oferecido gratuitamente pela instituição, acompanhamento possibilitou rentabilidade de 64,14% com soja a uma família de Silvânia
Há cerca de três anos, dois de três irmãos que tinham suas vidas constituídas na cidade resolveram resgatar o legado que o pai deixou na produção de grãos. Ronildo Naves iniciou esse plantio no setor rural há mais de 30 anos, atuando como comprador e vendedor de soja em Itumbiara. Movido pelo potencial de outras regiões, ele visitou uma propriedade em Silvânia e lá decidiu montar um armazém de grãos. Não demorou para que passasse do armazenamento à produção: feijão, arroz e soja também passaram a compor a lavoura. Depois, a fazenda foi arrendada. Ele foi para a política, elegendo-se deputado estadual, enquanto os filhos se formaram em outras áreas não ligadas ao agro.
Dione Naves, formado na área de logística, morou nos Estados Unidos. Aline Naves era dentista, mas ambos resolveram, literalmente, buscar um novo campo de atuação. Ele cuidando das lavouras e ela da administração. A produção conta com a participação dos maridos de Aline e da outra irmã, Emília Naves: Edivaldo Júnior e Edival Ribeiro Júnior. “Meu pai sempre foi um homem do agro, enxergava um potencial grande a ser desenvolvido e estava sempre à frente, e nós, de certo modo, estamos em busca de retomar essas oportunidades”, recorda Dione Naves.
A família então assumiu a Fazenda Sonho Meu – Grupo AgroNaves, localizada a 12 quilômetros de Silvânia. A área total tem 220 hectares, dos quais 182 hectares são produtivos, divididos em 100 hectares irrigados por dois pivôs centrais de 50 hectares cada e 82 hectares em sequeiro (talhões de 52 hectares e 30 hectares). As culturas são diversificadas: soja na safra principal, e na safrinha, milho grão, sorgo granífero, milho verde (para espiga) com posterior silagem da planta inteira.
A Fazenda Sonho Meu representa uma produção moderna e familiar, com forte apoio técnico do Senar Goiás. Alyson Augusto é o responsável pelo acompanhamento da ATeG (Assistência Técnica e Gerencial) na propriedade. Ele esteve na primeira visita técnica em outubro de 2023, quando se iniciou o diagnóstico individualizado para fundamentar um plano de manejo eficaz: análises de solo, histórico da propriedade, definição de insumos, logística e cultivo, tudo estruturado com base na metodologia do Senar + Grãos.
“A cada decisão tomada, desde o solo à semeadura e armazenamento, a construção conjunta com a família faz toda a diferença. Eles se dedicam plenamente à atividade agrícola, mesmo sem formação agronômica. Por isso, o suporte técnico e a gestão são essenciais.”
No aspecto econômico, a rentabilidade atingiu 64,14%, o que demonstra uma margem de lucro acima de 6%, superando todos os custos. “A família se prepara agora para o próximo passo: construir um confinamento de bovinos de corte com capacidade para 100 animais, com o intuito de tornar a propriedade autossustentável, produzindo grãos para comercialização, milho verde e silagem para alimentação, e utilizando os dejetos como adubo orgânico”, detalha o técnico de campo.
Resultados expressivos
Graças ao planejamento robusto e à aplicação da assistência técnica, os resultados foram surpreendentes:
-Safra verão 2024/25 – soja: produtividade de 80,769 sc/ha em 182 ha.
-Safrinha 2025:
-Sorgo granífero: 134,5 sc/ha (82 ha);
-Milho grão: 140 sc/ha (52 ha);
-Milho verde (espiga): 12 ton/ha (50 ha);
-Silagem de milho: 17 ton/ha (50 ha).
Importância do planejamento para a safra 2025/26 com a ATeG do Senar Goiás
O pré-plantio da soja envolve etapas fundamentais que integram aspectos agronômicos, climáticos e logísticos. A análise e a correção do solo criam condições adequadas ao desenvolvimento radicular e à absorção de nutrientes. A rotação de culturas e o uso de plantas de cobertura ajudam a melhorar a estrutura do solo, reduzir pragas, doenças e plantas daninhas.
“Outro ponto crucial é o manejo antecipado de invasoras, evitando perdas de estande logo no início do ciclo. A escolha de cultivares adaptadas à região maximiza o potencial produtivo. Além disso, um plano de adubação baseado em análises laboratoriais garante equilíbrio nutricional, enquanto a manutenção de máquinas previne falhas no momento crítico da semeadura”, pontua o técnico de campo, Alyson Augusto.
Dione Naves destaca que o acompanhamento próximo ao produtor durante todo o ciclo é o diferencial. “A agricultura é uma atividade constante, que exige decisões diárias. Por isso, cada escolha deve ser respaldada por planejamento. A definição correta da janela de plantio, somada à logística para disponibilizar insumos no prazo, assegura eficiência e maior rendimento final”, afirma.
De acordo com o técnico da ATeG, quando o planejamento é seguido, os resultados aparecem. “Em resumo, o planejamento nos dá segurança ao produtor. Ao mesmo tempo em que as decisões são tomadas, já trabalhamos com foco em cada safra, inclusive nas safras seguintes, que necessitam de práticas focadas em causas e efeitos. Esse é um dos diferenciais do serviço de assistência do Senar Goiás.”
Os interessados em ter a assistência técnica e gerencial do Senar Goiás na área de grãos devem procurar um Sindicato Rural.
Goiás ocupa hoje a posição de 3º maior produtor nacional de grãos e de soja, com safra de 20,4 milhões de toneladas, alta de aproximadamente 21,4% em relação ao ciclo anterior. Segundo dados do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), a soja responde, no estado, por cerca de 4,9 milhões de hectares, com produtividade média alavancada de 58 sacas/hectare para 69 sacas/hectare, reflexo da adoção de tecnologia, logística e gestão. A maior parte da produção é exportada: 63%. Os maiores compradores são a China, com 73% das compras, e a União Europeia, com 7%.
Gerente técnico do Ifag, Leonardo Machado explica que apesar da taxação imposta sobre a soja vendida para os Estados Unidos, a possibilidade de expansão da exportação para a China pode ser um ponto que supra esse prejuízo. “Os EUA são o grande concorrente brasileiro no mercado mundial da soja, disputando, principalmente, a preferência da China, o maior comprador internacional. Assim, com a guerra comercial empreendida pelos americanos, não só com o Brasil, mas com a China também, estreitam-se as relações sino-americanas, fortalecendo as relações entre China e Brasil. Sendo assim, apesar da taxação americana, os produtos brasileiros têm muito pouco na dinâmica comercial do mercado do soja nos próximos dias, quando comparada a questão com a China, a situação muda em favor do Brasil”, analisa.
Apesar disso, no que se refere ao planejamento da safra 2025/26, a orientação é que o produtor se planeje com bastante precaução. “É preciso pensar que temos custos maiores e preços, possivelmente, menores, mitigando a margem das lavouras. Soma-se a isso o cenário de maior risco financeiro do setor, devido às questões de maior retração do crédito, sendo assim, a cautela é a palavra da safra 2025/26”, orienta.
Foi justamente assim que a família Naves se planejou. “Nós trocamos apenas um dos nossos pivôs e vamos nos organizar para trocar o outro mais para frente. Trocamos nosso trator, que era ano 86, por um 2002, e os sistemas de GPS. E fizemos uma boa negociação com uma empresa de insumos. Foram investimentos que considerem benéficos, sendo somente o que precisávamos para avançarmos, mas sem extrapolarmos o que estávamos construindo com os pés firmes nas lavouras”.
Em Goiás, o vazio sanitário da soja para a safra 2025/26 foi oficialmente determinado pelo Ministério da Agricultura (Mapa) de 27 de junho a 24 de setembro de 2025. Durante o período, fica proibido o cultivo ou a manutenção de plantas vivas de soja em qualquer estágio, incluindo as chamadas “tigueras”, como estratégia crucial para reduzir o inóculo da ferrugem asiática.
Os produtores podem começar o plantio da soja a partir de 25 de setembro de 2025, estendendo-se até 02 de janeiro de 2026. Essa janela fitossanitária é fundamental para manter a sanidade das lavouras, evitar a incidência da doença e assegurar uma safra mais produtiva e competitiva no cenário nacional e internacional.
Comunicação Sistema Faeg/Senar/Ifag
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